Israel: Presidente critica tratamento de governo a reféns – 25/03/2025 – Mundo


Em um dia de vitória para o governo de Binyamin Netanyahu, com a aprovação do Orçamento de 2025 no Parlamento, o presidente de Israel, Isaac Herzog, criticou a atenção destinada pelo país aos reféns mantidos pelo Hamas na Faixa de Gaza.

“Estou bastante chocado com o fato de que, de repente, a questão dos reféns não está mais no topo da lista de prioridades e das notícias —como isso pode acontecer?” perguntou ele, ao compartilhar na rede social X um vídeo de sua participação em uma conferência internacional organizada pelo Ministério da Defesa na Universidade de Tel Aviv, nesta terça (25).

“Devemos, durante todo este tempo, não perder o contato, como nação e, claro, como sistema de governo, com tudo relacionado a trazer os reféns de volta para casa, até o último deles”, continuou.

Eleito em 2021 pelo Parlamento, Herzog é chefe de Estado de Israel —uma função sobretudo cerimonial—, enquanto o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu chefia o governo —atualmente, o mais à direita da história da nação.

A crítica de Herzog se soma ao protesto que parentes de sequestrados fizeram diante do Parlamento israelense, em Jerusalém, enquanto ocorria a votação do projeto orçamentário. Trata-se de uma vitória para Netanyahu —se o Orçamento não fosse aprovado até 31 de março, haveria eleições antecipadas.

Bibi, como o premiê também é chamado, foi criticado internamente por retomar os bombardeios na Faixa de Gaza na semana passada, rompendo o cessar-fogo que, em janeiro, havia suspendido o conflito de 15 meses no território palestino.

“Este é um orçamento de guerra, e com a ajuda de Deus será um orçamento de vitória”, disse o Ministro das Finanças Bezalel Smotrich, um dos membros mais extremistas do governo de Bibi, momentos antes do início da votação.

O debate, no entanto, ocorreu em uma sessão tumultuada que mostrou como os legisladores e o país continuam divididos sobre o destino dos reféns e o cenário político mais amplo.

Antes da votação, por exemplo, manifestantes do lado de fora tentaram impedir que políticos entrassem no prédio. “Há liberdade de expressão no Estado de Israel, mas ninguém é livre para bloquear à força o processo democrático”, disse Amir Ohana, presidente do Parlamento.

Já durante a sessão, familiares de alguns dos reféns entraram no plenário principal e levantaram cartazes e fotos de seus entes queridos, acompanhados por legisladores da oposição.

Nos quase dois meses em que vigorou, a trégua permitiu a devolução de 25 dos 251 reféns tomados nos atentados de 7 de outubro de 2023 e o retorno oito corpos —em troca, cerca de 2.000 palestinos foram soltos de prisões em Israel.

O retorno dos bombardeios, sob a justificativa de um impasse nas negociações, bloqueou o avanço do cessar-fogo para a segunda fase, na qual outros reféns deveriam ser libertados. Ainda há 59 cativos sob poder do grupo terrorista, dos quais acredita-se que cerca de 24 ainda estejam vivos.

Na quarta-feira (19), dia seguinte aos ataques, grupos de oposição a Netanyahu organizaram a maior manifestação contra o premiê dos últimos meses. O protesto, também diante do Parlamento israelense, contou com a presença dos parentes dos reféns, que criticaram os bombardeios em Gaza.

“Você é o chefe, você tem a culpa” e “você tem sangue nas mãos” eram duas das frases gritadas pelos manifestantes. Outros exibiam cartazes com pedidos para que os Estados Unidos salvassem Israel de Netanyahu.

Os manifestantes acusaram o premiê de aproveitar a guerra contra o Hamas para silenciar as críticas e concentrar o poder nas mãos do governo, enquanto os parentes dos reféns afirmaram que, ao autorizar a retomada dos bombardeios na véspera, Netanyahu sacrificou os reféns ainda vivos, que poderiam ter morrido sob as bombas.



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