Familias se revoltam com mudança no horário de atendimento de CMEIs em Aparecida

As mães, pais e responsáveis pelos alunos que frequentam os Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) de Aparecida de Goiânia têm enfrentado alguns problemas desde a troca de gestão. Um desses problemas é a alteração do horário de atendimento pedagógico das unidades escolares. Essa alteração no horário de atendimento pedagógico, promovida pela nova gestão municipal, tem gerado indignação e preocupação entre as famílias atendidas. 

De acordo com Natália de Paulo, uma das mães afetadas, a mudança do período integral para o parcial está comprometendo a rotina de trabalho e sobrevivência de muitas famílias. “Com a mudança do período integral para o parcial, as famílias assistidas pelo CMEI serão impactadas de diversas formas. No nosso grupo, temos mães solo, mães de crianças com deficiência e mães com mais de três filhos, que não possuem rede de apoio e dependem do trabalho para pagar as contas básicas e garantir o mínimo para os filhos”, relatou com indignação. 

“A maioria trabalha em jornada integral, e sem o CMEI, não terão condições de manter seus empregos, pois nenhum patrão aceita que levemos crianças para o trabalho. Além disso, não há empregos viáveis em Aparecida com jornadas de apenas quatro horas, como prevê a estrutura atual do CMEI”, desabafou Natália.

A decisão sobre a mudança, segundo ela, foi tomada de forma unilateral pela equipe de transição da nova gestão municipal, sem diálogo com as famílias afetadas. Natália relata que a notificação foi feita de maneira apressada e desrespeitosa:

“Fomos avisadas no penúltimo dia antes do recesso das unidades escolares e, no mesmo dia, fomos obrigadas a escolher o turno letivo dos nossos filhos, sob ameaça de perder a vaga ou de não poder escolher posteriormente. As escolas foram notificadas no dia 16 de dezembro, mas as famílias só ficaram sabendo no dia 18. Enquanto isso, durante o recesso de Natal e Ano Novo, as matrículas para as novas vagas de meio período estavam sendo realizadas, o que parece ser um artifício ilusório para tentar resolver o problema.”

Natália também criticou a prefeitura por não cumprir a promessa de campanha de fornecer um vale-creche no valor de R$ 500,00 às mães que não são atendidas pelos CMEIs, o que poderia aliviar a situação:

“Se o prefeito cumprisse o que prometeu na campanha, esse impasse seria resolvido. No entanto, até agora, não tivemos nenhum retorno, e as famílias estão em desespero.”

As famílias afetadas pela alteração no horário de atendimento dos Centros Municipais de Educação Infantil intensificaram sua mobilização para reverter a decisão da nova gestão municipal. Desde que foram notificadas sobre a mudança do período integral para o parcial, diversas ações foram realizadas para pressionar as autoridades e buscar uma solução.

De acordo com Natália de Paulo, representante das famílias, a mobilização já conta com um abaixo-assinado que ultrapassou 1.600 assinaturas. Além disso, foram enviados ofícios à Secretaria de Educação e realizada uma reunião com a titular da pasta na última segunda-feira. Contudo, até o momento, as famílias permanecem sem resposta concreta. Veja alguns pontos do ofício:

Quanto ao prejuízo no aprendizado, “os pais argumentam que a redução do período escolar compromete a qualidade do aprendizado infantil. Atualmente, apenas 40,5% dos alunos dos anos iniciais atingem os níveis desejáveis em português e matemática, conforme dados da Prova Saeb/INEP. A limitação no tempo de aprendizado durante a pré-escola, considerada uma fase crucial para o desenvolvimento acadêmico, poderá agravar ainda mais esses índices”. 

Já referente a ampliação da desigualdade educacional, essas famílias atendidas pelos CMEIs, em grande parte, enfrentam desafios econômicos significativos. Dados do Saeb indicam que a média de aprendizagem de alunos de famílias negras e de menor nível socioeconômico é de apenas 34,5%. A mudança pode aumentar essas disparidades, dificultando ainda mais o acesso a uma educação inclusiva.

Atendimento em apenas um turno complica vida das mães

Diante da falta de retorno, essas famílias resolveram procurar a Defensoria Pública e na última quarta-feira (8) realizaram uma mobilização pacífica para buscar suporte jurídico. “Na noite anterior, conseguimos protocolar uma ação civil pública. Já conversamos com o secretário de Educação, buscamos o apoio da Defensoria e protocolamos essa ação, mas seguimos em busca de mais recursos. Estamos tentando um agendamento com o prefeito e até com deputados, porque não podemos ficar sem resposta,” afirmou Natália.

A mobilização das famílias reflete a urgência de uma solução para os impactos causados pela alteração do atendimento pedagógico nos CMEIs, que, segundo elas, dificulta a manutenção das rotinas de trabalho e a garantia de direitos básicos. A comunidade segue aguardando um posicionamento das autoridades competentes.

Gabriela, que faz parte do grupo que está se manifestando contra a decisão, conta que tem duas filhas que frequentam o CMEI Cândida de Queirós, nos agrupamentos 4 e 5. Ela afirma estar desesperada, pois não tem uma rede de apoio para cuidar de suas filhas.

“Contava com o período integral por mais dois anos para minha filha mais nova, mas agora terei que me virar antecipadamente. Isso era uma garantia para nós, e agora foi retirada. Não tenho condições financeiras de pagar alguém para cuidar delas no meio período, já que trabalho das 7h30 às 19h30. A única solução que vejo é pedir demissão. Já tentei um acordo com meu setor, mas não foi possível.

Sem renda, não sei como cuidar das minhas filhas. Trabalhar fora sempre foi a minha realidade, e não consigo imaginar outra alternativa. A mudança para meio período desestabilizou completamente nossa rotina e nossas vidas.” relata. Nossa reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Educação de Aparecida de Goiânia, mas, até o fechamento desta edição, não obtivemos retorno da pasta. O espaço permanece aberto para manifestação.

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