Ferro-velho abandonado preocupa moradores no Setor Lorena Park

Um ferro-velho instalado em uma área residencial do Setor Lorena Park, na Rua Jerônimo Tavares, região oeste de Goiânia, tem preocupado os moradores. O local,  aparente sem  controle, acumula dezenas de carros sucateados, peças automotivas, pneus e entulhos a céu aberto, gerando riscos à saúde pública e causando indignação entre os vizinhos.

Segundo os moradores, o local funciona há cerca de três anos sem qualquer tipo de controle visível. Eles relatam que o espaço vem se tornando foco para proliferação de mosquitos, especialmente o Aedes aegypti, transmissor da dengue, e afirmam que já encontraram pneus com água parada e larvas. Uma moradora contou que ficou com medo por causa da dengue e que já viu criança apresentando sintomas após contato com o ambiente. “A gente encontrou um pneu ali todo sujo, cheio de água, com larva dentro. É perigoso demais”, relata.

Apesar da gravidade da situação, a comunidade afirma que nenhuma providência foi tomada até agora. Quando tentam acionar a prefeitura, a única resposta recebida é que aquilo não pode acontecer ali, que esse tipo de atividade tem que funcionar fora da área urbana, mas não há fiscalização efetiva. “Eles falam que não podem, mas não fazem nada. Não resolveram nada. Tá tudo do mesmo jeito”, afirma outra moradora.

O sentimento predominante é de abandono. Os moradores dizem que não são contra o trabalho do proprietário, reconhecem que ali há trabalhadores e venda de peças usadas, mas o problema, segundo eles, é o acúmulo exagerado, a sujeira e o descarte descontrolado. “Vai só juntando, juntando. Eles jogam lixo de lá pra cá, pra beira do nosso lado. Se fosse limpo, a gente até entenderia, mas não é. Tem até carro pegando fogo às vezes”, disse um morador. Em uma das ocasiões, segundo ele, um veículo incendiou-se dentro do terreno, aumentando o medo de acidentes.

Além dos riscos ambientais e de saúde, há também o temor constante de que o local atraia pragas e comprometa a segurança das famílias que vivem ao redor. “Aqui tem criança, tem idoso, tem gente doente. É perigoso demais”, desabafa uma moradora. Também é pontuado que muitas vezes ficam calados por não saberem a quem recorrer, e que tentaram contato com o dono do terreno, mas sem sucesso.

O local tem servido como foco para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. Em Goiânia, já foram confirmados 5.712 casos da doença em 2025. Apesar de o número ser inferior ao registrado no mesmo período do ano passado, as autoridades de saúde consideram o cenário preocupante. Além dos casos confirmados, o município contabiliza 291 ocorrências com sinais de alarme e 22 casos graves — quadro anteriormente conhecido como dengue hemorrágica. Embora nenhuma morte tenha sido confirmada até o momento, 15 óbitos estão sob investigação por suspeita da doença. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a situação atual é menos crítica do que em 2024, quando a cidade havia registrado 7.710 casos e duas mortes confirmadas no mesmo período.

Além da dengue, outros problemas de saúde podem surgir em locais com acúmulo de sucata, lixo e entulho,ambientes como esse favorecem a presença de roedores, que podem transmitir doenças como leptospirose, uma infecção grave causada pelo contato com a urina dos ratos. O ambiente se torna propício para o surgimento de escorpiões e aranhas, o que representa risco especialmente para crianças e idosos. A exposição constante a poeira, ferrugem e substâncias químicas vindas de peças automotivas pode agravar problemas respiratórios e alérgicos, comprometendo ainda mais a qualidade de vida dos moradores. Esses riscos, somados à sensação de abandono, ampliam a insegurança de quem vive ao redor do local.

A Prefeitura de Goiânia, em nota, informou que enviará  fiscais da Secretaria Municipal de Fiscalização (Sefic) para averiguar a situação dos locais de descarte irregular de lixo. Em outra nota enviada ao jornal O Hoje, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) anunciou que encaminhará uma equipe de agentes de combate a endemias para inspecionar a área, além de auditores da Vigilância Sanitária, que, se necessário, procederão com a apreensão dos pneus encontrados.

 

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