Dinheiro rápido ou armadilha?

O novo empréstimo consignado para trabalhadores com carteira assinada, que utiliza o FGTS como garantia, tem atraído milhões de interessados desde o seu lançamento. O Ministério do Trabalho estima que os desembolsos dessa modalidade já ultrapassem R$ 100 bilhões nos primeiros meses, com mais de 40 milhões de simulações realizadas e milhares de contratos fechados. Apesar do acesso facilitado e das taxas de juros reduzidas, especialistas alertam que o custo final da operação pode ser alto, chegando a quatro vezes o valor inicialmente emprestado.

O advogado previdenciarista Jefferson Maleski, explica que a principal vantagem desse crédito é a possibilidade de trabalhadores do setor privado acessarem taxas menores, antes restritas a servidores públicos. No entanto, ele enfatiza que o empréstimo não deve ser encarado como um benefício, mas sim como um compromisso financeiro que pode impactar o orçamento mensal por um longo período.

“Embora os juros sejam mais baixos que os de outras modalidades de crédito, o valor total pago ainda é elevado. Quem pega R$ 80 mil, por exemplo, pode acabar devolvendo R$ 450 mil ao banco ao longo dos anos”, alerta Maleski. Ele destaca que a parcela pode comprometer até 35% do salário, o que exige um planejamento rigoroso para evitar dificuldades financeiras.

Outro ponto de atenção é a relação entre o crédito e o FGTS. Segundo o especialista, ao aderir ao empréstimo, o trabalhador reduz sua reserva futura, que poderia ser utilizada em momentos de necessidade, como na aposentadoria ou em caso de demissão. Se for desligado da empresa antes de quitar a dívida, o saldo do FGTS ficará bloqueado até o limite do débito, podendo ser integralmente utilizado pelo banco para cobrir o empréstimo.

“O trabalhador precisa entender que o valor consignado no FGTS não é o montante emprestado, mas sim a soma total com juros. Se ele pegou R$ 20 mil e, com os juros, a dívida sobe para R$ 60 mil, esse será o valor comprometido no fundo”, esclarece Maleski.

Para quem considera contratar o crédito consignado, o advogado recomenda simular diferentes cenários, comparar as taxas oferecidas pelos bancos e avaliar se a parcela caberá no orçamento sem comprometer despesas essenciais. A decisão deve ser tomada com base em um planejamento financeiro sólido, evitando o risco de superendividamento.

 

 

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