Estabilidade, infraestrutura e cultura: por que as melhores cidades para morar adotam práticas inteligentes

Nem megacidades, nem hubs globais. As campeãs do “Índice Global de Habitabilidade” são locais com alto desenvolvimento humano e que usam conceitos de smart cities. / Foto: Dan V (Unsplash)


[05.05.2025]
Por Redação Ecosystems.Builders

Durante séculos, impérios e nações autônomas travaram disputas por territórios, rotas comerciais e influência no cenário global. No século XXI, as cidades é que estão emergindo como os principais motores de crescimento econômico e inovação, desempenhando um papel mais proeminente do que os países em muitos aspectos. 

Atrair moradores, turistas e empresas que respeitem sua vocação econômica é o desafio que hoje está mais na mão de prefeituras e entidades municipais do que de líderes estaduais e nacionais. 

As cidades são classificadas em três categorias (McKinsey, 2011): hubs globais, megacidades e cidades de acesso. Nova York e Londres, exemplos de hubs globais, são centros econômicos onde talentos e riquezas fluem. Megacidades como Mumbai, São Paulo, Cairo e a Cidade do México são grandes centros populacionais que influenciam regiões inteiras.

Já cidades de acesso, como Dubai e Kuala Lumpur, são importantes para o acesso a mercados emergentes e estão rapidamente se tornando centros de inovação, turísticos e financeiros. Algumas destas cidades estão cada vez mais se posicionando como entidades autônomas e influentes, muitas vezes superando os países aos quais pertencem em termos de importância econômica e cultural​.

Mas há desafios urbanos impostos a estas cidades – alto custo de vida, falta de mobilidade urbana, desigualdade social e criminalidade – que afetam diretamente a qualidade de vida de sua população. Estudo recentemente publicado pela mais importante publicação financeira do planeta, a revista The Economist, vai além do tamanho do PIB e do contingente populacional para determinar o “Índice global de habitabilidade”. 

O Economist Intelligence Unit’s (EIU) Global Liveability Index de 2023 classifica as cidades com base em 30 fatores em cinco amplas categorias: estabilidade, saúde, cultura e ambiente, educação e infraestrutura. Cada fator é avaliado como aceitável, tolerável, desconfortável, indesejável ou intolerável. 

De acordo com o índice, as melhores cidades para se viver no mundo são:

1. Viena, Áustria
2. Copenhagen, Dinamarca
3. Melbourne, Austrália
4. Sydney, Austrália
5. Vancouver, Canadá
6. Zurich, Suíça
7. Calgary, Canadá
8. Genebra, Suíça
9. Toronto, Canadá
10. (empatadas) Osaka, Japão; e Auckland, Nova Zelândia

Em comum, o fato de que muitas delas já adotam iniciativas de desenvolvimento urbano que priorizam os conceitos de “smart cities“. É o caso da líder Viena, que não por acaso combina de maneira equilibrada estabilidade social, boa infraestrutura, forte educação e serviços de saúde, além de muita cultura e entretenimento. Ambiente seguro e acolhedor, a ex-capital do império austro-húngaro é conhecida por sua beleza arquitetônica e histórica e um vibrante cenário cultural e artístico.

Além disso, Viena se destaca por seu equilíbrio entre paisagens naturais e o ambiente urbano, possuindo um dos maiores espaços verdes do mundo. Seu sistema de transporte público é modelo de eficiência e diversificação de modais, com ônibus elétricos, amplas ciclovias e um sistema de compartilhamento de bicicletas e scooters

A cidade também investiu no uso racional de energia, gerenciando uma das maiores redes de aquecimento urbano da Europa e promovendo a refrigeração urbana como uma solução ambientalmente correta. O objetivo é reduzir as emissões de gases poluentes em 80% até 2050 e, para isso, tem colocado em prática projetos envolvendo gerenciamento de energia em edifícios inteligentes, soluções de rede de baixa tensão para prédios e apartamentos individuais e o desenvolvimento de um datacenter municipal para gerar estes dados. Em 2019, Viena foi classificada em primeiro lugar no Índice de Estratégia de Cidade Inteligente (2019), superando outras 153 cidades em todo o mundo.

A segunda colocada, Copenhague, também é presença constante no ranking das melhores cidades para morar. A capital dinamarquesa é um exemplo clássico de smart city, com seu legado urbanístico sendo referência para cidades em todos os continentes. 

MELBOURNE: COMUNIDADE ACIMA DA TECNOLOGIA

Melbourne, terceira no ranking, tem entre suas abordagens inovadoras a implantação de lixeiras inteligentes equipadas com sensores para informar quando precisam ser esvaziadas, reduzindo o tráfego desnecessário de caminhões de lixo. Além disso, está implementando um programa de iluminação de rua que gera menos emissões que as luzes de rua convencionais e planeja também a instalação de sensores de estacionamento para otimizar a rotatividade de vagas e apoiar negócios locais. 

Como afirma a prefeitura, o objetivo da cidade não é correr atrás das últimas tecnologias. Em vez disso, o foco é trabalhar com a comunidade (residentes, trabalhadores, empresas, estudantes e visitantes) para projetar, desenvolver e testar as melhores maneiras de viver, trabalhar e se divertir na cidade. O papel das  inovações tecnológicas é apoiar a criação e o desenvolvimento dessas experiências.

OS EXEMPLOS CANADENSES

O Canadá é o único país das Américas com cidades na lista das melhores para morar, e dá exemplos como o de Vancouver, pioneira ao exigir que todas as novas casas instalem fiação para futuras estações de carregamento de veículos elétricos. A cidade também analisa dados de milhares de carros para otimizar rotas e estratégias de redução de combustível​​​​. 

Toronto, uma das maiores cidades do país, anunciou há dois anos um projeto para redesenhar os piers em volta do lago, região conhecida como Waterfront. Assinado por uma série de estúdios de design, o espaço terá 800 apartamentos com preços acessíveis, uma fazenda no rooftop, espaços de arte e um parque florestal.

VISÃO DE FUTURO: EQUILÍBRIO E CONEXÃO COM COMUNIDADE

Como analisou a The Economist ao divulgar o ranking, o índice de qualidade de vida sugere que a vida nas cidades está melhor do que em qualquer outro momento nos últimos 15 anos, embora não em todos os lugares (especialmente em função de conflitos armados e crises econômicas). O recado é que cidades “equilibradas” – não muito grandes ou pequenas – e que tenham uma visão de desenvolvimento inteligente, resolvendo suas demandas urbanas com participação comunitária e apoio da tecnologia, caminham para se tornarem lugares melhores para se viver. E assim atraem o ciclo virtuoso de desenvolvimento econômico e social.

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