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Você já ouviu falar em PDI? O Plano de Desenvolvimento Individual é oferecido pelo RH de algumas empresas como forma de visualizar os próximos passos da carreira de um colaborador.
Pode parecer mais uma daquelas burocracias chatas que a área de gestão de pessoas quer que você perca seu tempo fazendo. Contudo, ela pode ser uma chave importante para o seu progresso como profissional.
Plano de carreira vs. PDI. Quem está há mais tempo no mercado deve conhecer mais intimamente o primeiro. Ele era muito utilizado antes da pandemia, segundo a especialista em carreira Jaqueline Garutti.
O plano de carreira era mais comum quando as empresas tinham uma progressão linear de cargos: você começava na base da pirâmide e ia subindo os degraus pré-definidos, um atrás do outro, até chegar no topo ou se aposentar.
Agora, as trajetórias são menos previsíveis e mais horizontais do que antigamente –em vez de subir os degraus, as pessoas mudam de empresa e de área mais vezes. Portanto, faz mais sentido pensar em passos individuais. Ninguém sabe o amanhã, certo?
Afinal, o que é? O PDI é uma ferramenta de planejamento. Nela, você delineia objetivos para o seu futuro profissional e traça estratégias para alcançá-los. Devem constar não somente as lacunas técnicas, como também emocionais.
Ou seja, ele não serve só para você aprender Excel, mas também para melhorar como colega, ser um líder mais preocupado e outras funções que a coletividade exige.
Se a sua empresa oferece um PDI…não preencha de qualquer jeito. Garutti reforça que ele é mais importante para você do que para a companhia. Você é o maior interessado em fazer a coisa dar certo e se promover.
Se ela não oferece…aí vai o nosso PDI D.I.Y (“do it youself”, ou “faça você mesmo”, sigla conhecida por quem frequenta a internet há tempos).
Ele precisa ter:
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Um objetivo. Uma posição que você quer alcançar, uma área que quer seguir, uma especialização, ou mesmo, uma mudança de emprego.
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Seus pontos fracos. Técnicos e emocionais. Vale tudo: falta de proficiência em determinado idioma, baixa habilidade em algum programa muito usado, pouca resiliência, muita timidez, etc.
Um exemplo: se eu não falo inglês em um nível avançado, farei um curso do idioma durante os próximos três meses.
↳ Também vale incluir no rascunho como lidar com os custos das melhorias. A empresa pode pagá-lo para mim? Existe uma forma gratuita de aprender?
Não subestime as “soft skills”…aquelas que dizem respeito à parte humana do trabalho. Elas são muito relevantes para progredir. Às vezes, você precisa mais de um curso de oratória para melhorar suas apresentações do que um de Photoshop.
Como eu vou saber os meus pontos fracos? Alguns você já sabe. Outros, um bom e velho “feedback” do seu gestor pode evidenciar.
Uma dica: identifique quem está no lugar em que você quer estar, veja o que a pessoa faz e o que você ainda não sabe fazer. Para obter essas informações, um cafezinho com aquela pessoa que você admira vai bem.
Curto prazo é o segredo. De seis meses a um ano deve ser o período estipulado para bater as metas do PDI, na análise da especialista. Mais do que isso, é imprevisível. É essencial revisitá-lo a cada três meses, para ver o que está dando certo e corrigir o que não está.
Calibre as expectativas. Ao terminar a primeira versão do seu plano, revise-o com seu gestor. Pode ser que as vozes da sua cabeça estejam dizendo que algumas coisas são mais importantes do que elas são na prática.
Ele pode te ajudar a elencar prioridades e manter os seus pés no chão. Afinal, presumimos que tenha mais experiência no mercado de trabalho do que você.
Para terminar…coloque um objetivo palatável. Se o seu problema é falar em público, estipule uma data para fazer uma apresentação com tudo o que você aprendeu nos últimos meses. Ter algo que te ajude a medir a sua evolução faz toda a diferença na motivação para alcançar o que quer.
Conselhos de CEO
Profissionais em cargos executivos dão dicas para quem está em início de carreira
Sobre ela: é CEO da N5X, a nova bolsa de energia brasileira. Especialista em estruturar negócios do zero, Dri já atuou como executiva nos setores de educação e comércio eletrônico. Fundou e comandou a Vaipe e a Payleven, adquiridas, respectivamente, pela Mereo e SumUp. Além disso, integrou o time inicial da Mobly –hoje listada na B3–, foi gerente financeira do Grupo Ibmec e consultora na A.T. Kearney. Formada em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas, também é investidora anjo, mentora e conselheira de empresas de alto crescimento.
Meu primeiro emprego… Não remunerada, foi nos negócios da minha família, ajudando como vendedora, caixa e o que fosse necessário. Minha primeira experiência profissional remunerada foi como caixa em Lake Tahoe, nos EUA, durante as férias da faculdade.
O que eu faria diferente… Analisar as decisões na ótica de reversibilidade. Algumas decisões têm “duas portas”, ou seja, é possível voltar atrás sem grandes prejuízos, enquanto outras têm “uma porta”, em que reverter a decisão pode causar danos significativos. Isso teria trazido mais leveza para as escolhas que fiz ao longo da vida.
Um erro do qual não esqueço… Não ter impulsionado o meu conhecimento e networking em certos momentos para criar resultados maiores. Colaborar além das fronteiras é uma das grandes habilidades de líderes de alto impacto, e, em certos momentos, subestimei o poder dessa colaboração com a minha rede.
Uma habilidade essencial… São duas habilidades, na verdade: resolução de problemas e comunicação. Pessoas que trazem recomendações estruturadas e que conseguem se comunicar de maneira simples são grandes facilitadores nas organizações. Esses profissionais tendem a ganhar confiança dos outros e conquistam autonomia por serem bons tomadores de decisão.
Um conselho para jovens profissionais… Seja protagonista da sua vida. Pense sobre a qualidade de vida que você gostaria de ter e o que é necessário financeiramente para alcançá-la. A partir disso, identifique as carreiras que vão te possibilitar isso e trace o caminho para chegar lá.