O UOL mostrou que a Abin sob o governo Lula executou uma ação hacker contra autoridades do Paraguai para capturar dados sobre uma negociação comercial da usina hidrelétrica de Itaipu. O planejamento da ação foi iniciado no fim do governo de Jair Bolsonaro. Após a publicação, o Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota confirmando a existência da operação de espionagem, mas atribuiu a ação ao governo Bolsonaro e disse que a gestão da Abin de Lula suspendeu a operação ao tomar conhecimento dela em março de 2023.
A Guerra do Paraguai foi o maior conflito armado na América Latina, travado entre 1864 a 1870. As estimativas variam, mas historiadores calculam que 300 mil paraguaios morreram no conflito e em decorrência das epidemias e da fome que se alastraram no período.
Na entrevista, Peña afirmou que o Paraguai cedeu às pressões do Brasil nas negociações sobre o preço da tarifa de Itaipu realizadas em 2023 e reiterou que seu governo decidiu suspender essas tratativas depois que a notícia veio a público, até que o Brasil apresente explicações detalhadas sobre a ação hacker.
“Vemos com uma tremenda preocupação porque não condiz com o tipo de relação que nós queremos propor. Queremos propor uma relação de amizade, de sócios, de amigos que nos permita construir um Mercosul mais forte. Lamentavelmente estamos nesse impasse”, disse.
Peña ainda declarou que jamais esperava uma ação de espionagem de um país “irmão” como o Brasil.
“Há ciberataques que provem de China, os Estados Unidos estão ajudando de maneira muito intensa, mas jamais imaginávamos que estaríamos sendo alvos de espionagem por parte de nossos irmãos, nossos vizinhos, os brasileiros”, afirmou.