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O parque da Água Branca, na zona oeste da cidade, está se transformando depois de passar para o controle da concessionária Reserva Parques, em 2022. Já não se vê no local as galinhas, patos e gansos que andavam livremente. A tradicional feira de produtos orgânicos que acontece lá também mudou de lugar. Deixou um extremo do parque e foi parar no outro, no último trimestre do ano passado.
A feira, que surgiu em 1991, não vai acabar, até porque cativa muitos visitantes habituais, eventuais e de classe média, que consomem as frutas, legumes, verduras e outros produtos sem agrotóxicos e feitos de maneira biológica oferecidos nos seus balcões. Ela funciona terça-feira, sábado e domingo e tem entre seus atrativos um saudável e apetitoso café da manhã.
Trata-se de um ponto de encontro para pessoas que a visitam livremente, gente de todas as idades e vários casais com filhos pequenos. Além disso, para a concessionária, é um negócio bem interessante, tanto pelos ganhos de locação quanto pelo público qualificado que o frequenta.
Mas os comerciantes reclamam que o local atual é muito apertado e traz alguns problemas logísticos para carregar e descarregar as mercadorias. Antes tudo era feito ao lado do galpão. Agora, quando encerram as atividades, precisam percorrer algumas centenas de metros até os caminhões e picapes para transportar sua carga.
“Esse lugar é horrível”, diz o agricultor Edson Antônio Ruiz, 59, que há dez anos mantém um ponto de venda no local. “O antigo galpão era bem maior e havia mais espaço para trabalhar.” Hoje, os feirantes trabalham encolhidos e têm pouco espaço para se movimentar atrás dos balcões.
Outra questão crítica é o aluguel. Ruiz diz que seus custos com locação aumentaram substancialmente. “Quando era do governo pagava R$ 800 reais e agora, depois da privatização, desembolso quase R$ 2 mil por mês”, conta.
O apicultor Júlio de Oliveira, 65, desde 2008 na feira, segue a mesma linha. “Pagava R$ 600 de locação e agora o custo foi para R$ 1,7 mil”, afirma. Como efeito desse aumento, os feirantes tiveram que elevar os preços dos produtos, mas o repasse foi parcial para não assustar os clientes. “Não repassamos tudo e diminuímos nossas margens de lucro”, conta.
Para efeito ilustrativo, um quilo de tomate no parque sai por R$ 16,00, dobro do preço das feiras livres, e 700 gramas de pinhão, produto cujo quilo se encontra por R$ 9,00, custa R$ 22,00. Um saquinho com 50 gramas de ora-pro-nóbis vale R$ 8,00.
Já o agricultor José Carlos Gonçalves, 58, diz que os custos de locação não aumentaram e representam 5% do faturamento. “Quem disse que aumentou é porque está vendendo mais”, afirma. “Nós temos uma associação muito ativa que rejeitou as propostas exageradas da concessionária.”
Segundo ele, o maior problema é a diminuição da frequência. “Os frequentadores começaram a questionar a ausência dos bichos”, conta. “Muitos visitantes eventuais que vinham aqui para vê-los deixaram de vir. Percebi uma queda de 20% nos consumidores, mas ela vem se recuperando.”
Gonçalves diz que a privatização dos parques nunca é muito bem-vinda porque tende a afastar os clientes de classe mais baixa, que passam a pagar estacionamento e veem os preços dos produtos de consumo subirem.
A concessionária já adiantou que a atual localização da feira é provisória e que os comerciantes serão transferidos para uma nova área próxima das arquibancadas do parque. Um projeto arquitetônico foi contratado e a mudança deve acontecer ainda em 2025. Espera-se que a situação melhore.
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