“País terá antes e depois da COP30”, diz executivo da Hydro

O executivo Anderson Baranov, CEO da Hydro Brasil, empresa norueguesa líder da indústria de alumínio e energias renováveis, presente em 40 países, vê com otimismo a realização de um dos maiores eventos mundiais sobre mudanças climáticas, a Conferência das Partes, conhecida como COP 30, que acontece em novembro de 2025 em Belém, no Pará. O executivo afirma que o Brasil terá um antes e depois da COP30, e que o evento deve destravar uma série de investimentos em sustentabilidade no país. Segundo ele, o Brasil tem toda a condição de liderar os investimentos verdes em todo o mundo.As declarações foram dadas em entrevista ao programa VEJA S/A, comandada pelo jornalista Diego Gimenes. Engajada na construção de um futuro mais sustentável, a Hydro é a proprietária da refinaria de alumínio Alunorte, localizada no Pará, que é considerada a maior do mundo fora da China.Anderson Baranov lembrou que a importância de realizar uma COP na Amazônia teve destaque no último evento, em Dubai, onde esteve presente o governador do Pará, Helder Barbalho. “A presença do governador e seu discurso, ressaltando que o evento (Conferência das Partes) que está vindo para o Brasil, para a Amazônia, será oportunidade para o mundo entender os desafios da Amazônia, e saber como ajudar e como investir. Os que aqui estarão, virão para entender, para aprender e para ajudar”, disse o CEO à VEJA.No entendimento de Baranov, esse pode ser o maior legado. “Se todo mundo entender que a Amazônia precisa realmente de investimentos, de suporte, porque realmente é o pulmão do mundo, isso tem um valor muito grande para a sociedade mundial”. “Acho que a gente tem aí uma chance muito grande, fora o legado de infraestrutura que a cidade vai ter. Acho que é uma oportunidade muito grande”, frisou.Segundo o executivo, o Estado do Pará e o Brasil estão engajados em vários fóruns mundiais, discutindo não apenas na COP, mas em eventos mundiais que discutem propostas para o clima, como o Fórum Econômico Mundial, realizado em janeiro deste ano na cidade suíça de Davos. “Vejo o Brasil bastante forte nessas discussões, não apenas na parte política, mas com o envolvimento de associações, de empresas e outros segmentos da sociedade”, destaca Anderson Baranov.EMISSÕES DE CARBONOO executivo da Hydro informou, durante a entrevista, que a empresa anunciou, recentemente, um investimento de R$ 1,6 bilhão para reduzir em um terço as suas emissões de carbono. O jornalista Diego Gimenes perguntou ao CEO, o que, na prática, muda nos processos, na produção da companhia aqui no Brasil, e em quanto tempo essa redução nas emissões deve acontecer.“O gás chegou no início desse ano e foi disponibilizado para a Hydro no Norte, que é a maior refinaria do mundo. Esse processo de transição energética já se iniciou.Agora, em agosto, a gente está trocando toda a operação de óleo combustível pelo gás natural, o que, como você mencionou, reduz muito a pegada de carbono. E até o final do ano a gente completa 100%, porque a gente vai ter completa as nossas caldeiras elétricas também, que farão com que a operação seja 100% na transição energética do gás”, explicou. Segundo ele, o investimento das caldeiras foi de 360 milhões.“A produção da Hydro aqui no Brasil, a fábrica da Alunorte, tem uma atividade que, por si só, é bastante ‘poluidora”, digamos assim. Nosso compromisso é conciliar essa necessidade de produzir, de manter as fábricas funcionando, de manter esse segmento na ativa, com a necessidade de se preservar, uma questão que virou tão importante e que ganhou tanto espaço, principalmente a agenda ESG (sigla para Enviroment, Social, Governance), que virou uma exigência dos investidores e também dos gestores, sejam eles brasileiros, seja internacionais”, reforça o executivo.O conceito de ESG – Meio Ambiente, Social e Governança, em tradução livre – reúne as políticas de meio-ambiente, responsabilidade social e governança, e está sendo cada vez mais cobrado das empresas. “Nossa cadeia (de produção) começa com a mineração, que é a bauxita ilumina lá em Paragominas, Através de um mineroduto de 244 km, a gente transfere essa bauxita com água, o que diminui também o CO2. É o único mineroduto no Brasil de bauxita e alumina”, explica.“A Hydro sempre esteve na vanguarda, sempre buscando, até pela sua origem norueguesa, sempre buscando estar na frente das exigências de mercado e dos órgãos ambientais. A Hydro sempre seguiu a legislação, manteve essa preocupação com o meio ambiente, independente dessa última pegada ESG, e agora está na vanguarda, trazendo muita tecnologia”, destacou o entrevistado à VEJA S/A.Segundo o executivo, a empresa tem a determinação de não ter mais empilhamento nas barragens. “A Hydro vem sempre investindo em tecnologia, e os novos investimentos preveem a transição energética, trazendo o gás, fazendo com que a operação seja cada vez mais limpa, cada vez mais conectada com as legislações e as melhores práticas de mercado, sem nunca esquecer a sociedade”, destacou.“A Hydro está sempre preocupada em fazer com que a sociedade seja mais viável, não só no seu entorno, mas em geral. Nós começamos a fazer o ‘dever de casa’ nos sete municípios no Pará, onde atuamos, incluindo mineração e a refinaria, além dos demais por onde o mineroduto passa. Realizamos trabalhos intensos no Pará e estamos sempre muito conectados não apenas com as agências reguladoras e as agências ambientais, mas também através das associações, sempre buscando melhores práticas de mercado e sempre em sinergia com o mercado global”, informou.

Segundo Anderson Baranov, a Norsk Hydro ASA ( Hydro ) é uma multinacional norueguesa com sede em Oslo, que tem na produção de alumínio o seu principal negócio. A empresa possui e opera vários negócios ao redor do mundo, investindo em indústrias sustentáveis. “Os noruegueses e os ativistas nórdicos, acompanham de perto essa evolução, essa transição nos trabalhos aqui no Brasil”, concluiu, lembrando que a Noruega é a maior financiadora do Fundo Amazônia.QUEM É BARANOVAdministrador de empresas com mais de 30 anos de experiência em cargos de liderança em engajamento de stakeholders, comunicação, compliance, inovação, sustentabilidade, gestão de crises e desenvolvimento de negócios, o CEO da Norsk Hydro Brasil e Vice-Presidente Sênior de Assuntos Externos da Norsk Hydro, tem desempenhado um papel significativo em importantes associações industriais no Brasil e no exterior, atuando como presidente e membro do conselho. Essas associações incluem a ABAL (Alumínio – Presidente do Conselho), SIMINERAL (Mineração – Presidente da Associação), IBRAM (Mineração – Conselho de Administração), ABRACE (Energia – Vice-Presidente do Conselho), ABTP (Logística – Conselho de Administração) e, atualmente, sou membro do Conselho da BRATECC.

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