Trump se rende a Putin e demonstra sua ‘energia masculina’ – 01/03/2025 – Celso Rocha de Barros


Em seu primeiro mês de mandato, Donald Trump demonstrou sua “energia masculina” ameaçando invadir o Panamá e se rendendo incondicionalmente à Rússia.

Na sexta-feira, Trump e seu cúmplice J.D. Vance tentaram humilhar o presidente da Ucrânia no Salão Oval da Casa Branca. Diante das câmeras, e como parte do acordo de rendição americana, trataram Zelenski como se ele fosse um puxa-saco traidor de sua pátria, um Pétain, um Quisling, um Jair Bolsonaro.

Zelenski fez bem em recusar o papel.

Trump ainda fez um desagravo a Putin, que teria sofrido com ele acusações injustas de interferência russa nas eleições em que Trump venceu.

Não acho que Trump seja um agente russo: ele e Putin só são dois fascistas que pensam igual. Mas, Donald, se você quer provar que não é um agente russo, começou mal.

Imagino os fantasmas de Kruschev e Brezhnev vendo a cena no Salão Oval e dizendo: “Bozhe moi! Era só ter esperado eles elegerem alguém suficientemente ladrão!”.

Sim, ladrão. Afinal, Trump não se limitou a amarelar diante de Putin. Ainda exige que a Ucrânia lhe entregue todas as suas riquezas minerais como pagamento pela ajuda militar já prestada, que os Estados Unidos prometeram aos ucranianos que seria gratuita.

Com a vitória na guerra, Putin dá um grande passo no processo de palestinização da Ucrânia: a tomada de seu território de pedaço em pedaço, de guerra em guerra, até que um dia alguém tenha coragem de propor abertamente limpeza étnica e a construção de resorts na praia.

A partilha da Ucrânia entre os regimes de extrema direita russo e americano promete ser um dos espetáculos mais horrendos dos próximos anos.

Vai ter gente na esquerda dizendo que Zelenski era tão ruim que mesmo Trump o abandonou. A minha suspeita, companheiro, é que você tenha escolhido o lado errado da guerra. A menos que você pertença a um desses grupos radicais de esquerda universitária que tenta compensar sua falta de apoio entre as massas trabalhadoras brasileiras defendendo qualquer rival dos Estados Unidos no Twitter.

Alguém pode dizer, mas o plano do Trump não é igual ao do Lula?

Ainda não sabemos o quanto de território a Ucrânia vai perder nem sabemos exatamente o quanto teria perdido nas negociações propostas pelo Brasil ou pela China. Sabemos que nem Lula nem, suspeito eu, a China tentaria roubar as riquezas minerais ucranianas.

E nas negociações propostas por Brasil e China, pelo menos, a Ucrânia estaria na mesa, com apoio americano. Lula, aliás, criticou Trump semana passada por não incluir a Ucrânia nas negociações.

O erro de Lula foi justamente admitir perdas territoriais para a Ucrânia enquanto ela ainda tinha chance de conseguir um acordo melhor com ajuda americana.

Tenho curiosidade sobre o que dirão os direitistas brasileiros com bandeirinha da Ucrânia no perfil de rede social. Imagino que mudarão de assunto como se nada tivesse acontecido.

O que fica claro é que, sob Trump, os Estados Unidos estão deixando de ser um aliado confiável.

A visão de Trump para seu país, seu sonho para a América, é torná-la um ladrão bêbado solto na vizinhança ocidental, prestes a colocar suas armas à disposição de quem subornar mais seu presidente “investindo” em sua memecoin.


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