A MTA (Metropolitan Transportation Authority), empresa responsável pelo metrô de Nova York, revelou no dia 2 de abril um novo mapa do sistema. Com design simplificado e formas geométricas, o diagrama busca tornar a experiência de navegação mais intuitiva para os 3,6 milhões de usuários diários.
A proposta, segundo a MTA, é tornar o sistema “mais fácil para os olhos acompanharem”, com ênfase em acessibilidade digital e leitura amigável para pessoas com baixa visão ou deficiências cognitivas. A MTA promete também uma versão digital do mapa em que será possível acompanhar informações sobre os trens em tempo real.
Veja antes e depois do mapa do metrô de NY
Versão antiga (à esq.), usada até abril de 2025, quando foi substituída por um modelo mais geométrico (à dir.)
– Reprodução
A divulgação do novo mapa integra uma campanha da MTA para revitalizar a imagem do metrô de Nova York e reforçar a pressão por investimentos em trens e infraestrutura. O sistema tem enfrentado duras críticas do atual secretário de Transportes dos Estados Unidos, Sean Duffy, que o chamou de “shithole” (lugar de merda, em português) e ameaçou cortar repasses caso a agência não apresente melhorias nas estatísticas de criminalidade e policiamento.
Apesar da roupagem tecnológica, o novo mapa não é exatamente uma novidade. Seu visual remete ao lendário e polêmico diagrama criado em 1972 pelo designer ítalo-americano Massimo Vignelli, então sócio do estúdio internacional Unimark. Com linhas retas, geometria rígida e uma abordagem que priorizava a clareza visual em detrimento da precisão geográfica, o mapa dividiu opiniões e acabou sendo substituído poucos anos depois por uma versão mais fiel à geografia de Nova York.
O diagrama de Vignelli fazia parte de um projeto mais amplo de sinalização, desenvolvido ao lado do sócio holandês Bob Noorda. Noorda havia elaborado com sucesso a sinalização do metrô de Milão. A proposta novaiorquina buscava organizar a até então caótica comunicação visual do metrô por meio de placas pretas, tipografia neutra e círculos coloridos, um sistema que se tornaria símbolo da cidade.
O projeto de 1972, no entanto, nunca foi implantado por completo. Após mudanças na diretoria da MTA, partes fundamentais do plano foram abandonadas. O mapa foi alvo de críticas do público: os rios eram representados com bege e o Central Park aparecia como um quadrado cinza, em vez do retângulo verde comprido que os nova-iorquinos reconheciam de imediato. Diante da rejeição, a versão de Vignelli foi descontinuada poucos anos depois.
No mesmo ano, Bob Noorda foi contratado para desenvolver o sistema de sinalização do metrô de São Paulo. Até então, o projeto estava sendo elaborado pela dupla de arquitetos paulistanos João Carlos Cauduro e Ludovico Martino, também responsáveis pelo desenho do logo da empresa, usado até hoje. O projeto entregue por Noorda apresentava grande semelhança com o desenvolvido pela dupla brasileira.
A versão de 2025 tenta um equilíbrio entre a lógica modernista de Vignelli e as demandas do público contemporâneo. O novo projeto foi desenvolvido internamente pela equipe de design da MTA, e incorpora elementos de mapas posteriores, como os do designer Michael Hertz, desenvolvidos em 1979 e 1998. Mais fiel à geografia real de Nova York, ele era considerado mais fácil de localizar-se espacialmente na cidade, mas pecava na clareza das rotas. Sua substituição, portanto, toca em uma questão sensível: o afeto dos moradores por aquilo que já conhecem.
Michael Bierut, sócio do estúdio de design Pentagram, autor de um projeto de sinalização para pedestres em Nova York e ex-colaborador de Vignelli, aprovou o novo diagrama: “Ele suaviza aspectos que o público comum achava confusos no projeto de 1972, mas continua fiel à lógica geométrica precisa. Não é genérico. É algo com personalidade nova-iorquina: duro, resiliente, bonito.”