Tropas de Israel avançaram para o norte da Faixa de Gaza, assumindo o controle de novas partes do território na fronteira. O Exército de Tel Aviv fez o anúncio nesta sexta-feira (4), dias após o governo divulgar planos para tomar grandes áreas no sul com uma operação.
Soldados que realizavam ofensiva em Shejaia, subúrbio a leste da Cidade de Gaza, permitiram que civis saíssem por rotas determinadas, enquanto as tropas avançavam para expandir a área definida por Israel como uma zona de segurança, de acordo com comunicado.
Imagens compartilhadas nas redes sociais mostraram um tanque israelense na colina de Al Muntar, em Shejaia, que possibilita uma visão clara da Cidade de Gaza e da linha costeira. Bombardeios no lado leste de Gaza eram incessantes, afirmou um funcionário de saúde local por mensagem de texto.
Centenas de moradores haviam deixado a região na véspera, à medida que as forças israelenses avançavam. Os palestinos carregavam pertences em vans ou carroças, depois que o Exército emitiu o mais recente de uma série de avisos de retirada que agora cobrem cerca de um terço da Faixa de Gaza, de acordo com as Nações Unidas.
Israel retomou sua operação em Gaza com diversos ataques aéreos pesados em 18 de março e enviou tropas de volta após uma pausa de dois meses.
Há duas semanas, mais de 280 mil pessoas foram deslocadas em Gaza, segundo o escritório humanitário das ONU (Ocha), agravando a situação de famílias que já haviam sido forçadas a se mudar várias vezes nos últimos 18 meses.
Na Cidade de Gaza, moradores disseram que os ataques de Israel atingiram uma usina de dessalinização de água no bairro de Tuffah, vital para fornecer água potável limpa. Os suprimentos de ajuda foram interrompidos por semanas.
No sul de Gaza, as tropas israelenses têm se estabelecido nas ruínas da cidade de Rafah. O escritório humanitário da ONU afirmou que 65% do território estão agora em “áreas proibidas”, sujeitas a ordens de deslocamento ou ambos.
Israel não esclareceu totalmente seu objetivo de longo prazo para as áreas que ocupa como “zona de segurança”. Israel Katz, ministro da Defesa, já amaçou mais de uma vez anexar territórios de Gaza caso o Hamas não liberte todos os reféns em seu poder.
Os moradores de Gaza dizem acreditar que o objetivo seja desocupar permanentemente extensões de terra, incluindo agrícolas, e infraestrutura hídrica.
A ofensiva de Israel conta com apoio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que em fevereiro declarou seu desejo de mover a população de Gaza para países vizinhos e transformar o território em um resort de luxo à beira-mar sob controle americano. Tel Aviv afirma que incentivaria os palestinos a saírem voluntariamente.
Nesta sexta, autoridades de saúde de Gaza, controladas pelo grupo terrorista Hamas, disseram que pelo menos 30 palestinos foram mortos, a maioria em áreas do sul de Gaza. Entre eles estavam 19 membros de uma família, atingidos quando um ataque demoliu o prédio de três andares onde estavam hospedados.
Israel acusa o Hamas de esconder seus integrantes em edifícios civis e diz que toma precauções para limitar as baixas, mas centenas de palestinos foram mortos desde que a operação foi retomada, de acordo com autoridades de saúde locais.
Ministros afirmam que a operação continuará até a libertação de todos os reféns. O Hamas condiciona a soltura a um acordo que encerre a guerra. Negociações mediadas por Egito e Qatar para um cessar-fogo não avançaram.
A guerra começou quando membros do Hamas invadiram Israel em 7 de outubro de 2023, matando 1.200 pessoas e capturando 250 reféns. Desde então, a contraofensiva de Tel Aviv reduziu grande parte de Gaza a ruínas e matou mais de 50 mil palestinos.