Inovação urbana: Smart City Expo Curitiba 2025 abre com reflexão sobre como desenvolver “cidades felizes”

Evento na Ligga Arena começou nesta terça (25) com discursos enfáticos sobre o protagonismo das cidades no enfrentamento dos desafios globais. Edição brasileira se consolida como a segunda maior do mundo. / Foto: agência SC Inova


[CURITIBA, 25.03.2025]
Redação SC Inova, [email protected]

Três dias de debates sobre inovação urbana, a transformação das cidades, o papel do poder público e as novas tecnologias construtivas e de mobilidade. O Smart City Expo Curitiba 2025 começou nesta terça, 25.03, em um novo espaço, a inovadora arena do Athletico-PR, que vai receber cerca de 20 mil pessoas para o congresso de cidades inteligentes e nove eventos paralelos, além de uma feira de negócios. 

Com a presença de autoridades locais, estaduais e nacionais, o evento consolidou sua posição como um dos maiores fóruns de cidades inteligentes do mundo — “o segundo mais importante depois de Barcelona”, como destacou o CEO do iCities, Beto Marcelino, organizador do evento. “A tripla hélice — governo, empresas e universidades — está aqui reunida e é fundamental para o desenvolvimento de cidades inteligentes”, resumiu, 

Ricard Zapatero, vice-presidente da FIRA Barcelona, responsável pelos eventos globais do tema, ressaltou a atuação de Curitiba entre as líderes globais em urbanismo inteligente, ao lado de metrópoles como Nova York, Xangai, Santiago, Riyadh e Kuala Lumpur. “Somos como clubes da Libertadores ou da Champions League das cidades, desenvolvendo soluções para melhorar a vida urbana.”

O secretário de Inovação do Paraná, Alex Canziani, anunciou que a pasta será transformada em Secretaria de Inteligência Artificial, seguindo os passos de Curitiba, que já possui uma secretaria com esse foco. Ele também destacou a licitação recente de um espaço no Canal da Música para o desenvolvimento de govtechs e o investimento de R$ 15 milhões para fomentar soluções voltadas a governos em todas as esferas.

O evento também contará com o Fórum Econômico de Curitiba — chamado por alguns de “mini Davos brasileiro” — e o lançamento do projeto de revitalização do centro da capital paranaense, que contará com a participação de 40 arquitetos e engenheiros no redesenho urbano.

“Recebemos Curitiba bem organizada e fiscalmente equilibrada, e vamos avançar ainda mais. O transporte coletivo é o maior desafio das cidades, e precisa ser tratado nacionalmente”, defendeu, citando os projetos Ligeirão Leste-Oeste e Inter 2, que reduzem o tempo de deslocamento em até 15 minutos — “isso também é felicidade”, completou o prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel, na abertura,

A CIDADE FELIZ COMEÇA NO DESENHO URBANO

A abertura oficial do congresso teve como destaque a palestra de Charles Montgomery, urbanista e autor do best-seller Happy City: Transforming Our Lives Through Urban Design. Em uma fala instigante e baseada em uma década de estudos em cidades de todo o mundo, Montgomery defendeu que “o design urbano pode — e deve — ser uma ferramenta para aumentar a felicidade das pessoas”.

“A ciência já mostrou: conexões sociais confiáveis liberam oxitocina, um hormônio associado ao bem-estar. Pessoas felizes vivem, em média, 15 anos a mais”, explicou. “Mas estamos vivendo uma crise de conexão. O isolamento social hoje mata mais que diabetes. E isso tem tudo a ver com como as cidades são desenhadas.”

Entre os exemplos práticos, Montgomery citou dados de que bordas de ruas ativas (com calçadas largas, fachadas vivas, áreas verdes e interação com o entorno) aumentam em até cinco vezes a disposição das pessoas para ajudar um desconhecido. “O ambiente molda o comportamento. Design salva vidas”, afirmou.

Cidades como Paris e Madrid foram citadas como casos bem-sucedidos: ao restringirem o tráfego de carros em áreas centrais, aumentaram as vendas no varejo e criaram espaços mais seguros e agradáveis para pedestres. Ele também trouxe à tona o exemplo da Culdesac, nos Estados Unidos — a primeira comunidade construída desde o início para não depender de carros particulares. “Lá, as crianças brincam nas ruas, os adultos caminham ou pedalam. É uma revolução no estilo de vida urbano.”

Montgomery destacou ainda iniciativas de inclusão urbana em cidades como Viena, que projetou parques com foco em mulheres e meninas, e Vancouver, que adotou construções modulares para abrigar pessoas em situação de rua. “Caminhabilidade gera mobilidade econômica, equaliza oportunidades e constrói uma cidade mais justa”, reforçou.

Encerrando sua apresentação, o urbanista deixou uma provocação: “a verdadeira transformação urbana começa com a mudança em nós mesmos. Cidades felizes são feitas por pessoas felizes.”

The post Inovação urbana: Smart City Expo Curitiba 2025 abre com reflexão sobre como desenvolver “cidades felizes” appeared first on SC Inova.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.