Inteligência artificial não substitui a humana

Por Roberto Vilela, consultor empresarial e estrategista e negócios.

A inteligência artificial (IA) está cada vez mais presente na rotina das pessoas e empresas, para as mais diversas finalidades. Até quem não se interessa por ela já a tem na palma da mão, através do celular, e acaba utilizando de alguma maneira. Uma pesquisa da consultoria McKinsey sobre IA, divulgada em maio, chamada “The state of AI in early 2024: Gen AI adoption spikes and starts to generate value”, mostrou que globalmente mais de 70% das empresas já utilizam algum tipo de inteligência artificial.

No Brasil, ela está incorporada na rotina de quase 60% das grandes empresas, segundo levantamento feito pela Deloitte, também neste ano. É fato que a IA é um dos grandes avanços contemporâneos e que ainda tem muito a expandir. Nesse cenário em que o debate sobre a sua ascensão e uso de forma ética tem ganhado espaço, uma das questões mais inquietantes é: será que ela substituirá a inteligência humana e “roubará” empregos? Eu acredito que o cenário é muito mais promissor do que catastrófico, considerando que, combinada com a capacidade humana, a IA chega para complementar e não para substituir.

E, assim como tudo que um dia já foi novidade, ela não deve substituir pessoas – não por total e diretamente -, mas, sim, impulsionar mudanças dos perfis profissionais buscados pelo mercado. Diante disso, quem pode “roubar” o emprego de quem não estiver aberto para as mudanças é quem está mais preparado.

Por mais próximo que as máquinas cheguem do potencial que o ser humano tem para evoluir e criar e por mais ágil que um sistema possa ser, ainda não é capaz de inutilizar totalmente a interferência humana. Embora a IA tenha um papel crescente em tarefas automatizáveis, há aspectos exclusivamente humanos que são essenciais para a inovação. O pensamento crítico e a interação social, a capacidade de criar relações duradouras, de se adaptar a cenários mutáveis, de se comunicar com empatia e tantas outras soft skills são genuinamente humanas a insubstituíveis.

Ou seja, a IA pode cumprir tarefas de maneira mais eficiente, mas não substitui postos de trabalho onde o toque e o olhar de uma pessoa de carne, osso e raciocínio seja imprescindível.

Sendo assim, os profissionais não devem vê-la como uma rival, mas como o que ela realmente é: uma ferramenta; que como tal serve para melhorar entregas, agilizar tarefas e minimizar erros. E que dessa forma pode ser utilizada para tornar um profissional mais capacitado, produtivo e com mais tempo disponível para tarefas estratégicas.

Sendo assim, fugir do uso da IA não é o mais certo a se fazer, assim como tornar-se totalmente dependente dela também pode ser uma armadilha em algumas situações. Por mais que a inteligência artificial possa facilitar certas tarefas, é importante não cair na tentação de deixar ela pensar sozinha. Antes de mais nada é preciso desenvolver o conhecimento e aprimorar a inteligência humana, para depois valer-se da artificial. Uma das principais limitações da IA está na sua incapacidade de replicar a criatividade humana e esse é o grande trunfo que não podemos abrir mão.

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