A intenção por trás da viagem de Haddad à França

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, embarcou, no último final de semana, para participar de encontros sobre a transição ecológica e a reforma do G20 — grupo das 19 maiores economias do planeta, mais União Europeia e União Africana — na França. A viagem tem como objetivo restaurar o diálogo econômico entre o Brasil e a França, concentrado nos ministérios da área, e preparar a viagem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará ao país em junho.

Segundo o Ministério da Fazenda, as conversas econômicas estão concentradas nos seguintes eixos:Reformas econômicas no Brasil e na França; Cooperação multilateral, arquitetura financeira internacional, reforma do G20; Transformações ecológicas e sustentabilidade financeira e Complementaridade entre setores econômicos no Brasil e na França.

Em relação às reformas econômicas, Haddad pretende apresentar ao governo e a empresários franceses oportunidades de investimento estrangeiro no Brasil trazidas pela reforma tributária, regulamentada no ano passado e que entrará gradualmente em vigor a partir de 2026.

Já sobre o Plano de Transformação Ecológica, Haddad apresentará ao ministro da Economia francês, Éric Lombard, a experiência do governo brasileiro em incluir o desenvolvimento sustentável e o meio ambiente na política econômica.

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Os destaques na área ambiental são o Mecanismo de Financiamento das Florestas Tropicais (TFFF, na sigla em inglês) e a integração do mercado global de créditos de carbono. Lançado em 2023 pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, na COP28, o TFFF pretende arrecadar US$ 250 bilhões de fundos soberanos para serem investidos nas florestas tropicais.

Sobre o mercado de créditos de carbono, Haddad pretende apresentar a regulamentação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa, sancionada no fim do ano passado, e discutir a articulação do mercado global de carbono.

Agenda

Nesta segunda-feira (31), Haddad participará de uma conferência na universidade Sciences Po, em Paris, sobre uma avaliação dos dez anos do Acordo de Paris. O encontro será moderado pelo filósofo ambiental Pierre Charbonnier e pela economista e negociadora-chefe do acordo, Laurence Tubiana.
Em novembro, no G20 Social, no Rio de Janeiro, Tubiana expressou preocupação com a preservação do Acordo de Paris após a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. Em seguida, Haddad será homenageado com um jantar na Sciences Po.
Na terça-feira (1º), Haddad terá uma reunião bilateral com o ministro Éric Lombard às 11h30 (horário local). Em seguida, o ministro da Fazenda almoçará com empresários franceses e, às 13h30, discursará na cerimônia de abertura dos Diálogos Econômicos Brasil–França. Haddad embarca às 15h30 (horário local) e chega a Brasília na madrugada de quarta-feira.

Na esteira

A viagem de Haddad a França vem na esteira do embarque o presidente Lula ao Japão nas últimas semanas. Durante passagem de petista pelo oriente, Brasil e Japão assinaram dez acordos de cooperação em áreas como comércio, indústria e meio ambiente, além de 80 instrumentos entre entidades subnacionais como empresas, bancos, universidades e institutos de pesquisas.

Os dois países também anunciaram um plano de ação para revitalizar a Parceria Estratégica Global, um nível mais elevado nas relações diplomáticas estabelecidas desde 2014. Os atos ocorreram em reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba.

“O Japão é um país democrático, desenvolvido do ponto de vista econômico, científico e tecnológico. O Brasil é um país que acompanha a passos largos a necessidade de se desenvolver, de investir em educação, ciência e tecnologia e em pesquisa porque temos consciência que não há possibilidade de um país crescer, se desenvolver, ficar rico, se não houver um maciço e forte investimento em educação”, disse Lula. (Com informações da Agência Brasil) 

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