Breve história da inteligência – 29/03/2025 – Hélio Schwartsman


“Uma Breve História da Inteligência”, de Max Bennett, é um livro engenhoso. Por que já criamos algoritmos que derrotam com facilidade campeões mundiais de xadrez e de go, mas ainda não conseguimos desenvolver uma inteligência capaz de pôr a louça suja na lavadora, tarefa que uma criança de seis anos desempenha sem dificuldades?

Se há uma coisa que nós ainda não entendemos direito é o que é a inteligência. E não a entendemos porque não sabemos exatamente como nossos cérebros funcionam. A proposta de Bennett neste livro é fazer uma engenharia reversa da inteligência biológica para extrair ideias que podem nos levar a melhorar a inteligência de máquinas. O autor, que não é neurocientista nem especialista em robótica, mas sim um empresário do ramo da computação com muita disposição para pesquisar, começa quatro bilhões de anos atrás, quando surgiu a vida na Terra, e elege cinco marcos na evolução da inteligência para investigá-los mais a fundo.

O primeiro é o advento da simetria bilateral em organismos pluricelulares e, portanto, do movimento dirigido. É aí que surgem os primeiros cérebros. Servem para decidir para onde o bicho deve se mover (comida) e do que deve afastar-se (perigos). É a esse avanço que remonta, se quisermos, a invenção do bem e do mal.

Curiosamente, um dos primeiros robôs a fazer sucesso comercial, o aspirador de pó autônomo Roomba, funcionava com uma programação muito parecida. Ele mudava de direção quando batia num obstáculo e voltava para sua fonte de alimentação (a tomada) quando a bateria descarregava. Só com isso, conseguia limpar a casa.

Outros momentos capitais da história da inteligência incluem o advento do sistema dopaminérgico nos vertebrados, que trouxe a possibilidade de aprendizado condicionado, e da linguagem humana, que nos permitiu dividir e acumular conhecimento a ponto de criar a inteligência artificial (IA). O livro é bem escrito e oferece ótimos insights não só sobre a natureza das máquinas como também sobre a do homem.


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