Como manter seu cérebro ativo após a aposentadoria – 01/04/2025 – Equilíbrio


Para os milhões de americanos que se aposentam a cada ano, parar de trabalhar pode parecer um descanso merecido. Mas também pode precipitar grandes mudanças na saúde cerebral, incluindo um risco aumentado de declínio cognitivo e depressão.

Antes de se aposentar, você acorda de manhã, socializa com colegas de trabalho e lida com os desafios mentais do seu emprego, diz Ross Andel, professor da Universidade Estadual do Arizona que estuda o envelhecimento cognitivo e a aposentadoria. “De repente, após os 50 anos, você perde essa rotina.”

Existe essa ideia de que o corpo e o cérebro se adaptam quando “não são mais necessários”, acrescentou. “É quando você vê a deterioração e sua resposta natural à inatividade.”

Mas a aposentadoria também pode ser uma oportunidade para melhorar a saúde cognitiva e mental, com o novo tempo disponível para socializar e adotar hobbies. E mesmo que você tenha começado a experimentar algum declínio, há fortes evidências de que seu cérebro pode se recuperar de períodos de inatividade, mesmo em idade avançada, afirma Giacomo Pasini, professor de econometria na Universidade Ca’ Foscari de Veneza, que estuda o impacto da política econômica na saúde mental dos idosos.

UM DECLÍNIO NA COGNIÇÃO E NO HUMOR

Uma análise de mais de 8.000 aposentados na Europa descobriu que a memória verbal das pessoas (a capacidade de recordar um conjunto de palavras após um certo tempo) geralmente declinava mais rapidamente após a aposentadoria, em comparação com quando estavam trabalhando. Outra pesquisa realizada na Inglaterra mostrou um declínio acentuado na memória verbal após a aposentadoria, embora outras habilidades, como raciocínio abstrato, não tenham sido afetadas.

“Há algumas evidências de que a aposentadoria pode ser ruim para a cognição, porque quando você se aposenta, não desafia tanto o seu cérebro”, afirma Guglielmo Weber, professor de econometria na Universidade de Pádua, na Itália, que trabalhou no estudo europeu.



Há algumas evidências de que a aposentadoria pode ser ruim para a cognição, porque quando você se aposenta, não desafia tanto o seu cérebro

Pesquisas também encontraram uma ligação entre a aposentadoria e o início da depressão. Passar de uma “vida de trabalho agitada para uma falta de engajamento pode exacerbar sentimentos de inutilidade, baixo humor, tristeza” e “sintomas depressivos severos e perda de memória”, diz Xi Chen, professor associado de saúde pública na Universidade de Yale que estuda o envelhecimento.

A natureza do seu trabalho —e como você vê esse trabalho— parece afetar o risco de declínio. Por exemplo, os pesquisadores acreditam que aqueles que trabalharam em cargos de maior hierarquia podem mostrar um declínio mais acentuado do que outros, possivelmente porque suas identidades estavam mais fortemente ligadas às suas carreiras, observa Chen.

O estudo na Europa também descobriu que pessoas que pararam de trabalhar antes da idade padrão de aposentadoria mostraram menos declínio do que aquelas que pararam de trabalhar mais tarde, afirma Weber. Isso pode ser porque as pessoas que se aposentaram mais cedo podem não ter tido empregos tão mentalmente exigentes, resultando em um declínio mais gradual após a aposentadoria.

Pessoas que são forçadas a se aposentar “devido a problemas de saúde ou flagrante etarismo”, ou que enfrentam desafios financeiros na aposentadoria, podem ver efeitos mais severos, diz Emily Fessler, professora assistente na Weill Cornell Medicine, especializada em cuidados geriátricos.

E as mulheres podem ser menos propensas a experimentar um declínio mental ou cognitivo acentuado, potencialmente porque são mais propensas do que os homens a continuar socializando e passando tempo com a família após a aposentadoria, afirma Weber.

A IMPORTÂNCIA DE TER UM PLANO

A aposentadoria pode ser uma ocasião para crescimento em vez de declínio, dizem os especialistas. A chave é estabelecer algumas bases com antecedência.

Não espere pela aposentadoria para planejar a aposentadoria.

“O plano não pode ser: ‘Trabalhei tanto por tanto tempo que vou tirar essas longas férias e depois vou descobrir'”, diz Andel.

Idealmente, você deve introduzir novas rotinas mental e fisicamente envolventes alguns anos antes de parar de trabalhar, indica Alison Moore, chefe da divisão de geriatria, gerontologia e cuidados paliativos na Universidade da Califórnia, San Diego. Mesmo que você não comece imediatamente, deve fazer o plano com antecedência. Adiar essas decisões —como se vai passar metade do ano viajando— até depois de se aposentar torna mais difícil dar o salto, diz ela.

O objetivo é “mudar de um tipo de vida diária para outro”, disse ela. “Estar aberto a novas experiências antes de fazer essa grande mudança de vida pode prepará-lo.”

ENCONTRE UM NOVO SENTIDO DE PROPÓSITO

“As pessoas podem ter sentido que seu propósito era contribuir por meio do trabalho, e quando isso é retirado, elas têm que inventar algo para substituí-lo”, diz John Beard, professor de envelhecimento produtivo no Columbia University Medical Center. Estudos sugerem que pessoas com um senso de propósito tendem a experimentar menos declínio cognitivo relacionado à idade.

Trabalho voluntário, em particular, pode ajudar, afirma Chen. Pesquisas descobriram que pessoas que regularmente fazem trabalho voluntário na aposentadoria mostram taxas mais lentas de envelhecimento biológico e que podem evitar o declínio cognitivo mantendo-se ativas e engajadas (sem o estresse do emprego em tempo integral).

É comum que as pessoas percam conexões sociais durante a aposentadoria, diz David Richter, professor de pesquisa de levantamento no departamento de ciência educacional e psicologia na Freie Universität Berlin. “Temos provas bastante sólidas de que primeiro os contatos sociais são reduzidos, e então a cognição declina”, disse ele.

Para evitar a depressão, o declínio cognitivo e a mortalidade precoce que podem vir com o isolamento social, Richter recomendou que os aposentados substituam a socialização no local de trabalho por encontros presenciais ou virtuais de rotina.

Nem toda socialização é feita da mesma forma, ele acrescenta. As melhores atividades são aquelas que desafiam sua mente e promovem discussões significativas com os outros; pense em coisas como clubes do livro.

“Ouvir rádio, assistir TV não é a mesma coisa”, diz ele. “Precisamos realmente ter essa troca de uma conversa.”

EXPERIMENTE COISAS NOVAS

Fazer algo criativo e novo pode lhe dar um senso de propósito e manter seu cérebro ágil. Pesquisas sugerem que você pode praticar a criatividade como qualquer outra habilidade, diz Jonathan Schooler, professor distinto de ciências psicológicas e cerebrais na Universidade da Califórnia, Santa Bárbara.

Isso pode significar escrever por alguns minutos todos os dias ou tentar uma nova receita para o jantar. O exercício regular é crítico para a saúde cerebral à medida que você envelhece, então você também pode considerar tentar um novo tipo de aula de fitness.

A criatividade também pode aumentar o senso de “significado” de uma pessoa, afirma Schooler. “Há grandes evidências de que encontrar significado na vida proporciona uma grande satisfação pessoal.”



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