EUA: Trump excluirá políticas climáticas ‘míopes’ de Biden – 10/03/2025 – Mercado


O secretário de Energia dos Estados Unidos, Chris Wright, prometeu nesta segunda-feira (10), perante líderes da indústria, que o governo de Donald Trump restabelecerá uma política que favoreça os combustíveis fósseis em detrimento das mudanças climáticas, apagando o legado de Joe Biden.

Na sessão inaugural da conferência de energia CERAWeek em Houston, Wright garantiu que Trump reduzirá a burocracia que atrasa os projetos de petróleo e promoverá as exportações de gás natural liquefeito (GNL).

“A administração Trump encerrará as políticas quase religiosas irracionais da administração Biden sobre mudanças climáticas que impuseram sacrifícios intermináveis aos nossos cidadãos”, disse Wright a um auditório lotado.

“É uma honra para mim desempenhar um papel na reversão do que considero ter sido uma direção muito deficiente na política energética. A administração anterior focou de maneira míope nas mudanças climáticas e considerou as pessoas simplesmente como danos colaterais”, acrescentou.

Desde que retornou à Casa Branca há menos de dois meses, Trump sitiou a ordem econômica existente, lançando guerras comerciais contra aliados e neutralizando agências governamentais que não são do seu agrado nem de seus aliados.

Trump fez da energia um tema central de sua agenda com a ordem executiva do primeiro dia intitulada “Liberando a Energia Americana” e a promessa em seu discurso inaugural de “acabar com o Green New Deal” em favor do “ouro líquido”, o petróleo.

Ambientalistas criticaram a mensagem de Wright, que afirmam estar deixando o mundo mais vulnerável a uma mudança climática catastrófica.

O discurso “deixou claro que ele e o restante do governo Trump estão prontos para sacrificar nossas comunidades e o clima pelos lucros da indústria de combustíveis fósseis”, disse Allie Rosenbluth, representante da organização Oil Change International.

UM ANO PARALISADO?

A energia desempenhou um papel fundamental na campanha presidencial de Trump para 2024, na qual ele apontou os preços mais altos da gasolina como uma razão para a necessidade de maior produção, como encapsulado no lema “Drill, baby, drill” (Perfure, baby, perfure, em português).

A ordem executiva de 20 de janeiro de Trump visou desmantelar os incentivos fiscais adotados para que as empresas avançassem em projetos de transição energética, no valor de bilhões de dólares.

Alguns especialistas acreditam que Trump não tomará medidas para cancelar projetos existentes nos quais trabalhadores já foram contratados, incluindo muitos em estados republicanos.

Mas a mudança abrupta de Biden para Trump provavelmente “transformará 2025 em um ano paralisado, onde as pessoas hesitarão em impulsionar qualquer tipo de descarbonização”, estimou Dan Pickering, da empresa de consultoria e investimento Pickering Energy Partners.

CRESCER POR CRESCER

Wright afirmou que os projetos eólicos offshore são um desperdício de dinheiro, “muito impopulares” entre as comunidades.

“Não há forma física de que a energia eólica, solar e as baterias possam substituir os inúmeros usos do gás natural (…) Fui chamado de negacionista das mudanças climáticas ou cético das mudanças climáticas. Isso é um erro. Sou um realista climático”, argumentou.

Em um evento realizado na semana passada na Louisiana, Wright promoveu um anúncio da empresa Venture Global sobre a ampliação de uma instalação de exportação de gás natural liquefeito na Louisiana, por US$ 18 bilhões (R$ 104,3 bi).

Trump ridicularizou as preocupações ambientais que foram centrais para as políticas de Biden, defendendo as exportações de GNL como uma maneira de fortalecer os laços dos EUA com os países importadores de energia e impulsionar a indústria de exploração e produção.

Mas tem havido um ceticismo generalizado sobre a mensagem de Trump que insta a indústria a impulsionar significativamente a exploração de petróleo e gás para elevar a produção e reduzir os preços da energia. Os EUA já estão em níveis recordes de produção de petróleo.

“Perseguir o crescimento pelo simples fato de crescer não tem se mostrado especialmente bem-sucedido para a nossa indústria”, explicou nesta segunda o diretor executivo da Chevron, Mike Wirth.

Ele comentou que muitas grandes empresas já cresceram o suficiente e preferem se estabelecer em um platô de produção e gerar fluxo de caixa em vez de “apenas mais barris”.

Para Wirth, a política energética dos EUA deve ser “consistente e duradoura” e não deve correr o risco “de ser desviada em outra direção por uma futura administração que tenha um ponto de vista diferente”.



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