Um protesto contra o plano do governo paulista de realocar moradores da favela do Moinho, no centro de São Paulo, terminou em confronto no início da noite desta terça-feira (15). A Polícia Militar.
O ato com aproximadamente 200 pessoas, entre moradores, pessoas ligadas a movimentos de moradia e outras com camisetas de partidos políticos, seguia pacífico pela avenida Ipiranga com destino à Câmara Municipal de São Paulo.
Quando passava sobre o viaduto Nove de Julho, próximo ao início da rua da Consolação, motociclistas tentaram furar a manifestação, tentando passar pelo lado da avenida, dando início à confusão.
Um dos manifestantes foi para cima de um policial, que reagiu com o cassetete. Em seguida, outros PMs chegaram, aumentando o confronto. Nesse momento, houve disparos de balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e gás de pimenta, dando início a uma correria.
Essa confusão ocorreu na parte final do protesto. Na frente, os líderes já haviam chegado à Câmara Municipal, em frente ao Palácio Anchieta, onde três das seis faixas do viaduto Jacareí foram interditadas.
Como é horário de pico de saída dos trabalhadores para suas casas, o protesto travou o trânsito, criando um grande congestionamento.
Para evitar que os manifestantes invadissem a Câmara, a Tropa de Choque da PM se postou em linha, bloqueando a passagem. O grupo negocia a entrada no prédio, onde ocorre a sessão ordinária da Câmara.
Segundo a gestão estadual, 84% das famílias já aceitaram a proposta habitacional apresentada para a remoção da favela. Cenário de incêndios, disputas por posse e alvo de uma recente megaoperação policial contra o tráfico de drogas, a densa ocupação murada cresceu nas últimas três décadas entre duas ferrovias na divisa dos bairros Campos Elíseos e Bom Retiro. Agora, sua retirada divide opiniões.
Segundo a gestão Tarcísio, 513 das 813 famílias aderiram oficialmente à proposta. Assim, o governo afirma ter condições de transferir todos os residentes para habitações subsidiadas pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano). Esse é o número de famílias que entregaram documentação completa para ingressar no programa, sendo que 444 já teriam o destino definido.
Outras 172 também teriam aceitado a oferta habitacional, mas ainda devem documentos à companhia, segundo o governo.
Parte da comunidade, no entanto, se recusa a sair. Esse grupo diz que a adesão dos moradores ocorre diante do temor de uma retirada à força e sem qualquer compensação.