Imigração dos EUA prende pesquisadora russa de Harvard – 28/03/2025 – Mundo


Uma pesquisadora russa de Harvard, de 30 anos de idade, está detida há mais de um mês em um centro de detenção particular na Louisiana, para onde os agentes federais de imigração estão enviando um número crescente de estudantes estrangeiros que têm suas vidas ameaçadas repentinamente.

Ao contrário de outros, Kseniia Petrova não é acusada de se opor publicamente à guerra de Israel em Gaza ou ao apoio dos EUA a Israel. Ela foi afastada quando retornava de Paris em 16 de fevereiro, depois de não ter informado aos agentes da alfândega no Aeroporto Internacional Logan, em Boston, que estava trazendo embriões de sapo para um trabalho científico que seu mentor está realizando.

Caso ela perca a luta para manter seu visto e permanecer no país, seu supervisor universitário, amigos e advogado temem que ela seja deportada para a Rússia. Devido ao seu envolvimento anterior em protestos contra a invasão da Ucrânia por aquele país, eles temem que ela possa ficar presa por anos. “É bem provável”, disse o advogado Gregory Romanovsky na quinta-feira.

Petrova chegou a Harvard em 2023, vindo da Europa, para onde havia fugido depois que as autoridades russas a prenderam por ter se manifestado contra a guerra na Ucrânia e criticado online o presidente russo, Vladimir Putin.

“Ela é uma pessoa impressionante, incrivelmente produtiva”, disse Leon Peshkin, principal cientista pesquisador em biologia de sistemas da Escola de Medicina de Harvard. Ele estava procurando um assistente, e as qualificações de Petrova, especialmente seu mestrado em matemática aplicada e física, eram a combinação ideal.

Sua viagem a Paris foi para visitar amigos. Devido às complicações que Peshkin teve quando colegas franceses tentaram lhe enviar amostras de pesquisa pelo correio —que ele descreve como “embriões de rã fixos e não tóxicos”— ele pediu a Petrova que trouxesse algumas com ela quando retornasse a Massachusetts. Agora ele chama seu pedido de “um grande erro”.

Ao passar pela alfândega dos EUA, Petrova esqueceu que tinha as amostras ou não queria chamar a atenção para elas, disse Peshkin. Portanto, ela não as declarou. A consequência normal de tal violação alfandegária é o confisco do item identificado, uma multa de até US$ 500 ou ambos, disse Romanovsky.

“Em vez disso, eles decidiram puni-la por meio desse processo de remoção acelerada”, acrescentou ele, observando que os oficiais não tinham “nenhuma base legal” para revogar seu visto J1 por causa dessa violação. A categoria de visto permite que estrangeiros venham para os Estados Unidos para estudar, ensinar, pesquisar ou para fins relacionados.

De acordo com um porta-voz do Departamento de Segurança Interna, Petrova “foi detida legalmente depois de mentir aos policiais federais sobre o transporte de substâncias biológicas para o país. Uma inspeção subsequente feita por um K-9 revelou placas de Petri não declaradas, recipientes com substâncias desconhecidas e frascos soltos com células embrionárias de sapo, todos sem as devidas autorizações. Mensagens encontradas em seu telefone revelaram que ela planejava contrabandear os materiais pela alfândega.”

Petrova foi enviada primeiro para um centro de detenção em Vermont, depois transferida pelo Departamento de Imigração e Alfândega para a Louisiana. Ela começou a dividir uma cela lá com cerca de 70 mulheres, disse Romanovsky —”e a cela ainda nem estava cheia”.

Uma audiência no tribunal de imigração, na qual ela planeja pedir asilo, está marcada para o início de maio. Uma audiência sobre uma petição de habeas corpus —que ele protocolou no Tribunal Distrital dos EUA em Vermont pouco antes da transferência de Petrova— está marcada para junho. Romanovsky tem mais de duas dúzias de cartas de apoio de seus colegas de Harvard. Esse caso “me diz muito sobre a época em que vivemos”, disse ele. “Somos orgulhosamente insensíveis neste momento”.



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