Exames de papanicolau e mamografia registram queda

Nos últimos cinco anos, exames de papanicolau e mamografia, que são fundamentais para a detecção do câncer do colo do útero e do câncer de mama, respectivamente, apresentaram uma diminuição. 

Dados do Observatório da Saúde Pública da Umane revelam que a porcentagem de mulheres com 18 anos ou mais que realizaram mamografias nas capitais brasileiras caiu de 66,7% em 2017 para 59,8% em 2023. No mesmo período, a realização de papanicolau passou de 87% para 78,9%. 

Esses cânceres, responsáveis por mais de 25 mil mortes anuais no Brasil, geram grande preocupação entre especialistas devido à queda nos índices de exames. A detecção precoce dessas doenças é crucial, já que aumenta significativamente as chances de tratamento bem-sucedido.

Em contrapartida, a colonoscopia, que detecta o câncer colorretal, apresentou um aumento no número de exames realizados após a pandemia. Entre 2019 e 2024, o volume de exames realizados pelo SUS cresceu 65,5%, atingindo 574,6 mil exames no ano passado. 

Antes da pandemia, em 2019, haviam sido feitas 347,1 mil colonoscopias, número que caiu para 242,4 mil em 2020 devido às restrições impostas pela COVID-19, mas que posteriormente voltou a crescer. Esse crescimento está relacionado à maior disponibilidade de equipamentos e profissionais capacitados para realizar o exame, que, além de detectar precocemente o câncer colorretal, também permite a remoção de pólipos, prevenindo a doença.

Os exames de ultrassonografia mamária bilateral, indicados para complementar a mamografia em casos de mamas densas, nódulos ou cistos suspeitos, também apresentaram recuperação após a pandemia, com um aumento de 92,7% no número de exames realizados entre 2020 e 2024.

Por outro lado, cerca de 45% das mulheres que participaram da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) e nunca realizaram o papanicolau consideram o exame desnecessário, enquanto outras 20,6% afirmaram nunca ter sido orientadas a realizá-lo. 

O papanicolau é um exame ginecológico simples que visa identificar alterações no colo do útero, como o câncer ou infecções por HPV. Já a mamografia, que utiliza raios-X para identificar nódulos ou microcalcificações nas mamas, é o principal método de rastreamento do câncer de mama. No SUS, o exame é recomendado para mulheres a partir dos 50 anos, enquanto na rede privada é sugerido para mulheres a partir dos 40 anos, conforme as diretrizes da SBOC.

Especialistas apontam que a falta de campanhas de conscientização, desigualdades no acesso aos serviços de saúde entre as diferentes regiões e a ausência de estratégias mais eficazes para atrair pacientes influenciam diretamente nos resultados. 

A ampliação da cobertura de exames em todas as regiões do país e para todos os grupos da população feminina é essencial, pois os índices são mais baixos fora das capitais e em algumas áreas do Brasil. Um exemplo disso é que, em 2019, enquanto 65,2% das mulheres na faixa etária recomendada realizaram a mamografia na região Sudeste, apenas 43,2% fizeram o exame no Norte e 49,5% no Nordeste, segundo a PNS.

 

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