OMS alerta: miopia pode atingir metade da população mundial até 2050

Se você já notou que cada vez mais pessoas ao seu redor usam óculos de grau, saiba que isso não é mera coincidência. A miopia, condição ocular que dificulta enxergar objetos distantes, está se tornando uma preocupação global. Projeções da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, até 2050, aproximadamente 50% da população mundial poderá ser míope.

Especialistas apontam mudanças no estilo de vida como principais responsáveis por esse aumento. O uso excessivo de dispositivos eletrônicos, como smartphones, tablets e computadores, aliado à redução de atividades ao ar livre, tem contribuído significativamente para o avanço da miopia, especialmente entre crianças e adolescentes. Durante a pandemia de COVID-19, por exemplo, um estudo do Conselho Brasileiro de Oftalmologia revelou que sete em cada dez médicos identificaram progressão da condição em crianças, associada ao aumento do tempo de tela e à menor exposição à luz natural.

No Brasil, a situação também preocupa. Atualmente, cerca de 25% da população do país é diagnosticada com miopia, o que equivale a aproximadamente 59 milhões de pessoas. Além disso, uma revisão sistemática apontou que 7,65% das crianças em idade escolar apresentam o problema, ou seja, uma em cada treze.

Medidas preventivas são essenciais

Diante desse cenário, especialistas reforçam a importância da prevenção. A OMS recomenda incentivar crianças a passarem pelo menos duas horas diárias ao ar livre, pois a exposição à luz natural pode retardar o aparecimento da miopia. Além disso, é fundamental estabelecer pausas regulares no uso de telas e realizar exames oftalmológicos periódicos para detectar precocemente possíveis alterações na visão.

Nos consultórios, oftalmologistas já observam esse crescimento acelerado. “A pandemia acelerou esse processo. Com mais tempo dentro de casa, aulas on-line e menos atividades ao ar livre, o número de crianças com miopia aumentou significativamente nos últimos anos”, explica o Dr. Ricardo Filippo, sócio da Clínica Oftalmológica de Campo Grande, no Rio de Janeiro.

O problema vai além da necessidade de óculos. Miopias mais acentuadas, chamadas de miopias altas, estão associadas a um risco maior de doenças oculares graves, como descolamento de retina, catarata precoce e glaucoma. “A preocupação não é só com a quantidade de pessoas míopes, mas com a progressão desses casos. Quanto mais cedo a miopia aparece, maior a chance de evoluir para graus elevados e trazer complicações sérias no futuro”, alerta Filippo.

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Cerca de 25% da população brasileira é diagnosticada com miopia, o que equivale a aproximadamente 59 milhões de pessoas

Diagnóstico precoce da miopia e tratamentos

O diagnóstico precoce faz toda a diferença. Muitos pais só percebem que os filhos têm dificuldades visuais quando o desempenho escolar é afetado. Por isso, o check-up oftalmológico deve ser prioridade desde os primeiros anos de vida. “Muitos pais só percebem que a criança não está enxergando bem quando os sintomas já impactam o desempenho escolar”, reforça Filippo.

Com o avanço da tecnologia, já existem tratamentos para controlar a progressão da miopia, como o uso de colírios específicos, lentes de contato especiais e óculos com design terapêutico. No entanto, especialistas são unânimes: a prevenção ainda é a principal aliada no combate à miopia do futuro.

 

 

 

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