Na última semana, o PL goiano desistiu de recorrer da decisão que suspendeu a inelegibilidade do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e a cassação do prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil). O ex-candidato à prefeitura da capital, Fred Rodrigues (PL), afirmou que o gesto não impacta 2026. Contudo, existem nomes na sigla que acreditam que pode ocorrer uma aproximação do senador Wilder Morais (PL), pré-candidato ao governo, com os governistas – entre eles, o também pré-candidato, vice-governador Daniel Vilela (MDB).
De fato, mesmo antes do recuo do recurso na Justiça, a prefeita de Formosa, Simone Ribeiro, que trocou o PL pelo União Brasil, justificava a mudança por acreditar na aliança das siglas em 2026, além da necessidade da parceria por recursos para seu município, um dos mais endividados do Estado. “Até porque, quem me garante que eles [os gestores Ronaldo Caiado e Daniel Vilela e o senador Wilder Morais] não estejam unidos lá na frente? São pessoas próximas e o município não pode pagar por isso”, disse.
Para ela, inclusive, o adversário do grupo de Caiado não é Wilder, presidente do PL goiano, mas o ex-governador Marconi Perillo (PSDB). “Mas ainda não dá para avaliar.”
Inclusive, esse gesto do PL, costurado nos bastidores entre Wilder, Fred e Caiado, conforme apurado, teria por objetivo encerrar as filiações de prefeitos no União Brasil, além de garantir o apoio do governador Ronaldo Caiado ao projeto de anistia aos condenados do 8 de janeiro, que pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em paralelo, o ex-presidente Jair Bolsonaro não esconde – assim como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – que quer fazer senadores em 2026. Nesse sentido, a manutenção de Wilder Morais na Casa Alta do Congresso, uma vez que tem mandato até 2030, seria mais interessante para Bolsonaro do que a saída dele do cargo para concorrer ao governo contra o grupo de Caiado, hoje um aliado em potencial. Analistas consultados pelo O HOJE não descartam essa possibilidade.
Aliança
Para o professor e cientista político Marcos Marinho, a aliança entre PL e União Brasil em 2026 é viável e desejada por ambos os lados, mas depende de negociações delicadas. “O cenário mais provável é uma chapa liderada por Daniel Vilela, com Gracinha Caiado e Major Vitor Hugo como candidatos ao Senado (lembrando que Gayer tem muita chance de ficar inelegível), apoiada por Caiado (que disputará a Presidência) e Bolsonaro (que prioriza senadoAres e a anistia). Wilder Morais, pressionado por Bolsonaro e pela força de Caiado, pode abrir mão da candidatura ao governo, focando em sua permanência no Senado e negociando algo para 2030.”
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Segundo ele, se a negociação “firmar”, a chance do PL ficar com dois senadores por Goiás é real. “Já Fred Rodrigues, com influência reduzida, deve buscar uma eleição a deputado federal, com grande chance de eleição, sendo um dos destaques da base caiadista”, avalia Marinho.
“A dominação de Bolsonaro no PL será decisiva para definir os rumos do partido, mas sua dependência de Caiado para avançar a anistia do 8 de janeiro cria um equilíbrio de forças. Caiado, por sua vez, precisa navegar entre sua ambição presidencial e a necessidade de manter a unidade da direita, evitando conflitos com Bolsonaro e se expandindo para além de Goiás levado pela mão do ex-presidente. A articulação de Major Vitor Hugo será crucial para costurar essa aliança, enquanto Wilder e Fred enfrentarão desafios para manter relevância em um cenário dominado por Caiado e Vilela”, completa.
Por fim, ele entende que a narrativa de unidade da direita pode gerar efeitos indesejados, dado o histórico de rivalidades e interesses pessoais. A esquerda, embora enfraquecida em Goiás, pode capitalizar divisões na direita, especialmente se Marconi Perillo se posicionar como alternativa, conclui Marinho.