São Paulo
O BBB 25 chega ao fim nesta terça-feira (22) com mais avaliações ruins do que boas. Diferentemente do que ocorreu em anos anteriores, o programa não furou a bolha. Nas ruas, é difícil achar quem comente sobre os acontecimentos do programa. Nas redes sociais, internautas apontam a edição como uma das mais mornas de todos os tempos.
E não se trata apenas de uma observação empírica. Os números de audiência refletem a baixa de interesse na atração. Na Grande São Paulo, principal mercado publicitário do país, o BBB fecha este ano com média de 16 pontos (cada ponto equivale a 199 mil telespectadores). Trata-se da pior marca da história do reality show.
Mas, então, o que deu errado nesta edição? Não dá para negar que Rodrigo Dourado, diretor estreante do núcleo de reality shows da Globo, se esforçou em propor dinâmicas novas quando a situação estava parada e nada acontecia nos grupos.
No entanto, o “novo Boninho” penou com um elenco morno —pelo qual a produção não é totalmente culpada—, que não fez questão de surpreender o público de casa com estratégias ousadas dentro do jogo. Quase tudo foi feito por eles de modo enfadonho e “só pra constar”.
Confira abaixo cinco fatores que podem estar afastando o público do reality.
TUDO É PREVISÍVEL
Após 25 edições do programa, as dinâmicas se tornaram previsíveis. Depois que o Big Fone tocou pela primeira vez, os participantes começaram a fazer plantão ao lado do telefone, nos dias e horários prováveis em que ele poderia tocar. Quase sempre acertaram.
A semana turbo, em que há mais de uma formação de Paredão e mais de uma eliminação, foi prevista várias vezes por Daniele Hypolito. O início e o fim das festas do líder também foram adivinhados por quem estava na casa. Depois de tanto acompanhar edição atrás de edição, bastava fazer as contas.
As poucas novidades da temporada foram o “Barrado no Baile”, em que o líder vetava alguém de sua festa até que essa pessoa conseguisse cumprir uma tarefa, e a Vitrine do Seu Fifi, que ironicamente parece ter sido uma prévia da final do programa, com semanas de antecedência.
PROVA OU PUBLI?
Foram-se os dias em que a agilidade, a estratégia ou a resistência eram as protagonistas e era emocionante assistir às Provas do Líder no BBB. Agora, o que mais importa nas disputas é exibir as grandes logomarcas, os jingles e os slogans dos anunciantes.
A publicidade no BBB é a mina de ouro da Globo, que faturou mais de R$ 650 mil ainda antes de o programa começar. Fato. Mas é uma dureza o nome do patrocinador ser a única coisa que conseguimos entender nas explicações confusas das provas.
Até houve algumas disputas dificílimas, que exigiram muito fisicamente dos participantes, mas houve também provas que beiraram o ridículo, nas quais tudo o que importava era pular sobre grandes ingredientes de um Big Mac.
CADÊ O MEU CONTRATO?
As festas, diga-se de passagem, também foram dominadas pelas marcas. Muitas vezes, parecia que os participantes estavam mais interessados em garantir um contrato de publicidade após o programa. Nada contra, mas fica chato priorizar coreografias dos jingles a discussões sinceras.
E não é só nas festas que eles fogem de conflitos. Na Era Pós-Karol Conka, a grande maioria dos participantes tenta não se comprometer muito com nada, com medo da imagem que terão do lado de fora da casa quando saírem do confinamento. Para quem quer viver de “publi”, vale mais a pena sair cedo, mas não cancelado, do que vencer o prêmio.
NUNCA FOI ESTRATÉGIA, SEMPRE FOI SORTE
Muito se cobra dos participantes que eles sejam espertos, criem estratégias e joguem usando a cabeça, não o coração. Porém, algumas dinâmicas do programa simplesmente não favorecem quem faz isso. As provas Bate-Volta são o maior exemplo.
Após uma semana de articulações, você pode ter sido o gênio que colocou a casa inteira para votar em quem você queria, mas, no final, vai ter que contar mesmo é com a sorte. Levou 20 votos, mas escolheu a a porta certa? Você está livre e ainda ganha um brinde do patrocinador.
PELO FIM DO PAREDÃO TRIPLO
Outra dinâmica que já caducou foi o modelo de Paredão triplo. Por mais que haja três pessoas passíveis de serem eliminadas, a disputa fica sempre concentrada entre dois jogadores mais fortes terceiro, normalmente uma pessoa que não está envolvida em embates, fica de lado, recebendo poucos votos.
Foi assim que participantes considerados “plantas”, como Daniele Hypolito, Maike, Joselma, Vilma e até Diego Hypolito se salvaram —com porcentagens bem pequenas— de alguns Paredões, antes de serem eliminados.