Pindorama, uma aula sobre o Brasil – 12/04/2025 – Elio Gaspari


Está na rede o documentário “Pindorama: Uma História do Brasil Ancestral”, dirigido pelo jornalista Marcos Rogatto e produzido por Patrícia Ogando.

Com 43 entrevistas de arqueólogos e paleontólogos, bem como visitas a dezenas de sítios históricos e museus, ele conta a vida de Pindorama há milhões de anos. Dura 98 minutos e traz belas lições.

A primeira expõe patrocínios culturais bem direcionados pela Prefeitura de Campinas e pelo Ministério da Cultura.

Com a segunda, valoriza gerações de cientistas e leva os curiosos da cultura dos povos que viviam nesta terra há uns 18 mil anos. O fóssil de Luzia, achado na Lagoa Santa (MG), tem 11,5 mil anos.

Nesta parte, “Pindorama” expõe, com critério de bom gosto, o vigor artístico das cerâmicas. A peça mais antiga do mundo pode ter sido feita na Amazônia. Hoje, novas tecnologias permitem ver rastros de civilização debaixo da floresta. Já acharam 24 novas estruturas e elas seriam mais de 10 mil.

Mais de uma centena de megálitos do Parque Arqueológico do Solstício, no Amapá, com alguns pesando quatro toneladas, foram movidos há mais de mil anos.

O Parque da Serra da Capivara, no Piauí, com dois belos museus e mais de mil sítios arqueológicos, alguns datados com 50 mil anos, guarda o Zuzu, um esqueleto de dez mil anos.

É na segunda parte de “Pindorama” que chegam surpresas. Ela trata de um tempo em que os continentes formavam um só bloco. Os dinossauros mais antigos, que viveram há cerca de 233 milhões de anos, surgiram onde hoje estão o sul do Brasil e a Argentina. As rochas dos fósseis do Sítio Paleontológico da Alemoa, em Santa Maria (RS), seriam as mais antigas do mundo.

No Museu da Ciência Professor Tolentino, de São Carlos (SP) e no Vale dos Dinossauros, em Sousa (PB), estão as pegadas dos dinos. Em Uberaba (MG), foram criados lindos geoparques: a comunidade criou o Museu dos Dinossauros, em Peirópolis. Lá está o fóssil de Uberabatitan Ribeiroi, com seus 27 metros de comprimento, achado em 2004.

O primeiro dinossauro com penas conhecido no mundo viveu no Ceará, há 115 milhões de anos. Encontrado em 1996, passou um quarto de século nas prateleiras de um museu alemão. Em 2023 retornou ao Brasil.

O Pindorama de hoje tem uma geração de arqueólogos, paleontólogos, museólogos e ambientalistas que cuidam desse patrimônio. O documentário mostrou alguns deles.

Na semana passada, graças a esses estudiosos e ao Ministério Público Federal, voltaram ao Brasil 25 fósseis retirados clandestinamente do Ceará e levados para a Inglaterra. Avaliadas em cerca de R$ 4 milhões, as peças irão para o Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, que fica em Santana do Cariri.

Outra equipe do MPF tenta resgatar um esqueleto quase completo de pterossauro da espécie Anhanguera com quase 4 metros de envergadura e outras 45 peças que estão na França.

A Agência Brasil informa que desde 2022 já foram resgatados mais de mil fósseis levados de forma irregular para a Europa.

A história do Brasil é linda desde antes da chegada dos europeus e mesmo do gênero humano.

Serviço: Pindorama será exibido no dia 2 de maio na Cinemateca do MAM, no Rio, e no dia 23, na Rabeca Cultural, em Campinas. Na rede, ele está em: https://www.youtube.com/watch?v=CafQR8nwf2E

(Chegando lá, convém voltar ao início do vídeo.)


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