Em um mundo onde a comunicação é a chave para o progresso, a falta de conhecimento linguístico ainda aprisiona milhões de pessoas em uma bolha de exclusão silenciosa. A dificuldade em compreender textos, interpretar informações e expressar ideias de maneira clara não é apenas um problema acadêmico, mas uma barreira social e profissional que compromete o desenvolvimento individual e coletivo.
Muitos, envergonhados por não dominarem a leitura e a interpretação, preferem o silêncio à exposição de suas dificuldades. Fingem entender, seguem o fluxo, mas, no fundo,
sentem-se deslocados em um mundo onde as palavras são essenciais para reivindicar direitos, compreender deveres e construir uma visão crítica da realidade. Esse fenômeno gera um ciclo vicioso: a vergonha impede a busca por aprendizado, e a falta de aprendizado reforça a exclusão.
Esse problema não é novo. Graciliano Ramos, em Vidas Secas, imortalizou essa questão na figura de Fabiano. O vaqueiro rude e analfabeto vivia uma vida de submissão, incapaz de se posicionar diante das injustiças que sofria. Sua limitação linguística não era apenas uma questão de escolaridade, mas uma prisão que o impedia de compreender o mundo ao seu redor e de lutar por uma vida melhor. Assim como Fabiano, muitos hoje vivem à margem da sociedade não por falta de capacidade, mas por não dominarem a linguagem necessária para interagir com um mundo cada vez mais complexo.
A comunicação vai além das palavras; é o instrumento que permite interpretar o contexto, discernir entre verdades e manipulações e exercer plenamente a cidadania. A falta de conhecimento linguístico não apenas limita oportunidades, mas também abre caminho para desinformação, alienação e vulnerabilidade social.
Diante desse cenário, é urgente que a educação priorize a formação linguística não apenas nos primeiros anos escolares, mas ao longo de toda a vida. Precisamos transformar a vergonha em incentivo à busca pelo conhecimento, criar espaços acessíveis de aprendizado e combater o preconceito contra aqueles que ainda lutam para se fazer entender. O domínio da linguagem não é um privilégio, mas um direito fundamental. Sem ele, continuaremos condenando muitos Fabianos a uma vida de silêncio e submissão.
Autora:
Sonele Fábia Silva dos Santos
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