Quando falamos em sustentabilidade, muita gente ainda associa o conceito a sacolas ecológicas, canudos de metal e campanhas educativas em empresas de consumo de massa. Sim, isso é uma forma de sustentabilidade, mas o que pouca gente percebe é que a mudança de verdade só acontece quando marcas de todos os segmentos, inclusive as de alto padrão, assumem a responsabilidade de liderar esse movimento.
Sustentabilidade não é apenas uma pauta social: ela abrange estratégias de negócios, garante diferencial competitivo e é, sobretudo, um valor que guia escolhas conscientes. Um exemplo disso, que vivi na própria pele, foi a parceria com a Volvo, que, em 2024, me convidou para testar o modelo C40 Plus, um veículo elétrico que une design, sofisticação e um compromisso real com a sustentabilidade.
A experiência foi transformadora, não apenas por poder dirigir um carro que representa o futuro, mas por perceber como uma empresa tradicional do setor automotivo de alto padrão tem incorporado, de forma séria e consistente, práticas que respeitam o meio ambiente. E o melhor de tudo: minha família, especialmente meus filhos, adoraram o test drive.
Há quem associe luxo a excessos e há quem acredite que ser sustentável é abrir mão de sofisticação – eu cheguei a pensar assim uma época -, mas o que vivi com a Volvo desconstrói esse pensamento. O modelo elétrico C40 Plus é 100% livre de couro animal, prioriza materiais reciclados e foi pensado com foco na eficiência energética e na segurança – tudo isso com um design impecável e performance de alto nível. Sustentabilidade, aqui, não é concessão, mas sim uma proposta de valor.
Não é merchandising; é um test drive cheio de propósito
Depois da divulgação do test drive no Instagram, muita gente veio me questionar sobre o que “prego” em relação à sustentabilidade e como um carro como o da Volvo não seria “sustentável para o bolso de todos”. E está tudo bem, porque essa é uma questão legítima.
Porém, o objetivo da parceria não foi esse. O que eu quis mostrar com essa experiência é que uma grande empresa como a Volvo é, sim, sustentável. É possível optar por alternativas que fazem menos mal ao planeta e que grandes marcas têm o poder (e a responsabilidade) de inspirar mudanças reais.
Compartilhei algo que aprendi, porque, sim, aprendi MUITO. Conversei com profissionais incríveis que me explicaram os valores da marca e os materiais usados na fabricação dessas máquinas de grande potência. Não só sobre o carro em si, mas sobre o que ele representa. Não foi ostentação: apenas trouxe um novo viés ao debate sobre impacto x propósito – e foi uma baita honra fazer parte disso.
Também acho importante dizer por que aceitei esse convite: admiro empresas que buscam a inovação com responsabilidade ambiental. E, talvez mais importante ainda, gosto de sair da minha bolha. Carros não são minha especialidade, então poder vivenciar algo novo me permite estudar, aprender, questionar e formar opinião com base.
O dia em que fui buscar o carro com minha família foi simbólico. Juntar trabalho com aprendizado e com quem amo é uma forma poderosa de colocar em prática tudo o que eu defendo. Foi um marco pessoal: conversas ricas, descobertas e, acima de tudo, a vivência de um valor essencial para minha educação e desenvolvimento contínuo.
A agenda ambiental no setor de luxo
A meta da Volvo é clara: ser neutra em carbono até 2040. Para isso, pretende reduzir em 75% as emissões de CO₂ por veículo até 2030, eliminar gradualmente os motores a combustão e tornar-se uma montadora 100% elétrica. Tudo isso vem acompanhado de ações internas, como a redução de 30% das emissões em suas operações e cadeias logísticas.
Mas a Volvo não está sozinha. O setor de luxo tem mostrado que é possível (e urgente) fazer diferente. A Gucci, por exemplo, neutralizou 100% de suas emissões de carbono a partir de 2018 e implementou rastreabilidade total de suas cadeias produtivas, enquanto a Stella McCartney lançou, uns anos atrás, em parceria com a Candiani Denim, o primeiro jeans stretch 100% biodegradável do mundo, feito com fibras vegetais.
Mais um exemplo: a Hugo Boss anunciou a expansão do programa Pre-Loved, voltado à revenda de peças usadas, fortalecendo sua estratégia de circularidade. São esses movimentos que mostram que sustentabilidade não é um obstáculo à inovação; pelo contrário: quando a liderança está engajada, a criatividade floresce, os processos evoluem e as marcas conquistam um consumidor mais consciente, exigente e conectado com o futuro.
Quando propósito e sofisticação andam juntos
Durante a experiência com a Volvo, pude conversar com engenheiros e especialistas da marca, fiz perguntas, questionei e aprendi. Mais do que um test drive, foi uma aula sobre como cada escolha de produto pode carregar um impacto – positivo ou negativo – e como empresas com voz, alcance e poder de influência têm o dever de puxar a fila da mudança.
A mudança começa de cima. São os executivos, os conselhos e os CEOs que definem se a sustentabilidade vai ser apenas um pilar de marketing ou uma diretriz transversal a toda a cadeia de valor. E quando a liderança assume esse papel com coerência, todos os colaboradores se tornam parte dessa transformação.
Então, o que aprendi com essa parceria é que luxo e sustentabilidade não são opostos. Quando andam juntos, mostram que é possível fazer mais com menos impacto, entregar beleza com responsabilidade e construir um futuro mais consciente com escolhas que inspiram.
Repito: não é sobre ostentação, é sobre propósito. E sobre marcas que têm coragem de liderar, mesmo quando a estrada ainda está sendo pavimentada. É um começo, nada ainda está perfeito, mas precisamos acelerar e apoiar as mudanças verdadeiras.
Faça escolhas conscientes em seu consumo! Seja um agente de transformação.
Autora:
Luciana Lancerotti é consultora e palestrante na área de Marketing com práticas sustentáveis para o mundo corporativo. Ex-CMO da Microsoft, possui mais de 32 anos de experiência em grandes empresas.
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