Canaã dos Carajás recebe 4ª edição da Mostra Adinkra

A produção audiovisual paraense é destaque na 4ª Mostra Adinkra de Cinema Afro Amazônico, que ocorre nos dias 12 e 13 de novembro, em Canaã dos Carajás, no Pará. Na programação, serão exibidos curtas-metragens de cinco estados da Amazônia, incluindo as obras de realizadores paraenses: “Zunzunzum do Mar”, de Lu Peixe; “Vicinal a Meia Noite”, de Ícaro Matos; “Meus Santos Saúdam Teus Santos”, de Rodrigo Antonio; e “Samba de Cacete – Alvorada Quilombola”, de André Santos.A 4ª edição da Mostra Adinkra de Cinema Afro Amazônico ocorre de forma gratuita na Casa da Cultura de Canaã dos Carajás. Além da exibição de curtas, a programação também conta com debates sobre o imaginário na confluência entre a África e a Amazônia.A curadoria selecionou obras de realizadores do Pará, Amazonas, Amapá, Roraima e Mato Grosso. As produções abordam experiências e modos de viver e fazer do povo amazônico, empoderamento feminino, ancestralidade e resistências de comunidades quilombolas, indígenas e de trabalhadores rurais nos assentamentos.VEJA TAMBÉM”Arcane” retorna à Netflix guiada pela humanidade e loucura”Ainda Estou Aqui” alcança o topo da bilheteria brasileiraÚltima temporada de “Stranger Things” estreia em 2025Após as exibições serão realizados debates sobre os curtas. O primeiro dia de programação contará com a participação dos cineastas Rafael F. Nzinga e Lu Peixe, diretores da produtora Cine Diáspora. Já o segundo dia, terá a presença do cineasta Ícaro Matos, que é diretor de um dos curtas exibidos na mostra, o “Vicinal à Meia-Noite”.“Vicinal à Meia-Noite” é um curta-metragem de ficção, baseado nas histórias populares contadas no assentamento Palmares, em Parauapebas, sudeste do Pará, onde o filme também foi roteirizado, produzido e gravado. Ícaro Matos compartilha as peculiaridades do “cinema sem-terra”.“O cinema sem-terra, do campo, traz sua própria identidade e narrativa protagonizadas pelas pessoas que pertencem a essas histórias”, diz. “A possibilidade de levar a nossa produção para uma mostra de cinema afro-amazônico reforça a importância da presença negra dentro da indústria cinematográfica e serve, também, para trazer e provocar reflexões necessárias, que fortalecem um legado artístico que a gente tem em construção, que parte da juventude do campo”, completa o cineasta.A Mostra Adinkra de Cinema Afro Amazônico é uma realização da produtora audiovisual Cine Diáspora. Para a produtora, que utiliza do audiovisual para pensar soluções antirracistas e elevar a autoestima do povo negro, o projeto visa destacar as narrativas afro amazônidas em meio a um cenário de desigualdade e subrepresentação no mercado audiovisual brasileiro.Uma pesquisa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) mostra que, entre 1995 e 2018, somente 2% dos filmes brasileiros de maior público tiveram direção de homens negros. Um levantamento do Grupo na História do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro (2002 e 2023) aponta a predominância de brancos, especialmente homens, em todas as categorias avaliadas.Para Rafael F. Nzinga, políticas públicas afirmativas, que possibilitam o aumento do número de cineastas negros, têm sido fundamental para mudar esse cenário na região amazônica. “Essas iniciativas não apenas promovem a inclusão, mas também oferecem recursos e oportunidades que permitem a esses artistas expressar suas narrativas e culturas de forma autêntica”.Quer mais notícias de Cinema? Acesse o nosso canal no WhatsAppNzinga ressalta que, ao incentivar a formação e o desenvolvimento de talentos locais, essas políticas ajudam a desconstruir estereótipos e a diversificar as histórias contadas na tela. Assim, a valorização da diversidade no cinema não só enriquece o setor cultural, mas também fortalece a identidade e a visibilidade das comunidades negras na Amazônia.A Mostra Adinkra de Cinema Afro Amazônico realizou a primeira edição em Belém, em outubro de 2023, e começou a circular pelo Brasil a partir de dezembro do mesmo ano, iniciando em Salvador (BA) e, posteriormente, Brasília (DF). Em outubro deste ano, a mostra realizou a sua primeira edição internacional, em La Paz, na Bolívia, promovendo a internacionalização do cinema afro amazônico. Ao total, a mostra já atraiu um público de mais de 500 pessoas. O projeto foi selecionado pelo Edital Casa Aberta/2024 – Amazônia Paraense.O que é Adinkra?A Mostra traz em seu conceito a simbologia dos Adinkras, sistema de escrita pictográfica criado pelo povo Akan, localizado no oeste da África. Os símbolos preservam e transmitem valores fundamentais ligados à cultura africana e inspiraram a curadoria para definir a temática de cada uma das quatro sessões de filmes: Sankofa (buscar o passado para construir o futuro), Ananse (criatividade e sabedoria), Duafe (feminino) e Aya (resistência e desenvoltura).Veja abaixo a programação:Sessão Aya (12/11)“Nome Sujo” – Artur Roraimana (RR): Lucas é um jovem adulto que precisa lidar com a responsabilidade de trabalhar para se sustentar. Quando uma câmera que ele queria muito comprar entra em promoção, o jovem inicia uma busca por meios de realizar seu desejo.“A Velhice Ilumina o Vento” – Juliana Segóvia (MT): “A Velhice Ilumina o Vento” conta a história de Valda, mulher preta, idosa, periférica e trabalhadora doméstica da cidade de Cuiabá. Mulher forte, cuiabana do “pé rachado”, Valda subverte em seu cotidiano o paradigma da velhice estigmatizada.Sessão Duaf“Utopia” – Rayane Penha (AP): A busca de uma filha por histórias vividas pelo pai garimpeiro, que faleceu no garimpo. Arquivos sobre esse pai, fotos, vídeos e cartas que ele escrevia para a família relatando a vivência e as dificuldades do garimpo. O documentário procura humanizar homens que dedicam suas vidas à terra. Mais do que um registro, o filme vem mostrar um relato íntimo e poético sobre a vida desses garimpeiros.“Zunzunzum do Mar” – Lu Peixe (PA): “Zunzunzum do Mar” é um média-metragem documental que mostra a relação de mulheres negras do estado do Pará com o mar, construindo uma narrativa cartográfica e poética em forma de diálogo entre diferentes gerações.Sessão Ananse (13/11)“Vicinal a Meia Noite” – Ícaro Matos (PA): Em “Vicinal à Meia-Noite”, a trajetória de Pedro (Rodrigues Silva) se cruza com a aparição sobrenatural de uma jovem mulher (Yara Xavier), que pede carona para motoristas que atravessam o viaduto construído para interligar uma região do assentamento. A narrativa é baseada em histórias que povoam o imaginário da comunidade Palmares II, assentamento de reforma agrária do município de Parauapebas, uma localidade conhecida por sua força social de luta e organização camponesa.Sessão Sankofa“Meu Santos Saúdam Teus Santos” – Rodrigo Antonio (PA): Em uma viagem de regresso à ilha do Marajó, terra de seus avós, Rodrigo conhece a pajé Roxita e recebe a notícia de que têm guias espirituais de herança. Rodrigo vive sua iniciação na pajelança marajoara e registra sua relação com Roxita, que será sua guia num encontro com seus ancestrais.“Alexandrina – Um Relâmpago” – Keila Sankofa (AM): “Alexandrina – Um Relâmpago” faz do cinema de invenção um campo fértil de contestação, que ousa rasgar os registros do perverso e mentiroso passado. Alexandrina, mulher preta da Amazônia, que antes fora reduzida a objeto de estudo, esvaziada do seu vasto repertório de conhecimento e logo jogada ao limbo do suposto esquecimento, agora é o presente!“Samba de Cacete – Alvorada Quilombola” – André Santos (PA): O documentário, com 26 minutos de duração, conta a história do Samba de Cacete, uma tradição cultural ainda preservada em comunidades quilombolas do baixo rio Tocantins, Amazônia paraense, que envolve música, canto e dança com elementos dos batuques afro-brasileiros.ServiçoMostra Adinkra de Cinema Afro Amazônico em Canaã dos CarajásData: 12 e 13 de novembroHora: 19h às 21hLocal: Casa da Cultura de Canaã dos Carajás

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