Yamandú Orsi toma posse no Uruguai – 01/03/2025 – Mundo


O esquerdista Yamandú Orsi toma posse neste sábado (1º) como presidente do Uruguai, marcando o retorno da esquerda ao poder no país latino-americano depois de cinco anos sob a centro-direita de Luis Lacalle Pou no ano em que se comemora 40 anos do fim da ditadura uruguaia.

Herdeiro político de José “Pepe” Mujica, Orsi, que lidera a coalizão de esquerda e centro-esquerda Frente Ampla, venceu as eleições do dia 24 de novembro com cerca de 50% dos votos, derrotando o candidato governista Álvaro Delgado, do Partido Nacional. Após uma transição tranquila, Orsi receberá a faixa de Lacalle Pou e governará o Uruguai até 2030.

A cerimônia de posse começa por volta das 14 horas, horário de Brasília, quando Orsi deve prestar o juramento à Constituição na Assembleia Geral, o Parlamento uruguaio. Depois, na Praça da Independência, em Montevidéu, ocorre a passagem da faixa e o discurso do presidente empossado. O presidente Lula (PT) já está no Uruguai e deve comparecer à cerimônia, assim como o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, do Chile, Gabriel Boric, e o rei da Espanha, Felipe 6º.

Professor de história, Orsi tem 57 anos e foi duas vezes governador do departamento de Canelones, que circunda Montevidéu no mapa e reúne 520 mil habitantes, 15% da população de pouco mais de 3 milhões de pessoas do Uruguai. Ele chega ao cargo máximo da nação com 53% de popularidade e uma série de desafios, como o alto custo de vida e a segurança —este último tema é citado pelos uruguaios como sendo o de maior preocupação, segundo pesquisas eleitorais.

No Uruguai, a taxa de homicídios é de 10,5 por 100.000 habitantes, e a população carcerária é de 445 presos por 100.000 habitantes, a mais alta da América do Sul e a décima mais alta do mundo —no Brasil, esse número era de 389 presos por cada 100 mil habitantes em 2023, segundo relatório da ONG World Prison Brief. Há 663 mil pessoas presas no Brasil, segundo o CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

O futuro presidente pertence à mesma força política de Mujica, o MPP (Movimento de Participação Popular), que, fundado em 1989, marcou a entrada dos ex-guerrilheiros tupamaros na política institucional. Nesse sentido, Orsi é uma renovação de antigos quadros nacionalmente conhecidos, como Tabaré Vázquez, morto em 2020, e Mujica, a velha guarda da esquerda uruguaia.

O novo presidente chega ao poder com seu partido no controle do Senado mas sem maioria na Câmara dos Deputados, onde terá que negociar com a oposição.

A diplomacia brasileira deposita em Orsi esperanças de que ele possa servir como um contraponto ao presidente argentino Javier Milei —o ultraliberal não estará na posse, uma vez que participa da sessão de abertura do ano legislativo no Congresso da Argentina neste sábado.

Também não estarão presentes representantes de Cuba, Venezuela e Nicarágua, ditaduras de esquerda que não foram convidadas à cerimônia por Lacalle Pou. “Ninguém da Venezuela vem”, disse na quinta (27) o futuro ministro das Relações Exteriores, Mario Lubetkin.

O líder opositor Edmundo González, entretanto, está em Montevidéu e foi recebio por Lacalle Pou neste sábado. Sob o presidente de centro-direita, o Uruguai foi um dos primeiros países a rejeitar a suposta vitória do ditador Nicolás Maduro nas eleições presidenciais e reconhecer González como o presidente eleito legítimo.



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