EUA: CDC vai investigar ligação refutada vacinas e autismo – 09/03/2025 – Equilíbrio e Saúde


O CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) americano planeja conduzir um estudo em larga escala para voltar a avaliar se existe uma associação entre vacinas e autismo, disseram autoridades federais na última sexta-feira (7).

Dezenas de estudos científicos até o momento refutaram evidências de uma ligação entre elas, mas o órgão americano, agora sob a supervisão do Secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr., que há muito expressa ceticismo sobre a segurança das vacinas, prometeu revisar os dados.

“Como o presidente Trump disse em seu discurso conjunto ao Congresso, a taxa de autismo em crianças americanas disparou. O CDC não deixará pedra sobre pedra em sua missão de descobrir o que exatamente está acontecendo”, disse Andrew Nixon, porta-voz do Departamento de Saúde e Serviços Humanos, em um comunicado na sexta (7).

Nixon não ofereceu detalhes sobre o escopo ou a metodologia da pesquisa. A notícia do estudo foi relatada pela primeira vez na manhã de sexta-feira pela Reuters.

Ao prosseguir com o estudo, o CDC está desafiando os desejos do presidente do Comitê de Saúde do Senado, o senador republicano Bill Cassidy, que disse esta semana que mais pesquisas sobre qualquer suposta ligação entre vacinas e autismo seriam um desperdício de dinheiro e uma distração de pesquisas que poderiam esclarecer a “verdadeira razão” para o aumento nos diagnósticos de autismo.

“Isso já foi exaustivamente estudado”, afirma Cassidy, médico, durante a audiência de confirmação de Jay Bhattacharya, indicado por Donald Trump para liderar os Institutos Nacionais de Saúde. “Quanto mais fingirmos que isso é um problema, mais teremos crianças morrendo de doenças evitáveis por vacinas.”

Embora Bhattacharya tenha dito estar “convencido” pelas pesquisas existentes de que não há associação entre vacinas e autismo, ele sugeriu que mais pesquisas poderiam aliviar os medos de pais preocupados. Os apoiadores de Kennedy e aliados de seu movimento “Make America Healthy Again” (Faça a América Saudável Novamente) elogiaram a decisão da administração.

“Tanto Trump quanto Kennedy estão cumprindo com sua palavra”, diz Zen Honeycutt, fundadora da organização sem fins lucrativos Moms Across America (Mães pela América). “Gostaríamos que a administração anterior tivesse feito da saúde e da epidemia de autismo uma prioridade.”

A notícia do estudo planejado pelo CDC surge em meio a um surto de sarampo se espalhando rapidamente no oeste do Texas, impulsionado por baixas taxas de vacinação, que infectou quase 200 pessoas e matou duas.

No ano passado, cerca de 82% da população infantil até seis anos no condado mais afetado havia recebido a vacina contra o sarampo, bem abaixo dos 95% necessários para evitar surtos. De acordo com autoridades de saúde do Texas, 80 dos infectados não estavam vacinados e 113 tinham “status de vacinação desconhecido.”

Questionado em uma entrevista sobre os planos do CDC de reexaminar se o autismo está conectado à vacinação, Xavier Becerra, secretário de saúde no governo Joe Biden, disse: “Tudo o que direi é que o CDC pode fazer muitas coisas. Eles podem andar e mascar chiclete, mas eu esperaria que o CDC estivesse sendo usado para nos ajudar a controlar o sarampo antes que outra vida morra desnecessariamente”.

A taxa de diagnósticos de autismo nos Estados Unidos está em ascensão. Cerca de 1 em cada 36 crianças têm um diagnóstico, de acordo com dados que o CDC coletou recentemente de 11 estados, em comparação com 1 em 150 crianças em 2000.

Pesquisadores atribuem o aumento principalmente à maior conscientização sobre o transtorno e mudanças em como ele é classificado por profissionais médicos. Mas os cientistas dizem que há outros fatores, como genéticos e ambientais, que também podem desempenhar este papel.

“Há tantas pistas promissoras para a causa ou causas do autismo”, explica Paul Offit, pediatra especializado em doenças infecciosas no Hospital Infantil da Filadélfia. “Vacinas não são uma delas. Dado que há recursos limitados do CDC, este é um dia triste para crianças com autismo.”

Assim como Kennedy, Trump há muito defende a ideia de que as vacinas estão de alguma forma ligadas ao aumento das taxas de autismo; ele levantou a ideia pela primeira vez em 2007 e voltou a ela como candidato presidencial em 2015.

Trump também disse que apoiaria Kennedy para reexaminar a questão, citando mais recentemente a taxa de diagnósticos de autismo durante seu discurso ao Congresso na última terça-feira (4).

“Vamos descobrir, e não há ninguém melhor do que Bobby e todas as pessoas que estão trabalhando com você”, disse ele. “Bobby, boa sorte. É um trabalho muito importante.”

Kennedy foi confirmado pelo Senado como secretário de Saúde com margem apertada. Durante o segundo dia das audiências de confirmação, Cassidy expressou profunda preocupação com o questionamento passado de Kennedy sobre vacinas e citou um estudo de 1,2 milhão de crianças que não encontrou conexão entre vacinas e autismo.

Kennedy rebateu, dizendo que um novo estudo “mostrou o contrário”.

Uma revisão do New York Times sobre esse estudo descobriu que ele foi financiado, escrito e publicado por uma rede antivacinação próxima a Kennedy. Quando o estudo foi rejeitado por várias revistas médicas convencionais, Andrew Wakefield, autor de um estudo publicado em 1998 na revista The Lancet e já retratado que ligava vacinas ao autismo, ajudou a encontrar uma revista editada por diversos críticos das vacinas.

Após sua confirmação, o primeiro discurso de Kennedy para sua equipe incluiu uma promessa de estudar o aumento de doenças crônicas nos Estados Unidos, incluindo uma revisão do cronograma de vacinas e do conjunto de imunizações dadas a crianças pequenas.



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