Letalidade do vírus sincicial respiratório em idosos preocupa especialistas

Um estudo conduzido por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Universidade Federal de Santa Catarina, farmacêutica GSK e a empresa IQVIA revelou que a infecção por vírus sincicial respiratório (VSR) tem alta letalidade em idosos no Brasil. Entre 2013 e 2023, quase 26% dos casos registrados nesse grupo resultaram em óbito, sendo que a maioria dos pacientes apresentava comorbidades como doenças cardiovasculares, diabetes e enfermidades pulmonares.

Os dados apontam que, apesar da testagem para VSR ter se tornado mais comum apenas a partir de 2017, a hospitalização de idosos infectados aumentou na última década, passando de 0,3 para 2,1 por 100 mil habitantes. Além disso, 32,6% dos pacientes necessitaram de internação em unidades de terapia intensiva, e quase 70% precisaram de suporte respiratório. Segundo a infectologista Lessandra Michelini, do grupo de pesquisa, a infecção pode descompensar doenças pré-existentes e triplicar o risco de infarto em pacientes com doença arterial coronariana.

A dificuldade no diagnóstico do VSR em adultos também preocupa especialistas. Diferentemente das crianças, que apresentam maior carga viral na orofaringe, os idosos costumam buscar atendimento médico somente quando os sintomas já estão avançados, o que reduz as chances de testagem e tratamento precoce. A baixa testagem pode mascarar a real dimensão do problema e dificultar estratégias de enfrentamento da doença.

A vacinação contra o VSR é uma forma eficaz de prevenção, mas, no Brasil, as duas vacinas disponíveis – Arexvy, da GSK, e Abrysvo, da Pfizer – só podem ser adquiridas na rede privada. O Ministério da Saúde anunciou que, a partir do segundo semestre, o imunizante Abrysvo será incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS), mas inicialmente apenas para gestantes, com o objetivo de proteger recém-nascidos. A ampliação para idosos ainda está em estudo.

Resultados de pesquisas indicam que a vacina Arexvy apresentou 82,6% de eficácia contra infecções no primeiro ano e 94% contra casos graves. Em um estudo realizado em 17 países, cerca de 25 mil idosos foram acompanhados, e a proteção acumulada ao longo de 31 meses foi de 62,9%. Com o aumento dos casos e a alta letalidade da doença, especialistas reforçam a necessidade de ampliar o acesso à vacinação para a população idosa.

 

 

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