Psicodélicos: Reino Unido debate flexibilizar pesquisa – 21/02/2025 – Virada Psicodélica


O Escritório Parlamentar de Ciência e Tecnologia do Reino Unido (Post, em inglês) lançou no último dia 12 relatório apontando barreiras e oportunidades para a pesquisa clínica com psicodélicos no país. É um subsídio para a discussão no Parlamento sobre relaxar restrições à investigação com essas substâncias.

“Terapia assistida por psicodélico para saúde mental: Considerações de políticas”, escrito por Jenny Chapman e Stephen Naulls, tem 39 páginas em linguagem simples para consumo de parlamentares. Chega num momento delicado, em que instituições britânicas pioneiras nessa área de estudo, como o Imperial College de Londres, vão ficando para trás de congêneres nos EUA e até em países da Europa.

O Imperial College realizou trabalhos pioneiros com psicoterapia auxiliada por psicodélicos, como um teste clínico de 2016 com psilocibina para tratar depressão. O primeiro autor, Robin Carhart-Harris, mudou-se desde então para a Universidade da Califórnia em São Francisco.

Fazer pesquisa com psicodélicos não é fácil em país nenhum, pois são substâncias proibidas. No Reino Unido elas estão listadas no Anexo 1, o mais restritivo, que exige licenças especiais ao custo de £ 3.000 a £ 4.000 (R$ 21.700 a R$ 29.000) e visitas de inspeção por até £ 1.400 (R$ 10.000).

Prazos burocráticos extensos muitas vezes inviabilizam estudos, pois autorizações não chegam em tempo hábil. Foi o caso, segundo o boletim Psychedelic Alpha, de um ensaio clínico de fase 2 com o composto 5-MeO-DMT da empresa irlandesa GH Research, que dispensou o braço britânico do teste clínico realizando-o só com pacientes irlandeses, alemães, espanhóis, poloneses, checos e holandeses.

A proposta de pesquisadores do ramo, ativistas em saúde mental e alguns parlamentares é rebaixar psicodélicos para o Anexo 2, que não implica tantas exigências. Há mais de um ano aguardam resposta do governo.

Jo Neill, professora de psicofarmacologia na Universidade de Manchester, foi uma das entrevistadas pela equipe do relatório Post. Ela disse ao Psychedelic Alpha que a manutenção de psicodélicos no Anexo 1 são um obstáculo à colaboração e à pesquisa científicas:

“Por favor, tirem os psicodélicos –todos os psicodélicos– do Anexo 1 e permitam que se faça mais pesquisa no Reino Unido”, ela implora. “Precisamos trazer isso absolutamente para a vanguarda do debate no Parlamento. Temos uma crise de saúde mental, portanto é imperativo que o governo apoie a pesquisa.”

Nos EUA, a volta de Donald Trump ao poder reacendeu a expectativa de que a regulamentação clínica de psicodélicos volte a andar, pós o revés de agosto na agência de fármacos FDA. Figuras de proa na nova administração, como Robert Kennedy Jr, Elon Musk e Vivek Ramaswamy, defendem essas terapias inovadoras.

Um dos mais animados é o investidor Christian Angermayer, que anunciou na quinta-feira (20) aporte adicional de US$ 22,75 milhões (R$ 130 milhões) da holding familiar na empresa Atai Life Sciences. Sua participação como acionista passou de 19,9% para 22,3%.

“Eu pessoalmente acredito que medicamentos psicodélicos mudarão o jogo nas questões de saúde mental”, justificou Angermayer num comunicado do Substack, “e que os próximos dois anos serão decisivos para a indústria e especialmente para a Atai como uma líder (se não a líder) nesse espaço.”


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