O desgaste que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sofre em todo o país atinge de forma acentuada a região de maior prestígio do Partido dos Trabalhadores, o Nordeste. É o que aponta a pesquisa divulgada pela Genial/Quaest, nesta quarta-feira (2). Na perspectiva nacional, a pergunta “você aprova ou desaprova o trabalho que o presidente Lula está fazendo?”, revela que 56% da população desaprova. Ao isolar a questão ao Nordeste, em outubro de 2024, a desaprovação era de apenas 26%, e agora é de 46%. Ou seja, em seis meses, subiu 20%. Com isso, tem sido avaliado pelo meio político que a desidratação de Lula, na região, pode ser observada como uma oportunidade para o crescimento das siglas mais próximas à direita.
Um dos indicativos que demonstra essa reação, é o lançamento da pré-campanha do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), em Salvador, capital da Bahia. O evento, que foi marcado para esta sexta-feira (4), está alinhado com a estratégia do gestor estadual de penetrar em uma relevante zona eleitoral. Com o avanço de um dos líderes da direita brasileira, que enxerga uma oportunidade de aumentar a sua popularidade na região, pode desencadear uma reação de outros líderes, como Romeu Zema (NOVO), Ratinho Júnior (PSD) e Tarcísio de Freitas (Republicanos). Caso estes resolvam concorrer.
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Tendo em vista que após a redemocratização, a região foi historicamente responsável por mudar os resultados de eleições presidências, ou, ao menos, de pesar significativamente contra as tendencias predominantes em outras regiões, o nordeste brasileiro tem sido alvo de assédios de ambos os espectros políticos. No entanto, ante a pobreza insistente, a justificativa que tem sido empregada, é que a esquerda, com as bandeiras das causas sociais, conseguiu submeter a região melhor que a direita como demonstra os resultados das eleições nos últimos 22 anos.
Desde a primeira eleição do PT em 2002, que elegeu pela primeira vez o atual presidente, essa lógica nunca foi alterada. Em 2014 e 2018, os sentimentos antilulista e antipetista estavam acentuados em todo o Brasil, incluindo no Nordeste. Os candidatos da direita respectivamente foram Aécio Neves e Jair Bolsonaro. No primeiro ano mencionado, Aécio alcançou um resultado significativo, mas não o suficiente para vencer a sua rival (28,31% do Aécio Neves contra 71,69% da Dilma Rousseff, dos votos válidos). No segundo ano mencionado, da mesma forma (30,3% contra 69,7% do Fernando Haddad, dos votos válidos). Demonstrando que a região não é de fácil vazão para a direita.
Do mesmo modo, neste momento, em consequência da inflação de alimentos e da deterioração do valor da moeda (efeitos da inflação), se intensifica a antipatia por parte da população do Nordeste (como aponta a Genial/Quaest). Com isso, o oportunismo se aflora. Entretanto, se seguir o histórico, pode ser que não seja o suficiente para a direita. O que os dados demonstram é que quando os candidatos estão bem definidos, a opção tende a ser a quem aprofundou raízes e conseguiu compreender os símbolos e as dinâmicas do eleitorado na localidade. Logo, do ponto de vista estratégico para a direita, a região tem seu grau de relevância por ter uma quantidade significativa de votos, mas, provavelmente, não será a maioria como demonstra os dois anos avaliados em que há parâmetros análogos a 2025.
Genial/Quaest
A data de coleta: 27 a 31 de março. Com 2.004 entrevistados. (1) Foram sorteados 120 municípios através do método de Proporcional ao Tamanho (PPT), com a população acima de 16 anos; (2) Sortearam setores censitários com o PPT a partir do tamanho da população por setor; (3) Definiram um número de habitantes segundo as cotas de região, sexo, faixa etária, grau de instrução, renda familiar e população ativa.