No Japão, Lula faz críticas indiretas a Trump e defende multilateralismo


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez críticas indiretas às políticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao defender o multilateralismo e criticar o protecionismo econômico em um discurso em Tóquio, no Japão.

As declarações aconteceram durante o discurso do presidente no Fórum Empresarial Brasil – Japão, realizado na capital japonesa.

Sem mencionar Trump ou os Estados Unidos diretamente, Lula citou “três problemas com que todos os líderes mundiais deveriam se preocupar”.

Segundo o petista, a “negação política” de países que não reconhecem a instabilidade climática e não atendem protocolos climáticos como o de Kyoto não trará nenhum benefício para a humanidade.

“A democracia corre risco no planeta, com eleição de extrema-direita negacionista, que não reconhece sequer vacina, instabilidade climática, partidos políticos e sindicatos. A negação da política não trará nenhum benefício para a humanidade”

Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

Outra pauta levantada pelo presidente, logo ao fim do discurso, foi o livre comércio entre os países. Para Lula, os países não podem voltar a adotar medidas protecionistas.

“Nós não podemos voltar a defender o protecionismo, não queremos uma segunda Guerra Fria, queremos comércio livre, para que os países se estabeleçam no movimento da democracia, no crescimento econômico e na distribuição de riquezas”

Em complemento à fala sobre o protecionismo, o presidente destacou a importância do multilateralismo e a relação entre os países, tanto para a economia, tecnologia e cultura.

As críticas indiretas às medidas do governo Trump que, desde que assumiu a presidência dos EUA em janeiro, adotou um posicionamento protecionista, impondo tarifas a parceiros comerciais, ganhou mais peso ainda por terem sido feitas no exterior e ao lado do primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba.

Investimento do Japão

No início do discurso, Lula convidou o Japão a investir no Brasil, chamando o país de “porto seguro” de investimentos. Segundo o petista, o Brasil tem que ser para o Japão, em 2025, a oportunidade que foi em 1908, atraindo mais investimento do país asiático.

O presidente também afirmou que serão assinados 10 acordos de cooperação entre os países e 80 convênios entre empresas, bancos, universidades e outras instituições.

Lula também citou o desafio referente a queda do comércio bilateral, afirmando que houve uma queda de US$ 17 bilhões em 2011, para US$ 11 bilhões em 2024.

Para ele, uma parceria econômica entre o Japão e o Mercosul seria uma oportunidade para os países, que ganhariam “mais com integração do que com práticas protecionistas”.

COP30

Lula também destacou a COP30, que terá como sede a cidade de Belém, no Pará. O presidente disse que espera a presença do premiê do Japão, Shigeru Ishiba, e afirmou que será a “COP mais importante de todas, com debate sério sobre o controle do aquecimento global”.

Em seguida, fez críticas a “países que estão deixando de discutir o acordo de Paris”, em referência aos Estados Unidos que, nos primeiros dias do governo Trump, deixou de fazer parte do tratado que tem como objetivo limitar o aquecimento global.



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