Kim Gordon: ‘É importante questionar a autoridade’ – 03/05/2025 – Ilustrada

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Ela canta, toca baixo e guitarra. Com sua antiga banda, o Sonic Youth, uma das principais do rock alternativo das décadas de 1980 e 1990, inspirou muitas garotas a irem atrás do sonho de serem estrelas do rock. Fora isso, virou um ícone da moda ao ser fotografada para campanhas da Saint Laurent e da Gucci.

Por seus predicados, Kim Gordon é uma das artistas mais “cool” de sua geração, adorada tanto pelo público que frequenta desfiles de moda quanto por quem está de All Star sujo no gargarejo de um show de rock num inferninho qualquer ou num festival de música.

No ano passado, ela lançou seu segundo disco em carreira solo, à qual tem se dedicado desde o fim do Sonic Youth, banda na qual tocava baixo e cantava. O conjunto, conhecido por alternar a composição de músicas de apelo pop com outras mais experimentais, que testavam a paciência do ouvinte com seus infinitos minutos de guitarras dissonantes, fez seu último show em São Paulo, há quase 15 anos.

Em “The Collective”, Kim trocou o baixo pela guitarra e o rock pelo rap, optando por uma sonoridade hipnótica e repetitiva em cima da qual canta, por exemplo, sobre a masculinidade perdida. “Não me chame de tóxico/ só porque eu gosto da sua bunda” diz a letra de “I’m a Man”.

Mas nem todas as letras de Kim têm tom politizado e feminista. Na primeira faixa do disco, “Bye Bye”, ela enumera seus compromissos e faz uma lista de itens que poderia levar numa mala de viagem —”comprimidos para dormir, tênis, botas, vestido preto, camiseta branca, remédios”. É nonsense e debochado, também a cara da artista.

É este álbum que a cantora de 71 anos traz a São Paulo num concerto no festival Popload, em 31 de maio, no parque Ibirapuera, e em outra apresentação no dia seguinte, no Cine Joia, também na capital paulista. O show “é como o disco”, ela diz, em entrevista por vídeo. “É meio que música dançante.”

Ela conta que a sonoridade, totalmente distinta da que praticava com o Sonic Youth e que adotou já em seu primeiro disco solo, “No Home Record”, de 2019, se deve à mão do produtor Justin Raisen, também responsável por trabalhos dos roqueiros do Yeah Yeah Yeahs e da diva da geração Z Charli XCX.

“Eu disse a ele que queria fazer mais coisas com batidas, porque é mais fácil para mim pensar nas letras dessa forma. Eu não tenho uma grande extensão vocal, então eu gosto de espaço e ritmo”, ela afirma, com sua característica voz rouca, exatamente igual à dos discos do Sonic Youth.

Ao lado de Courtney Love, líder do grupo Hole, e Shirley Manson, vocalista do Garbage, Kim deu uma cara feminina ao rock alternativo dos anos 1990. Questionada se ficou mais fácil ser uma mulher na música independente de lá para cá, a cantora responde que esta não parece ser a pergunta certa a ser feita agora.

“Honestamente, quando há mulheres sendo presas por aborto espontâneo na Geórgia ou na Virgínia, ou qualquer estado conservador [dos EUA], é muito difícil pensar em como as mulheres estão se saindo na música”, ela diz, sempre sucinta e direta nas respostas.

Kim é uma humanista que se coloca contra o governo de Donald Trump, como deixam claro seus posts no Instagram. Em um, por exemplo, ela aparece com uma camiseta com a estampa “Golfo do México”, em resposta à tentativa forçada do presidente americano de mudar o nome do canal para Golfo da América.

Embora as manifestações políticas em sua arte não sejam explícitas ou panfletárias, ela afirma considerar que a música com a qual sempre se envolveu é uma forma de protesto, a começar pelo Sonic Youth, uma banda “contra as grandes corporações”, na sua definição.

“Mas isso mudou alguma coisa? Não. Eu acho que é importante questionar a autoridade, basicamente. E a música pode fazer alguém questionar a autoridade. Então acho isso positivo.”

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