Pneumonia: aumento de casos da doença ascende alerta no Pará

A publicitária Luanna Mendonça, de 42 anos, estava com a agenda cheia de viagens marcadas e trabalhos agendados para o final do ano de 2024, quando começou a sentir fortes dores no corpo e febre, no dia 21 de dezembro.“Desde aí eu tive dias de febres altas e intermitentes sem nenhum outro sintoma. Cheguei a falar a com um médico da família e ele achou que era a virose que estava comum nesse período, mas houve um momento que o antitérmico não baixava as febres. Eu suava e tinha que trocar os lençóis, tremia de frio e a febre não passava”, lembra Luanna, que acabou passando a noite de Natal isolada e sozinha, com receio de estar com a Covid-19. Após realizar o teste, uma tomografia do tórax diagnosticou a pneumonia.

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VEJA TAMBÉMNão descuide! Três tipos de dores de cabeça mais perigosasAlerta! Casos de dengue cresceram 276% no Pará; entendaTontura é alerta para procurar um médico. Entenda!Segundo a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), no período de 1º de janeiro e 30 de novembro de 2024, 27.710 internações por pneumonia foram registradas no Pará. Os dados são Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).Relatos de profissionais de saúde indicam que o número de casos de pneumonia aumentou no Brasil no último ano. A alta estaria ligada à forma silenciosa ou atípica da doença, que causa sintomas mais brandos que os quadros tradicionais de pneumonia, o que pode levar à demora em procurar atendimento.A médica generalista, Vittória Marques Bigatão, explica que no período conhecido como inverno Amazônico, a temporada de chuvas intensas altera o clima da região Norte, causando a elevação da umidade do ar e consequentemente o aumento nas doenças respiratórias.

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“O inverno amazônico é a estação onde as chuvas são mais intensas e com as mudanças climáticas atuais temos cenários de temperaturas mais elevadas, e isso faz com que a imunidade fique comprometida, tornando o ambiente mais favorável para contrair vírus e bactérias.”Segundo Vittória, o diagnóstico é clínico, podendo ser complementado com exames de imagem e laboratorial. Ela afirma também que o tratamento vai depender do agente causador e do grau de gravidade do paciente.“Por exemplo, se for bactéria tratamos com antibiótico, mas além disso é importante avaliar como a doença se instala, a evolução e os fatores de risco para assim definir qual é o melhor tratamento, se ambulatorial ou hospitalar”, afirmou.Fique atento aos sintomasLuanna recebeu o diagnóstico após a persistência dos sintomas e a procura por um atendimento de urgência.“A princípio havia a possibilidade de eu ficar internada porque o pulmão estava bem comprometido, mas como meu estado clínico estava bom, fui liberada para o tratamento em casa. O antibiótico foi um alívio, o primeiro sintoma que foi embora foi a febre e isso mudou tudo. Ainda assim, as noites eram bem ruins já que a falta de ar aumentava e os acessos de tosse também. Fora o cansaço muito grande”, detalha Luanna, que era fumante e decidiu parar após a doença.

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A médica Vittória Bigatão afirma que a doença tem cura, mas há fatores importantes que devem ser considerados.“A evolução da doença é individual, tendo que levar em conta doenças prévias, idade, tabagismo, fatores comportamentais e sociais que influenciam na evolução e no desfecho da doença”, explica ela, ressaltando que “as principais formas de prevenção são recomendações simples como lavar as mãos, evitar aglomerações, não fumar e, principalmente a vacinação”.Pneumonia silenciosaUma das formas da doença que podem ter influenciado o aumento dos casos no último ano é a chamada “pneumonia silenciosa”. Apesar de ser popularmente conhecida por este nome, a doença causada pela bactéria Mycoplasma pneumoniae tem sintomas, porém, diferentes do quadro tradicional. Essas infecções costumam ser menos graves do que a pneumonia clássica por pneumococo. Por isso, o aumento do número de casos é mais evidente na emergência do que na internação.A Mycoplasma pneumoniae é transmitida através de gotículas quando uma pessoa infectada tosse ou espirra. O sintoma mais comum da infecção pela bactéria é a tosse seca, mas pode haver outros sintomas gripais como dor de garganta, cansaço, febre, dor no peito, desconforto e dor de cabeça.“Essa é minha terceira pneumonia e, sem dúvida, foi a menos problemática. O que mais me chocou é que realmente é uma doença silenciosa. A infecção já devia estar tomando o meu pulmão sem eu saber. Quando a febre feio já foi o corpo reagindo. Sem nenhum outro sintoma. Quando a gente sente é porque o pulmão já está muito infeccionado, e tudo se confunde com virose”, concluiu Luanna.Informações geraisSintomas: as principais manifestações clínicas da pneumonia são tosse com produção de expectoração, dor torácica, mal-estar, falta de ar e febre.Transmissão: a pneumonia pode ser adquirida pelo ar, saliva, secreções, transfusão de sangue ou, na época do inverno, devido a mudanças bruscas de temperatura. Essas mudanças comprometem o funcionamento dos pelos do nariz, responsáveis pela filtragem do ar aspirado, o que acarreta uma maior exposição aos micro-organismos causadores da doença.Diagnóstico: exame clínico, auscultação dos pulmões e radiografias de tórax são recursos essenciais para o diagnóstico de pneumonia.Tratamento: depende do micro-organismo causador da doença. Nas pneumonias bacterianas, devem-se usar antibióticos. Na maior parte das vezes, quando a pneumonia é causada por vírus, o tratamento inclui apenas medicamentos para aliviar os sintomas, como febre e dor, podendo ser necessários medicamentos antivirais nas formas graves da doença. Nas pneumonias causadas por fungos, utilizam-se medicamentos específicos.Fatores de risco:Fumo: provoca reação inflamatória que facilita a penetração de agentes infecciosos;Álcool: interfere no sistema imunológico e na capacidade de defesa do aparelho respiratório;Ar-condicionado: deixa o ar muito seco, facilitando a infecção por vírus e bactérias;Resfriados malcuidados;Mudanças bruscas de temperatura.Como prevenir?As principais formas de prevenir a doença são recomendações simples, como lavar as mãos, não fumar, não usar bebidas alcoólicas, evitar aglomerações e se vacinar. Além da vacina da gripe há, ainda, a vacina anti-pneumocócica que previne as pneumonias causadas pela bactéria ‘pneumococo’. Em caso de contágio, a imunização diminui a intensidade dos sintomas, além de evitar as formas graves da doença e a mortalidade para esse tipo específico de pneumonia.A vacina Pneumo 23 ou pneumocócica 23 protege contra doenças graves causadas pela bactéria pneumococo, como pneumonias, meningites e outras. É indicada para crianças a partir dos 2 anos de idade e adultos. Ela faz parte da Campanha Nacional de Multivacinação e é oferecida de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS).Quer ler mais notícias de Saúde? Acesse o nosso canal no WhatsAppAlgumas das populações prioritárias para receber a vacina são: adultos com idade igual ou superior a 60 anos, portadores de doenças crônicas, indivíduos com deficiências no sistema imunológico, gestantes, residentes em lares de idosos, profissionais da saúde, cuidadores de crianças, indígenas, população carcerária, tabagistas e pessoas com asma.É muito importante saber que, se não tratada corretamente, a pneumonia pode evoluir para um quadro mais grave e fatal. Sempre procure orientação médica.

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