Goiás implementa identificação biométrica para recém-nascidos

Papais e mamães de Goiás podem respirar aliviados, sem medo ou preocupação se, na hora do parto, seu bebê será trocado ou até mesmo sequestrado por pessoas mal-intencionadas. Isso porque, na última terça-feira, 18 de março, o governador do estado de Goiás, Ronaldo Caiado, anunciou a implementação do Sistema de Identificação Neonatal por meio de identificação digital nas maternidades do estado.

A iniciativa, pioneira no Brasil, visa garantir a segurança dos recém-nascidos desde o momento do parto, prevenindo trocas, sequestros e outras irregularidades. O projeto foi desenvolvido pela Superintendência de Identificação Humana da Polícia Civil de Goiás (PCGO) e promete revolucionar a segurança infantil no estado.

Com o sistema, a Polícia Civil de Goiás, por meio da Superintendência de Identificação Humana, dá um passo inovador na proteção da infância, garantindo a identificação biométrica de recém-nascidos ainda na maternidade.

Com apoio da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), Goiás se torna o primeiro do Brasil a realizar a coleta biométrica da mãe e do bebê imediatamente na sala de parto, eliminando qualquer risco de erro ou troca e reforçando a segurança das famílias. 

O projeto foi apresentado à imprensa em coletiva nesta sexta-feira (21), e teve início no Hospital Estadual e Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, em Goiânia, onde foi realizada a primeira capacitação dos servidores nos dias 19 e 20 de março.

Essa etapa preparatória tem como objetivo testar os sistemas, capacitar as equipes e definir os procedimentos operacionais necessários antes da expansão do programa para outras maternidades estaduais.

No protocolo do Identificação Neonatal Goiás, a biometria é realizada em três etapas: uma coleta inicial na sala de parto, uma segunda coleta na alta hospitalar para confirmar a identidade do bebê e da mãe, garantindo que o vínculo permaneça intacto, e a vinculação dos dados no sistema de identificação civil para a emissão da Carteira de Identidade Nacional (CIN) do bebê.

A iniciativa também possibilita que os pais solicitem o documento ainda na maternidade, evitando deslocamentos futuros e tornando o acesso mais ágil e eficiente. Além disso, serão criadas Salas de Identificação Neonatal dentro das maternidades, oferecendo um ambiente lúdico e acolhedor para proporcionar um atendimento confortável às famílias.

O delegado-geral da PCGO, André Ganga, destacou que a iniciativa amplia a segurança das famílias “do momento do parto até a alta da maternidade”. “A Polícia Civil de Goiás está escrevendo um novo capítulo na identificação civil do Brasil, efetivando o cumprimento do princípio da proteção integral da criança”, declarou.

O superintendente de Identificação Humana de Goiás, Webert Leonardo, afirmou que o projeto visa criar um elo seguro entre mãe e filho, ressaltando que a pele dos recém-nascidos exige equipamentos específicos e delicados para a coleta biométrica. 

“Esse projeto vem sendo idealizado desde 2019 e será implementado gradualmente para garantir a máxima eficiência e segurança”, explicou. O secretário de Saúde do estado, Rasivel dos Reis, destacou a importância dessa iniciativa para a segurança dos bebês, afirmando que os enfermeiros capacitados serão responsáveis pela coleta das digitais.

Karine Silva, de 25 anos, que está grávida de três meses e ainda não sabe o sexo do seu bebê, viu a novidade com bons olhos. Sendo mãe de primeira viagem, ela declarou que a iniciativa a deixa mais segura. “Eu fico muito feliz, né? Imagina poder ter a segurança de que meu bebê não será trocado, como a gente já viu acontecer em Goiás”, afirmou.

Como incentivo à adesão das maternidades, o estado lançará o Selo Maternidade Segura, uma certificação que reconhecerá oficialmente as unidades de saúde que adotarem o programa, reafirmando o compromisso com a segurança e a cidadania dos recém-nascidos. A expectativa é que, até outubro, todas as maternidades da rede pública estadual já estejam operando com o sistema.

Troca de bebês em hospitais de Goiás reforça a importância do projeto 

A tecnologia surge como um avanço crucial para evitar casos como os registrados nos últimos anos envolvendo a troca de bebês em maternidades goianas. A inovação busca eliminar erros humanos que podem acarretar em transtornos irreparáveis para as famílias.

Casos recentes reforçam a necessidade desse sistema. Em Inhumas, região Metropolitana de Goiânia, duas famílias descobriram que tiveram seus bebês trocados no Hospital da Mulher no ano de 2021. A troca só foi identificada três anos depois, em 2024, quando um dos pais solicitou um exame de DNA por suspeitar da paternidade da criança. 

O teste confirmou que o bebê não era seu filho biológico, levando à descoberta do erro. A Polícia Civil investiga o caso, enquanto o hospital afirma estar colaborando com a apuração dos fatos.

Tudo começou quando Cláudio Alves solicitou um exame de DNA após se separar da esposa, Yasmin Kessia da Silva, de 22 anos. Ao receber o resultado de incompatibilidade genética, a mulher também quis refazer o teste, levando à constatação de que o bebê que criava não era biologicamente seu. 

A jovem então lembrou de outra família que estava no hospital no mesmo dia do parto e conseguiu contato com eles. Ao refazerem os exames, Isamara Cristina Mendanha, de 26 anos, e Guilherme Luiz de Souza, de 27, descobriram que o bebê que criavam também não era seu filho biológico.

Outro caso emblemático ocorreu no Hospital de Urgências de Trindade (Hutrin). Um casal descobriu que teve seu bebê trocado logo após o parto no ano de 2019, e a troca foi confirmada por exame de DNA após 18 dias. 

A suspeita começou porque o recém-nascido não apresentava semelhança física com os supostos pais. A mãe, que teve complicações no parto e não pôde ver o bebê imediatamente, recebeu a criança já trocada das mãos da equipe hospitalar.

O delegado responsável pelo caso, André Fernandes, afirmou que a troca ocorreu devido a um erro nas pulseiras de identificação dos bebês. A PC segue investigando para apontar os responsáveis pelo equívoco. Enquanto isso, as famílias enfrentam um turbilhão emocional ao tentarem recuperar seus filhos biológicos.

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