A Geração Sanduíche no Trabalho: o peso invisível que ninguém quer ver

Vivemos tempos em que o bem-estar virou produto de prateleira. Tem quick massage às sextas, yoga no intervalo, fruta no café, e até app com lembrete diário para “respirar fundo”. O discurso é bonito, vende bem, dá palco em evento de RH. Mas a vida real? Ah… a vida real não cabe em pauta de reunião.

Hoje, são mais de 55,2 milhões de brasileiros entre 40 e 60 anos. Uma geração inteira no meio do fogo cruzado entre cuidar dos filhos que ainda dependem e dos pais que já não andam sozinhos. Gente que acorda cedo, vai pra academia porque “tem que se cuidar”, entrega meta, lidera time, participa de oito reuniões por dia — e depois do expediente, assume outro turno: o de cuidador.

Em sua maioria, são mulheres. Mulheres que organizam a vida de todo mundo, menos a própria. Que sorriem no call e choram no banheiro. Que viraram o alicerce silencioso de duas pontas da vida — e ninguém vê. Ou finge não ver.

Tenho estudado a longevidade e as gerações desde 2003. E se tem uma coisa que aprendi nesse caminho é que nunca tivemos tantas gerações coexistindo — e colidindo. E a Geração Sanduíche é o para-choque dessa colisão.

As empresas adoram perguntar “como você está?” — e esperam um “tudo bem” como resposta automática. Mas a verdadeira virada de chave começa quando perguntamos com intenção:
Como estão seus pais? E seus filhos?
Porque a resposta para essas perguntas tem mais impacto na produtividade do que qualquer workshop de mindfulness.

Quem cuida, carrega um peso invisível. E quando esse peso é ignorado, ele se transforma em cansaço crônico, queda de desempenho, afastamentos silenciosos, desligamentos cheios de culpa.

Quer mesmo investir em bem-estar? Então vá além do tapete de yoga e da maçã orgânica. Crie políticas de flexibilidade real, promova rodas de escuta, ofereça suporte psicológico, entenda a jornada desse colaborador fora das quatro paredes da empresa. Porque é ali que a verdadeira batalha acontece.

A Geração Sanduíche não precisa de mimos. Precisa de apoio. Precisa ser vista não como quem “aguenta firme”, mas como quem sustenta o que ninguém vê — e ainda entrega.

E se você acha que isso é exagero, experimente olhar ao redor. Ou melhor: pergunte de verdade. E escute. Porque a pergunta certa, feita na hora certa, pode ser o ponto de virada que faltava.

Willians Fiori:

Wil Fiori é um dos grandes nomes sobre diversidade geracional no Brasil, liderando transformações no mercado há mais de 20 anos. Estrategista e inovador, ajudou a construir marcas icônicas como Bigfral, Addera e Benegrip, deixando sua marca em gigantes como Hypera e Ontex Global. Reconhecido globalmente, foi citado no livro Longevity Hub do MIT (Massachusetts Institute of Technology) como o principal especialista brasileiro no tema. Professor do Hospital Israelita Albert Einstein e convidado da FIA, UFRJ, PUC-SP e INSPER, leva o futuro da longevidade para o centro das discussões. Seu impacto já rendeu prêmios da ONU Latin America e o Selo Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo.

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