Por Ivan Ramos, diretor executivo FECOAGRO
Diferentemente do que tem ocorrido nos últimos anos, a previsão de colheita da safra de grãos em Santa Catarina para este ano é bem mais otimista. Quando se conversa com as entidades do setor que acompanham o comportamento das lavouras, a informação é de que, apesar da redução na área plantada com milho, a produtividade é recorde — média de 9.700 quilos por hectare, ou seja, 162 sacos, segundo a Epagri.
A média nacional, de acordo com o IBGE, é bem inferior, variando entre 4 mil e 6 mil quilos por hectare, somando as duas safras. Portanto, a produtividade catarinense é quase o dobro da média brasileira. Segundo as cooperativas do estado, há lavouras que superam 250 sacos por hectare, ou seja, mais de 15 mil quilos. Uma produtividade desse nível reanima o agricultor a voltar a investir no milho, diferente dos últimos anos, quando muitos optaram pela soja — uma cultura com maior liquidez, possibilidade de vendas futuras e menor custo de produção.
Para Santa Catarina, embora isso não resolva todos os desafios, o aumento da produção de milho é extremamente positivo, considerando o elevado consumo interno, impulsionado pela forte presença de agroindústrias. É o que o ex-governador Esperidião Amin chamava de “um bom problema”: se temos insuficiência de milho, é porque nossas agroindústrias estão gerando valor, transformando grãos em proteína animal (carnes suína e de aves), beneficiando, assim, os próprios produtores de milho.
Mas afinal, o que contribuiu para essa alta produtividade do milho em SC neste ano?
Certamente, são diversas as variáveis, mas o avanço tecnológico é uma das principais. A conscientização dos agricultores sobre a importância de investir em tecnologias no momento da implantação da lavoura impacta diretamente os resultados. O uso de sementes de alto potencial genético, fertilizantes especiais com micronutrientes, práticas de manejo para controle de pragas (como a cigarrinha), somados ao comportamento climático favorável — com chuvas nos momentos certos — formaram o cenário ideal.
Nesse contexto, merece destaque o apoio do programa Terra Boa, do Governo do Estado. A correção do solo com acompanhamento técnico, análises laboratoriais, o fornecimento de sementes e calcário subsidiados têm sido fundamentais, especialmente para os pequenos agricultores, que muitas vezes não teriam acesso a essas tecnologias por conta própria.
Em regiões onde havia resistência ao uso de sementes melhoradas devido ao custo, o Programa Troca-Troca mudou a visão. Com subsídios oferecidos pelo Estado, o uso de sementes de alta performance e tecnologias de manejo se tornaram mais acessíveis, estimulando a adoção de práticas modernas e eficientes.
Todos sabemos que, sem o Terra Boa, muitos pequenos agricultores não teriam acesso às tecnologias mais avançadas. Por isso, é necessário continuar incentivando o uso dessas ferramentas — seja em sementes, fertilizantes ou técnicas de manejo — para que, ao menos, consigamos estabilizar a produção de milho em Santa Catarina.
E àqueles que ainda colocam em dúvida os resultados desse programa, recomenda-se consultar as estatísticas de produção dos últimos 20 anos. Fica evidente que a parceria entre o Governo do Estado, as cooperativas e as agroindústrias tem permitido aos agricultores produzir mais, na mesma área, fortalecendo a agroindústria e impulsionando a economia catarinense.
Pense nisso.
Fonte: Fecoagro