Trump diz que vai tarifar quem compra petróleo venezuelano – 24/03/2025 – Mercado


Donald Trump afirmou que os Estados Unidos implementariam uma tarifa de 25% sobre todas as importações de qualquer país que compre petróleo da Venezuela. A medida pode agitar os mercados de petróleo e aumentar significativamente as taxas sobre produtos da China e Índia.

Em postagem no Truth Social, Trump disse que implementará a tarifa por “numerosas razões”, alegando que “a Venezuela enviou aos EUA propositalmente, e de forma enganosa e secreta, dezenas de milhares de criminosos de alto nível e outros, muitos dos quais são assassinos e pessoas de natureza muito violenta”.

O presidente referiu-se à medida como uma “tarifa secundária” e disse que entraria em vigor a partir de 2 de abril. A data vem sendo chamada por ele de “dia da libertação”, quando tarifas recíprocas sobre outros países também devem ser anunciadas.

A Venezuela exportou 660 mil barris por dia (bpd) de petróleo bruto globalmente no ano passado, de acordo com a consultoria Kpler. A China, que já foi atingida com tarifas de 20% por Trump este ano, está entre os principais compradores, juntamente com Índia, Espanha e Itália.

Os próprios EUA importaram cerca de 230 mil bpd da Venezuela em 2024, tornando a nação sul-americana seu quarto maior fornecedor no ano passado.

A possível escalada da guerra comercial ocorre poucos dias após Caracas concordar em começar a receber aviões carregados de migrantes deportados dos EUA, em uma concessão ao presidente americano.

A medida ameaça agitar o mercado de petróleo, algo que a Casa Branca até agora tem se esforçado para evitar, na tentativa de impedir que a interrupção do fornecimento aumente os preços da gasolina. O Brent subiu 1,3% após o anúncio.

“Se virmos a oferta venezuelana saindo do mercado, isso significa menos oferta global, o que significa que os preços do petróleo sobem. Isso é repassado para os preços nas bombas, o que é o oposto dos objetivos do presidente Trump”, observa Matt Smith, analista principal de petróleo da Kpler.

Analistas avaliam que os países provavelmente cortariam as importações em vez de arriscar as tarifas.

“Nunca vimos [antes] tarifas secundárias, mas uma interpretação literal da declaração de Trump no Truth Social sugere que isso poderia levar a uma interrupção significativa nas exportações venezuelanas”, diz Fernando Ferreira, diretor de risco geopolítico da consultoria Rapidan Energy.

“Na ausência de esclarecimentos da administração sobre possíveis isenções, suspeito que a maioria dos países se auto-sancionará para evitar tarifas generalizadas sobre todas as exportações para os EUA”, acrescenta.

No início deste mês, o Tesouro dos EUA cancelou a licença da Chevron para operar na Venezuela, ordenando que o grupo petrolífero californiano encerrasse suas operações em 30 dias.

Na segunda-feira, o Tesouro estendeu o prazo para a Chevron encerrar sua produção de petróleo no país até 27 de maio.

A licença da Chevron permitiu que a exportação de cerca de 200 mil bpd no ano passado, o que a oposição democrática da Venezuela disse ter contribuído para o financiamento da repressão pelo governo do ditador Nicolás Maduro. A Chevron se recusou a comentar o anúncio de tarifas desta segunda-feira (24).

Como parte do acordo da Venezuela para retomar a aceitação de deportados dos EUA, um voo com 199 pessoas pousou perto de Caracas no domingo.

Nas últimas semanas, Trump pressionou a deportação de centenas de supostos membros da gangue venezuelana Tren de Aragua, que os EUA designaram como uma organização terrorista.

Na postagem no Truth Social desta segunda, o presidente fez referência à gangue e disse que a Venezuela tem sido “muito hostil aos EUA e às Liberdades que defendemos”.

No início deste mês, os EUA deportaram alguns supostos membros da gangue para El Salvador. O presidente Nayib Bukele concordou em mantê-los nas “muito boas prisões do país a um preço justo que também economizará dólares dos nossos contribuintes”.

Nesta segunda, o Departamento de Justiça disse que deportaria três supostos membros do Tren de Aragua para o Chile. O governo Maduro, que frequentemente usou o êxodo de seus cidadãos como alavanca em negociações com Washington, disse que os migrantes foram “sequestrados” e enviados para El Salvador.



Source link

Adicionar aos favoritos o Link permanente.