Protestos em Gaza expõem custo do Hamas – 31/03/2025 – Opinião


Ao longo dos mais de 17 meses de guerra, a Faixa de Gaza tornou-se uma ruína fumegante. Cerca de 90% de suas habitações foram destruídas ou danificadas, obrigando 2,1 milhões de habitantes a seguir uma vida nômade na própria terra. Nas contas usualmente aceitas dos palestinos, mais de 50 mil pessoas morreram.

A única parte sensata da avaliação de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, para a região é que ela está inabitável, dada a brutalidade da guerra empreendida por Israel após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023.

O grupo, que comanda Gaza desde 2007, ainda sustenta alguma forma de governo, mas a destruição de sua cadeia de comando o enfraqueceu muito. Isso talvez explique a rara janela que se abriu para o mundo na semana passada, quando centenas de pessoas foram às ruas para protestar contra os terroristas.

É só a terceira vez que ocorrem manifestações, sendo que as anteriores pediam melhoria das condições de vida e fim da corrupção. Desta vez, foi por “abaixo Hamas”, associando o grupo à tragédia que se abateu por lá.

“Não é fácil pedir ao povo de Gaza para protestar quando há uma arma apontada para sua cabeça”, disse à Folha o ativista Hamza Abu Howidy, que participou das outras duas ondas de manifestações, em 2019 e 2023, pelas quais foi preso e torturado —hoje, está refugiado na Alemanha.

Para ele, os atos mostram uma compreensão crescente do papel do Hamas, que o ativista vê como ente corrupto e violento, ao oprimir seus governados sob o manto da defesa da causa palestina.

Com efeito, pesquisas mostram redução do apoio ao grupo e ao 7 de outubro entre os gazenses.

Os protestos se dão no momento em que Israel rompeu o cessar-fogo vigente devido à resistência do Hamas em libertar os reféns remanescentes em seu poder.

A desproporção e a duração da guerra do premiê Binyamin Netanyahu contribuíram para o discurso de que Israel comete genocídio. O Hamas entende bem isso —e foi recompensado com forte apoio na esquerda da política global, do Palácio do Planalto a universidades americanas.

O que os protestos mostram é o equívoco de confundir a defesa de um Estado palestino com o extremismo do Hamas e de outros grupos usados pelo Irã em sua busca para obliterar o elemento judaico do Oriente Médio.

A barbárie perpetrada pelo Hamas não deveria ser respondida com violência desmedida, mas tampouco pode ser relevada. Desta vez, coube aos moradores de Gaza lembrar o mundo disso.

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