Cacá Diegues: Conheça principais filmes do diretor – 14/02/2025 – Ilustrada


O cineasta Cacá Diegues morreu na madrugada desta sexta-feira (14), aos 84 anos, no Rio de Janeiro, após complicações de uma cirurgia na próstata. Diegues foi um dos expoentes do cinema novo e, em 2018, foi eleito um dos imortais da Academia Brasileira de Letras.

Em mais de 20 filmes, Diegues contemplou as grandes questões sociais do Brasil, da miséria à questão racial e da modernização do país. Dirigiu filmes como “Os Herdeiros”, “Quando o Carnaval Chegar”, “Tieta do Agreste” e “Xica da Silva”.

Relembre alguns dos filmes clássicos do célebre cineasta:

‘Ganga Zumba’

Um dos primeiros longas de Cacá Diegues foi “Ganga Zumba”, filme de 1964 que conta a história de escravizados de um engenho de cana-de-açúcar no Nordeste brasileiro, que planejam uma fuga para o Quilombo dos Palmares.

Antônio Pitanga vive Ganga Zumba, e o elenco ainda conta com Lea Garcia, Eliezer Gomes e Cartola. O filme foi exibido em festivais internacionais como Cannes e San Sebastián.

‘Os Herdeiros’

Com Sérgio Cardoso, Odete Lara e participações especiais de Nara Leão e Caetano Veloso, o longa conta a saga de uma família brasileira, de 1930 a 1964.

Cardoso vive Jorge, um jornalista ambicioso que se casa com a filha de um fazendeiro de café arruinado. Com o fim da Era Vargas, em 1946, ele volta à cidade e se transforma em um político poderoso de forma duvidosa, após constantes traições. “A Grande Cidade”, de 1969, foi exibido nos festivais de Veneza e Nova York no mesmo ano.

‘Joanna Francesa’

Neste filme de 1973 a atriz francesa Jeanne Moreau vive Joanna, cafetina e dona de um prostíbulo em São Paulo. Um de seus clientes convida-a para sua fazenda de cana-de-açúcar e a personagem-título se apaixona pelos costumes do local, diferentes do mundo que havia conhecido.

Joanna acaba assumindo a liderança da família de seu cliente, um alagoano apaixonado por ela. Conta com música de Chico Buarque e Roberto Menescal.

‘Xica da Silva’

Considerado um de seus maiores sucessos populares, “Xica da Silva”, de 1976, narra a história da personagem histórica de mesmo nome, vivida por Zezé Motta.

Xica é uma escrava em meados do século 18 no Distrito Diamantino, onde estão as minas mais ricas do país. Um representante da coroa portuguesa se apaixona por ela e satisfaz todos seus desejos, por mais extravagantes que sejam, tornando-a sua Rainha do Diamante.

O longa lhe rendeu o prêmio de melhor diretor e melhor filme, no Festival de Brasília, além de melhor filme e melhor direção no Prêmio Molière.

‘Chuvas de Verão’

Com Jofre Soares, Miriam Pires e Marieta Severo, “Chuvas de Verão”, de 1978, acompanha Afonso, que se aposenta e resolve aproveitar uma vida de ócio e tranquilidade. Mas logo no início se envolve com problemas de sua filha, de seus amigos e da sua comunidade.

Afonso então aprende a viver novamente, mesmo após a terceira idade. Até sua convivência com sua vizinha, Isaura, com quem convivia a tantos anos, se modifica, e os dois iniciam uma relação.

‘Bye Bye Brasil’

Um dos filmes mais aclamados do cineasta, lançado em 1979. A trama segue três artistas ambulantes que cruzam o Nordeste com uma caravana, fazendo espetáculos para quem encontram no caminho –camponeses, cortadores de cana e indígenas.

Salomé (Betty Faria), Lorde Cigano (José Wilker) e Andorinha (Príncipe Nabor) se juntam ao sanfoneiro Ciço, papel de Fábio Júnior, e sua mulher. A caravana atravessa a Amazônia até chegar a Brasília.

Além de receber o título de melhor filme do ano no Festival de Londres, o longa também rendeu a Cacá Diegues o prêmio de melhor diretor, no Festival de Havana.

‘Quilombo’

Em 1984, Cacá Diegues realizou um projeto antigo com o qual sonhava: o épico “Quilombo”, uma produção internacional comandada pela produtora francesa Gaumont.

A trama acompanha um grupo de escravos que se rebela em um engenho, por volta de 1650, e fogem para integrar a nação de ex-escravos Quilombo dos Palmares. Um deles é o príncipe africano Ganga Zumba, personagem de 1964 do diretor. Ele se torna líder de Palmares, mas seu herdeiro e afilhado, Zumbi, discorda de seus ideais na luta contra a opressão da Coroa portuguesa.

‘Tieta do Agreste’

Sônia Braga vive Tieta, jovem que foi expulsa pelo pai de Santana do Agreste, na Bahia, aos 17 anos. Ela se torna rica e famosa em São Paulo e, mais de 20 anos depois, retorna a sua cidade natal.

Tieta é recebida como uma verdadeira celebridade em sua cidade, e sua família tenta ao máximo explorá-la. Mas ela volta a causar escândalo: se apaixona por seu sobrinho e a verdadeira origem de seu dinheiro é revelada.

Com Zezé Motta, Cláudia Abreu e Chico Anísio, o longa também tem músicas de Caetano Veloso. O longa foi inspirado no livro homônimo de Jorge Amado.

‘Orfeu’

Inspirado na peça “Orfeu da Conceição”, de Vinícius de Moraes, este filme de 1999 teve roteiro escrito por Cacá Diegues em colaboração com Hermano Vianna, Hamilton Vaz Pereira, Paulo Lins e João Emanuel Carneiro.

O longa acompanha o casal Orfeu, papel de Toni Garrido, e Eurídice, vivida por Patrícia França. Orfeu é um líder na favela onde mora e de sua escola de samba, além de ser um famoso compositor dos morros do Rio de Janeiro.

Enquanto Orfeu se prepara para o Carnaval, se apaixona por Eurídice, e seu amor provoca ciúmes e violência na sua comunidade. O elenco conta também com Murilo Benício, Zezé Motta e Milton Gonçalves, e as músicas são de Caetano Veloso.

A produção recebeu o Grande Prêmio de Cinema Brasileiro de melhor filme e melhor lançamento no cinema, além do prêmio de melhor filme, no Festival de Cartagena.

‘Deus É Brasileiro’

Livremente inspirado em um conto de João Ubaldo Ribeiro –que também colaborou com o roteiro–, Antônio Fagundes faz o papel de Deus no longa. Após acompanhar tantos erros cometidos pela humanidade, ele resolve tirar férias e procura um substituto para ficar em seu lugar.

Deus procura-o no Brasil, onde, junto de seu guia, o pescador Taoca, vivido por Wagner Moura, eles rodam o país em busca da pessoa perfeita para ficar no lugar de Deus enquanto ele descansa em uma estrela distante.

‘O Grande Circo Místico’

O longa de 2018 foi o último produzido pelo cineasta. Baseado no poema de Jorge de Lima do mesmo nome, “O Grande Circo Místico” é um musical com músicas escritas por Edu Lobo e Chico Buarque.

O Grande Circo Knieps, inaugurado em 1910, conta com cinco gerações de uma mesma família circense. O mestre de cerimônias, Celavi (Jesuíta Barbosa), nunca envelhece, e assim conta as histórias da trupe: suas aventuras e amores, do apogeu à decadência, misturando o místico com a realidade.

Com Mariana Ximenes e Antonio Fagundes, também conta com participação especial do ator francês Vincent Cassel. Foi o candidato brasileiro ao Oscar de melhor filme estrangeiro, em 2019, além de ter sido exibido nos festivais de Cannes e Gramado.



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