Inflação: veja como substituir ingredientes mais caros – 06/03/2025 – Comida


Uma pesquisa divulgada pela Abras (Associação Brasileira de Supermercados), em fevereiro, demonstrou o que já se sentia no bolso —no acumulado de 12 meses, o café subiu 50,34%.

No levantamento “O Consumo nos Lares Brasileiros”, aumentos também surgiram no açougue: 25,97% para carne de dianteiro, 20,61% para de traseiro e 10,33% para frango congelado. E ovo? Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da USP, entre janeiro e fevereiro, o preço subiu 39,4%.

O azeite começou a recuar a partir da segunda semana de fevereiro, de acordo com a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), mas está longe de deixar a lista de itens que pesam no bolso. O preço subiu tanto em 2024 que, no acumulado de 12 meses, sua alta é de 14,59%.

Preparar refeições substanciosas e saudáveis sem carnes, ovos, azeite e café é um desafio para a maioria dos brasileiros. Mas há algumas saídas apetitosas, como mostram chefs consultados nas sugestões a seguir.

Como bater bolo sem ovos

Eles não são importantes apenas para a estrutura do bolo —conferem leveza, sabor e cor. Quem explica é a chef Heloísa Bacellar, autora do portal nacozinhadahelo.com.br. “No forno, a proteína das claras e das gemas forma cadeias que dão sustentação. Receitas clássicas, como pão de ló, até dispensam fermento.”

Para eliminar o ovo, é preciso incluir uma gordura que impeça a receita de ficar seca. O bolo de gengibre da chef, por exemplo, leva 100 gramas de manteiga para 240 g farinha de trigo, ½ colher (chá) de bicarbonato de sódio e 1 colher (chá) de fermento químico. “No bolo sem ovo, seguir medidas é ainda mais importante.”

Transforme o arroz em prato único

Chef do restaurante Imma, Marcelo Giachini é fã dos mexidões. “Em vez de servir arroz branco como acompanhamento da carne, faça um arroz molhadinho com vegetais esquecidos na geladeira e carnes mais baratas. No restaurante, demos uma sofisticada no arroz de rabada.”

Nem é preciso investir em grãos caros, como os importados para risoto —até sobras de arroz já cozido podem ser aproveitadas. O truque é caprichar no refogado e incorporar carnes de reaproveitamento de sobras, legumes e verduras. “Na hora em que você mistura tudo, parece que fez um risoto”, diz o chef.

Ragu italiano, mas de linguiça

O quilo da linguiça fresca, aquela do churrasco, sai pela metade do preço da carne moída e rende um molho saboroso para macarrão e polenta. A dica é da chef Silvia Percussi, do site lapercussi.com, que ensina a técnica italiana de preparo.

Depois de ferver as linguiças e remover as tripas, pique miudinho, faça um bom refogado e acrescente tomate pelado ou fresco. “Os italianos temperam com semente de erva-doce. Fica pronto em 45 minutos, não precisa de horas no fogo.”

Dose diária de cafeína, mas sem café

Café não é a única bebida quente fonte de cafeína. Segundo a especialista em chá Carla Saueressig, a concentração de cafeína pode variar entre os chás, mas está presente nos brancos, verdes e pretos, desde que sejam da espécie Camellia sinensis.

Infusões de ervas e frutas não valem nesse caso. ‘Ao contrário da cafeína do café, que estimula rapidamente os batimentos cardíacos, a cafeína do chá tem absorção mais tardia e estimula o cérebro’, diz.

Salada bem temperada sem usar azeite

A nutricionista Rachel Campello adverte que trocar o azeite de oliva por outro óleo vegetal não é bom para a saúde. “Ao contrário do azeite extravirgem, os óleos são produzidos por extração mecânica, a quente, e passam por refino, o que gera produtos prejudiciais para a saúde e elimina os nutrientes benéficos.”

As sugestões da chef Elisa Fernandes, que ficou famosa ao vencer a primeira edição do MasterChef, têm acento asiático. A primeira é um molho inspirado no ponzu, que mistura shoyu, sucos de laranja e de limão em partes iguais. “Fica uma delícia com salada de macarrão, ou de legumes crus cortados bem fininho.”

A outra, de sabor agridoce, leva pimenta dedo-de-moça, cebola e alho bem picadinhos e refogados. “Acrescento suco de uma laranja, espero reduzir e junto mel, raspinhas de limão e gengibre ralado.”

Grãos e cogumelos viram hambúrguer

Não entra carne no hambúrguer do restaurante Tavares —o proprietário Ivo Abrahao usa grãos de feijão cozidos como base. Pode ser preto, roxo ou fradinho, mas quem preferir pode usar também lentilha, ervilha ou grão-de-bico.

O ovo, importante para dar liga, é substituído por pasta feita com alguns grãos de feijão, arroz também cozido e um pouco de água, bem batidos no liquidificador. Essa mistura deve ter cerca de 10% do volume de feijão amassado.

Não economize nos temperos: cominho, páprica, cúrcuma, pimenta-do-reino, cebolinha e coentro. “Juntar cogumelos shimeji refogados e picados dá uma boa textura. E pode assar beterraba e misturar, para dar cor.”

Segundo a nutricionista Rachel Campello, a receita é equilibrada. “Quem corta carne e ovos deve garantir o aporte de proteína com leguminosas, oleaginosas, sementes e laticínios.”

Quibe de forno sem carne

Receita árabe que já virou paulistana, o quibe assado tem versão vegetariana, com abóbora cabotiá no papel da carne moída. Chef do restaurante Banana Verde, Priscilla Herrera prefere essa variedade de abóbora por conter menos água. Assada com alecrim e um fio de óleo vegetal, envolta em papel-alumínio, concentra muito sabor.

Depois de refogar a abóbora cozida em cebola e alho-poró e transformá-la em purê, é hora de incorporar o trigo de quibe já hidratado, que pode ser trocado por quinoa com lentilha.

Para temperar, a chef lança mão de salsinha, cebolinha, hortelã, zátar e sal. “Recheio com espinafre e cogumelos refogados e um creme de castanha-de-caju cozida e processada com tofu.” Para Rachel Campello, o resultado é extremamente nutritivo.

Para dias festivos, moqueca de banana

Se a intenção é impressionar gastando pouco, a moqueca de Bela Gil cumpre o papel. Servida em seu restaurante, o Camélia Òdòdó, leva banana-da-terra no lugar de peixe (quatro unidades para receita que rende oito porções).

A chef usa panela de barro e temperos típicos baianos: azeite de dendê, leite de coco e coentro fresco. As bananas são cortadas em tiras. Temperadas com limão, sal e alho, vão para panela formando camadas com cebola e tomate.

Petisco para escoltar a cerveja

Chef do Quincho, Mari Sciotti ensina a ralar abobrinha crua e transformá-la em petisco de boteco. “Aperto sobre uma peneira, para remover o excesso de água, e faço bolinhos com farinha e temperos. Pode até assar na air fryer.”

Ovos costumam ser fundamentais para dar liga, mas tem alternativa: “Funciona misturar mandioquinha cozida à abobrinha. Com farinha e parmesão ralado, é possível dar ponto para modelar.”

Cogumelos carnudos, como shiitake, viram espetinho na churrasqueira —antes de levar à grelha, sele na frigideira com missô, alho, gengibre e shoyu.



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