Após fogo atingir casas, focos de incêndio causam temor

Desde domingo (10), moradores do bairro Condor, em Belém, enfrentam dias difíceis após um incêndio se alastrar em um terreno baldio próximo à passagem Bom Sossego, na travessa Padre Eutíquio. A ação do Corpo de Bombeiros conseguiu conter as chamas, mas focos de incêndio ainda persistem.Duas casas de madeira tiveram perda total e outras duas, em alvenaria, tiveram perda parcial. A suspeita é de que o incêndio tenha sido causado por um homem, que teria acendido fogo no terreno para queimar fios de cobre.Leia mais:Incêndio na Condor: protesto de moradores fecha via em BelémVídeo: Incêndio de grandes proporções atinge casas em BelémOntem (13), o DIÁRIO foi até o local. De acordo com relatos dos moradores, a fumaça intensa trouxe dificuldades respiratórias e ansiedade. Maria da Purificação Neves, de 75 anos, que reside há mais de 50 anos próximo ao local, conta que, no momento do incêndio, que ocorreu nos fundos da construção da sua nova casa, ela estava tomando banho. Quando percebeu, o fogo se espalhou rapidamente.“Foi um desespero, a gente chamou o pessoal para ajudar, mas o fogo só crescia. Tivemos que chamar os bombeiros”, conta. Ela, que precisa estar diariamente na construção, diz que a fumaça “não deixa em paz os moradores”. “Tento me proteger, mas é difícil. Não é fácil respirar assim, o cheiro é forte, mas o que a gente não tem muito o que fazer”, lamenta.Quer ler mais notícias do Pará? Acesse o nosso canal no WhatsApp!Dentre os afetados estão Esmeralda e Dalma, filhas de Maria da Purificação, e o neto William, com uma casa parcialmente incendiada. No momento do ocorrido, a autônoma Esmeralda Neves, de 48 anos, tinha acabado de chegar do trabalho e estava preparando o almoço. Quando o fogo começou a se alastrar, precisou evacuar o local; alguns vizinhos ajudaram resgatando algumas roupas, mas os objetos da residência, em sua maioria, foram consumidos pelas chamas. Atualmente Esmeralda está residindo na casa da mãe, já Dalma e o filho foram abrigados na casa de familiares.PREOCUPAÇÃOPara a autônoma Selma Machado, 43, a situação se estende em preocupação com a irmã, paciente oncológica. “A gente não dorme desde domingo. É muita fumaça. A minha irmã já passa mal só com a doença dela, imagina agora com essa fumaça entrando dentro de casa. Ninguém aguenta”, desabafa. A área possui muitas casas de madeira, e o receio segue. “Os focos ainda reaparecem e a gente vive com medo de que o fogo volte a queimar tudo”.Irmã de Selma, a dona de casa Maria Célia, de 46 anos, que luta contra um câncer e com asma agravada pela fumaça, tem a fala prejudicada pela experiência. “Na hora do incêndio, meu pai, que tem 78 anos, e minha filha de 11 anos, e meu irmão estavam em casa comigo. A fumaça invadiu tudo, não dava para respirar”, lembra.Ela conta que os moradores foram retirados às pressas, pois não era possível enxergar nada, já que a fumaça tomou conta do local. “Fomos para a pista, mas eu comecei a passar mal. Desde então, não consigo dormir direito. Preciso usar máscara dentro de casa para tentar respirar melhor, mas ainda fico sufocada. A casa continua cheirando a fumaça, a gente não tem sossego”, diz.O terreno, cheio de resíduos inflamáveis, dificulta a eliminação completa das chamas. “Os bombeiros disseram que precisam de um maquinário para escavar, porque o fogo continua queimando por baixo da terra”, explica Maria da Purificação. “A Defesa Civil ainda não deu uma solução definitiva, e o proprietário do terreno também não apareceu para se responsabilizar”, acrescenta.ATUAÇÃODe acordo com o Corpo de Bombeiros Militar do Pará (CBM-PA), nesta quarta-feira, o incêndio inicial foi controlado pela equipe de combate a incêndio. “O fogo foi controlado no último domingo (10) e equipes retornaram no local para combater novos focos de incêndios nos últimos dois dias”.Já a Comissão da Defesa Civil de Belém (Comdec) informou que prestou atendimento imediato às famílias afetadas pelo incêndio. “A equipe da Comdec esteve no local, fez a vistoria das casas atingidas e já emitiu os relatórios necessários para que as famílias possam dar entrada aos benefícios sociais oferecidos pelo Município de Belém e governo do Estado”.
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