Cristiano Kauzner comenta início da carreira e evolução do sertanejo

O cantor Cristiano Kauzner participou na última segunda-feira (24) de uma entrevista no podcast MandaVê, apresentado por Juan Allaesse. Durante a conversa, ele contou sobre o começo na música sertaneja, as dificuldades enfrentadas no início da carreira e a influência da família em sua formação musical. Agora vivendo em Goiânia, o artista também comentou sobre as transformações na indústria da música e a necessidade de adaptação às novas tendências.

Nascido em Três Corações, Minas Gerais, em 10 de novembro de 1982, Carlos Cristiano da Silva cresceu em um ambiente cercado por música. Filho de Leonailda Baltazar da Silva, ele teve contato com a tradição musical desde a infância, especialmente em festas religiosas como a folia de reis. Aos oito anos, já demonstrava interesse pelo sertanejo e, aos nove, começou a se apresentar profissionalmente.

Determinou-se a seguir carreira na música em busca de melhores condições de vida para a família, enfrentando dificuldades financeiras e limitações impostas por uma origem simples. Aos 24 anos, deixou a casa dos pais para tentar consolidar-se como cantor. Passou por diversas cidades em Minas Gerais, São Paulo e Goiás, até se estabelecer em Goiânia, onde encontrou espaço para desenvolver seu trabalho no sertanejo.

Durante a entrevista, o artista revelou detalhes sobre os desafios do início da carreira. Ele começou cantando funk e depois migrou para o pagode, até se firmar no sertanejo. A transição foi marcada por exigências comuns na época, como a necessidade de levar público para garantir apresentações em bares e casas noturnas. “Eu tinha que levar gente para o show. Ficava até quatro horas da manhã esperando para cantar e, mesmo assim, tinha que garantir público para ser chamado de novo”, recordou.

Ele relembrou que, em uma das primeiras oportunidades, recebeu a condição de levar 15 pessoas para poder se apresentar. Conseguiu levar 30. Na vez seguinte, o número aumentou para 80. Esse esforço constante foi determinante para que ganhasse espaço nos palcos de Goiânia.

O cantor destacou que o cenário mudou bastante desde então. Atualmente, plataformas de streaming e redes sociais oferecem maior visibilidade para novos talentos, tornando essa prática menos comum. “Hoje, o cantor não precisa mais levar público para garantir uma apresentação. O mercado mudou muito”, comentou.

Ao abordar a evolução do sertanejo, o músico observou a fusão de estilos que tem marcado o gênero nos últimos anos. Segundo ele, elementos de funk e pop foram incorporados ao sertanejo, criando um novo formato musical. “Hoje, é difícil definir o que é sertanejo puro. A mistura com outros gêneros é cada vez mais evidente”, analisou.

Essa transformação, segundo o artista, trouxe novos desafios para quem deseja se destacar. “Antigamente, você sabia exatamente o que esperar de um show sertanejo ou de pagode. Hoje, os estilos estão mais misturados, e o público tem se adaptado a essa nova realidade”, afirmou. Ele lembrou que a música sertaneja universitária, que marcou os anos 2000, abriu caminho para uma nova abordagem voltada ao público jovem, influenciada pelas redes sociais e pelo consumo rápido de conteúdos musicais.

As redes sociais e os vídeos virais também foram apontados como fatores determinantes para o sucesso de novos artistas. Para o cantor, a possibilidade de viralizar rapidamente pode trazer fama momentânea, mas o desafio está em manter a relevância. “Hoje, um artista pode viralizar com um vídeo simples na internet, mas manter o sucesso é outra história’”, ressaltou.

Cristiano recordou o período em que se apresentava em casas noturnas tradicionais de Goiânia, como Villa Mix, Santa Fé e Sofia. Esses espaços, segundo ele, foram fundamentais para sua formação como artista e para o desenvolvimento de outros nomes do sertanejo. “Esses lugares foram palco para muitos artistas que hoje fazem sucesso. Jorge & Mateus, Gusttavo Lima e Israel Novaes também começaram nessas casas. Foi um período de muita aprendizagem e troca de experiências”, afirmou.

A diminuição de espaços tradicionais para música ao vivo foi apontada como uma das mudanças mais significativas no cenário musical. “Hoje, muitos desses lugares fecharam ou mudaram de perfil. Os bares e boates de antigamente eram fundamentais para o desenvolvimento de novos artistas”, comentou.

Ele também mencionou a perda de espaço de outros gêneros populares, como o axé e o pagode, que tiveram grande impacto nos anos 1990 e início dos anos 2000. “O axé e o pagode marcaram uma geração. Hoje, é difícil ver um artista novo conseguindo o mesmo impacto que bandas como É o Tchan e Terra Samba tiveram na época”, observou.

Sobre o futuro da música sertaneja, o artista acredita que a tendência é uma maior fusão com outros estilos e a adaptação às plataformas digitais. “A música está em constante mudança. O sertanejo sempre teve uma base forte, mas é natural que ele se adapte às novas tendências e ao comportamento do público”, afirmou. Para ele, o caminho para o sucesso na música sertaneja continua sendo a dedicação e a capacidade de adaptação às novas realidades do mercado.

 

 

Adicionar aos favoritos o Link permanente.