O novo álbum da Orquestra de Frevo do Babá e o futuro do ritmo no carnaval – 24/02/2025 – Sons da Perifa


O frevo nasceu no final do século 19 como um reflexo da efervescência cultural e social de Pernambuco. Surgiu das ruas do Recife, impulsionado pelo fervor das bandas militares e pela influência de ritmos como a marcha e o maxixe. Desde então, se consolidou como a essência do carnaval pernambucano, evoluindo ao longo das décadas e sendo reconhecido, em 2012, como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco. Com sua cadência acelerada e coreografias vibrantes, tornou-se um símbolo de resistência e identidade nordestina.

A Orquestra de Frevo do Babá representa essa continuidade histórica, preservando e reinventando o frevo para novas gerações. Liderada por Babá, um dos nomes mais emblemáticos das ladeiras de Olinda, a orquestra se destaca pela energia contagiante e pelo compromisso com a tradição. Agora, em 2024, o grupo lança seu segundo álbum, “Frevoessência”, reafirmando a importância do gênero no cenário musical contemporâneo. Produzido de forma independente, sem apoio de editais públicos, o disco se apresenta como um manifesto cultural em defesa do frevo.

“Frevoessência” resgata clássicos e apresenta releituras marcantes. Com onze faixas, o álbum traz interpretações que reforçam a versatilidade do frevo. “Massa Real”, de Caetano Veloso, ganha a voz doce de Sofia Freire, enquanto “De Chapéu e Sol Aberto”, de Capiba, é revivida por Laís Senna. A energia contagiante de “Arreia Lenha”, de Marron Brasileiro, ressoa na interpretação de Larissa Lisboa. O disco também se aventura pelo lirismo de “Cometa Mambembe”, de José Edmundo da Silva Almeida e Carlos Pita, com a interpretação de Alexandre Urêa, e homenageia as tradições com “Batutas de São José”, de João Santiago, na voz de Maciel Salú.

Além dos clássicos, “Frevoessência” revisita as raízes afro-brasileiras e nordestinas presentes no frevo. “Pra Tirar Coco”, de Hamilton de Oliveira Messias de Holanda, ganha interpretação de Márcia Lima, enaltecendo a conexão entre o frevo e as danças populares. “Bairro Novo Casa Caiada”, de Fábio Trummer, celebra Olinda e suas paisagens históricas. Getúlio Cavalcanti traz o espírito das ladeiras com “Olinda Frevo e Folia”, interpretada por Lú Maciel, enquanto “A Bagaceira”, de Siba, conduzida pela voz de Babá, evoca a animação das festas populares.

O frevo sempre foi um território de inovação. Dos primeiros blocos ao surgimento de orquestras de pau e corda e dos estandartes coloridos que acompanham os cortejos, a tradição se renova a cada carnaval. A Orquestra de Frevo do Babá entende essa dinâmica e, com “Frevoessência”, equilibra a preservação do passado com a construção do futuro. A faixa “Sobrecú”, de Daniel Breda e Hugo Perez, revela a riqueza dos arranjos e a excelência instrumental do grupo, enquanto “Galícia em Folia”, de Garcia Poeta, encerra o disco com um tributo à universalidade da música.

O frevo enfrenta desafios para se manter no mercado fonográfico. “Atualmente, quase ninguém grava frevo. Isso torna nosso trabalho ainda mais relevante”, afirma Babá. Sem incentivos financeiros, “Frevoessência” surge como um grito de resistência, lançado às vésperas do carnaval, quando o frevo ecoa com mais intensidade pelas ruas de Recife e Olinda. O álbum já está disponível em todas as plataformas digitais, garantindo que qualquer um possa sentir a energia dessa tradição centenária.


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