Saiba como substituir suplementos por alimentação saudável

Enfileiradas nas prateleiras, as caixas de suplementos e vitaminas que anunciam auxiliar o fortalecimento do sistema imunológico se multiplicam. Com diferentes versões voltadas para cada gênero, faixa etária e objetivo pretendido, os produtos podem superar o valor de R$ 100 por caixa, mas até que ponto essas vitaminas são realmente necessárias para fortalecer o sistema imunológico?Alergista, imunologista e professor da Universidade do Estado do Pará (Uepa), o médico pediatra Bruno Paes Barreto lembra que é preciso considerar, antes de qualquer coisa, que indivíduos adultos saudáveis e que mantêm uma alimentação equilibrada com macro e micronutrientes, em teoria, não precisam de suplementos para melhorar o sistema imunológico.CONTEÚDO RELACIONADO:Suplemento deve ter indicação de médico ou nutricionistaTire todas as suas dúvidas sobre os suplementos alimentaresNo entanto, ele destaca que “indivíduos com deficiência de micronutrientes, como vitaminas e minerais, podem ter seu sistema imunológico fragilizado como, por exemplo, deficiências de vitaminas C, D, E, Zinco, visto que estes micronutrientes participam da resposta imunológica, ativando células imunológicas como linfócitos e macrófagos”.O imunologista esclarece, ainda, que a suplementação pode ser necessária no caso das crianças e dos idosos, mas precisa ser feita a partir da adequada orientação médica.Quer mais notícias de saúde? Acesse nosso canal no WhatsApp!“Nos extremos da vida, crianças e idosos, o sistema imunológico é menos ativo, por isso são as faixas etárias prioritárias para as imunizações. Por isso, também, se deve fazer suplementação de micronutrientes (vitaminas e minerais) nesta faixa etária. Complementação com probióticos nestes grupos pode ser estratégia importante”, considera. “Mas a suplementação deve ser indicada, de preferência, por médicos, já que existem ajustes prescritivos de acordo com peso e idade, nas crianças, além de comorbidades no caso dos idosos”.ADULTOSNo caso dos indivíduos adultos saudáveis, as medidas a serem consideradas para manter uma boa imunidade estão mais relacionadas à adoção de hábitos simples do dia a dia, do que à ingestão de alguma suplementação. “O estilo de vida saudável, a prática de exercícios, o equilíbrio emocional e a dieta adequada em macro e micronutrientes são suficientes para uma adequada imunidade”, aponta o dr. Bruno, ao destacar que a alimentação se destaca entre esses fatores.“O papel da alimentação é total! Quer seja a alimentação insuficiente do ponto de vista proteico-calórico levando à desnutrição, deficiência de macro e micronutrientes e impacto na imunidade; quer seja o excesso calórico onde as crianças têm uma ingesta hipercalórica, porém com deficiência seletiva de micronutrientes. Neste caso, também, embora as crianças estejam com peso adequado ou até com sobrepeso, a qualidade do alimento impactaria na função imunológica”.A nutricionista e mestre em epidemiologia Danielle Carneiro Farias esclarece que os alimentos ingeridos pelo indivíduo podem contribuir para uma imunidade mais eficiente. “Todos os alimentos vão possuir macronutrientes, que vão trazer energia e outras funções para o corpo, e micronutrientes, como as vitaminas, os sais minerais e consideramos também as fibras”, esclarece, ela que também é delegada junto à Associação Brasileira de Nutrição, representando a Associação de Nutricionistas do Estado do Pará.“Essas vitaminas e sais minerais, principalmente, vão estimular a nossa imunidade, combatendo radicais livres, estimulando nossos agentes de defesa, fazendo com que o nosso metabolismo funcione tentando eliminar qualquer tipo de ação nociva à saúde do indivíduo. Então, é por isso que com uma alimentação balanceada, rica não só dos macronutrientes – como carboidratos, proteínas e lipídios-, mas também das vitaminas e dos sais minerais, eu consigo garantir uma maior imunidade”.Danielle explica que, dentro desse contexto, existem alguns tipos de alimentos que possuem maior eficiência no fortalecimento da imunidade do indivíduo, como é o caso das frutas e hortaliças, que possuem mais vitaminas e sais minerais. No caso das hortaliças, ela destaca as de cor verde-escura, que possuem maior concentração de vitaminas e sais minerais. Mas lembra que, na busca por uma alimentação saudável e que privilegie o fortalecimento da imunidade, o importante é manter uma boa diversidade de cores.“Cada cor vai representar um nutriente. Alimentos, por exemplo, verde-escuro, como a couve e o brócolis, vão ter minerais e vitaminas do complexo B, que vão estimular o nosso exército de defesa para que possa aumentar a nossa imunidade. As frutas, vegetais, hortaliças e leguminosas amarelas, alaranjadas, avermelhadas – como, por exemplo, o melão, o tomate, o morango, a cenoura, a abóbora – são alimentos que vão trazer tanto vitamina C, quanto vitamina A e alguns vão trazer outros benefícios também. São alimentos que vão ter uma capacidade boa de vitaminas para combate aos radicais livres”.Nesse sentido, Danielle reforça que manter uma alimentação balanceada e diversificada entre os grupos de alimentos torna melhor o aproveitamento dos macronutrientes e suas funções e dos micronutrientes, também com as suas funções. “Uma alimentação balanceada, equilibrada entre os macros e micronutrientes, equilibrada nas suas porções, nas suas ofertas, com variedade, de forma colorida, com certeza vai garantir uma maior imunidade ao sistema”.FEIRASPara quem trabalha há mais de quatro décadas com a venda de legumes e verduras, como o feirante Flávio Ribeiro, 64 anos, não é difícil variar nos nutrientes que vão para o prato. Ele conta que, desde a infância, a alimentação rica em legumes e verduras foi o que sempre garantiu uma boa saúde em casa. “A nossa alimentação é sempre com muita variedade. Uma coisa que é muito boa é o sopão, que vai tudo já separado para fazer a sopa: jerimum, maxixe, quiabo, tomate, couve”, conta, ao mostrar o kit com os legumes já cortados que ele comercializa por R$10 o pacote. “Essas coisas são saudáveis porque vem tudo da terra. Quando eu era criança o que a gente consumia muito eram essas verduras, legumes e galinha de quintal, criada só com milho mesmo. Era uma alimentação muito saudável”.A variedade de cores de legumes, frutas e verduras também não falta na alimentação do feirante Anderson Noronha, que também trabalha com a comercialização de legumes e hortaliças. “Não pode faltar verdura no cozido, no guisado, a saladinha também. É o que ajuda a manter a imunidade boa, além do açaí que é o nosso prato principal”.
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