Erros e acertos marcam a chegada dos 100 dias da gestão de Mabel

Após as vitórias nas urnas na eleição municipal de 2024, o recém eleito Sandro Mabel (União Brasil) prometeu uma série de ações no âmbito do trânsito, na saúde e na zeladoria pública nos primeiros 100 dias que iriam “melhorar” o município. Agora, com o calendário batendo em menos de 10 dias para a data, o que se encontra são erros e acertos na ordem administrativa e política que pode definir o primeiro ano do gestor, frente a uma calamidade pública na saúde e caos nas contas públicas que acumulam dívidas não contabilizadas superiores a R$ 3 bilhões e demandas não ouvidas da Câmara Municipal. 

“Um passo para frente, dois para trás”

A título de memória, a primeira ação da gestão de Mabel, no dia 2 de janeiro de 2025, foi a retirada de um sinal vermelho na Avenida T-63, que em seguida, prometera ainda mais atividades para destravar o trânsito de Goiânia, como a criação da direita livre e a ampliação dos semáforos inteligentes pela cidade. Além disso, foi além com o alargamento de vias pela proibição de estacionamentos, como ocorreu na Avenida 136. 

Outra ação que se entra para melhorar o tráfego dentro do município é a desobstrução da Avenida 44 dos ambulantes que usam o espaço público das calçadas e trechos das para as feiras que já existem no município. A medida, que rendeu ataques tanto da oposição quanto da base da Câmara municipal, revelou um relacionamento frágil entre o poder público e o parlamento. 

Da mesma forma, a limpeza pública que era, e ainda é um tema contencioso entre os dois poderes, continua como uma pedra no sapato de Mabel à medida que chega na marca dos 100 dias. Apesar de ter tido conquistas na regularização da coleta e o retorno da capinação e varrição pública, o debate da “Taxa do Lixo” e a reforma da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) que esbarra na base da Câmara que anda na corda bamba em meio a projetos impopulares do prefeito junto a não liberação de cargos e demandas atrasadas com o parlamento. 

Como afirma o cientista político Guilherme Cardoso, ao O HOJE, o Mabel se posiciona frente à prefeitura, assim como um dono de uma empresa frente a companhia. A escolha de atuar com um perfil técnico, e não político, de quando era ex-deputado federal e assessor do ex-presidente Michel Temer (MDB), pode ser o que está minando a gestão mesmo no início da administração. 

Politicamente, Cardoso avalia que Mabel não articula com a Câmara o tanto que deveria, afinal, o executivo municipal e estadual são marcados por gestões conjuntas com os parlamentos, diferente dos mandatários federais que possuem mais liberdade para administrar sem a pactuação do legislativo. Por causa disso, avalia um possível esvaziamento da situação caso não ocorra uma mudança de curso ou um acordo político. “A base quer participar da construção [da gestão] a partir de trocas acordadas. Claro que a base quer manter a relação que tinha com o Rogério Cruz de ter muito mais poder do que deveria ter, mas o Mabel vem se demonstrando extremamente inflexível. Ele não consegue com isso imprimir uma marca justamente porque é alguém com dificuldades de trato político.”

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