Discurso de Lula no Japão revela indiretas ao tarifaço de Trump

A viagem oficial do presidente da república Luiz Inácio Lula (PT) para o Japão e o Vietnã aparenta ter motivações políticas para resguardar os efeitos sísmicos da nova política econômica protecionista com os “tarifaços” do republicano Donald Trump dos Estados Unidos da América (EUA). Em seu discurso oficial em Tóquio, a capital do Japão, Lula fez duras críticas ao governo do republicano sem citar nomes específicos por afirmar que “Nós precisamos defender muito bem e com muita força a questão do livre-comércio. Nós não podemos voltar a defender o protecionismo. Nós não queremos uma segunda Guerra Fria.”

Por causa disso, o movimento do mandatário, alinhado com uma extensa comitiva de ministros e parlamentares do Congresso e associações do setor produtivo do agro, pode significar uma expansão política e econômica sobre os próximos quatros anos de Trump. A escolha do Japão também não foi leviana, o país asiatíco tem uma histórica relação amistosa com o Brasil desde a primeira república quando houve a assinatura do “Tratado de Amizade, Comércio e Navegação” em 1895 que foi o primeiro movimento de aproximação das duas nações. 

Busca de fortalecimento comercial

Além do fator histórico, Lula mira em abrir ainda mais o comércio do agronegócio brasileiro para o país nipônico que gerou um superávit comercial na ordem de USD$ 146 milhões com valores de exportação na casa de USD$ 5,570 bilhões, mas que ainda enfrenta resistência na compra de itens como carne bovina, soja e petróleo. Para a carne bovina, o japão possui queixas sanitárias quando a integridade do alimento, apesar de comprar carne avícola em grande quantidade. 

Contudo, desde 2024 o Brasil recebeu o certificado que é livre de febre aftosa sem vacinação bovina, o que pode sustentar uma abertura comercial caso não ocorra interrupção americanas uma vez que 80% da importação de carne bovina do Japão é feita pelos EUA e a Austrália. Mesmo assim, o Japão confirmou o envio de especialistas de saneamento alimentar para avaliar a qualidade da proteína bem como enquadrar a produção brasileira dentro dos padrões japoneses. 

Leia também: Trump cita Brasil como referência em segurança eleitoral em novo decreto

Um outro fator no discurso do petista diz respeito tanto ao republicano, bem como dentro das Casas Legislativas. Em um determinado momento, Lula afirma que a democracia no mundo “corre um risco com a extrema-direita negacionista”. A indireta para a Casa Branca e o Congresso vem em meio a um julgamento altamente televisionado que desviou a atenção para o julgamento que pela primeira vez da história brasileira tornou um ex-presidente réu por tentativa de golpe de estado. 

A ida ao Vietnã

O segundo itinerário do petista compõem a capital do Vietnã, Hanói, que deve pousar no país nesta quinta-feira (27). Até o momento, os dois países possuem relações comerciais amenas, mas que avançaram nos últimos anos com pactos comerciais assinados em 2023, mas que renderam um superávit comercial de USD$ 415 milhões segundo o Comex Stat com exportações no valor de USD$ 4,5 bilhões. No local, Lula deve alavancar o comércio do agronegócio entre as duas nações à medida que o Vietnã é visto como a segunda opção de empresas ocidentais que buscam mão de obra barata. Além disso, o Vietnã já demonstrou interesse em se juntar ao bloco do Brics, ao qual o Brasil preside o grupo neste ano de 2025.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.