Com nomes sem projeção nacional, direita e Bolsonaro precisam de Tarcísio

Com a proximidade das eleições em 2026, governadores iniciam os preparativos para a pré-campanha à presidência da República. A sinalização das pesquisas eleitorais que indicam um crescimento do sentimento antilulista no âmago da sociedade brasileira, tem instigado um posicionamento mais claro por parte das lideranças políticas, especialmente mais à direita. Da manifestação mais espalhafatosa como a do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que já até marcou o evento de lançamento, às mais tímidas como as dos governadores de Minas Gerais e Paraná, Romeu Zema (NOVO) e Ratinho Júnior (PSD) respectivamente, que têm se movimentado mais nos bastidores, demonstram que algum grau de oportunidade enxergam nessa próxima eleição. Dessa forma, mesmo que Tarcísio de Freitas (Republicanos) continue negando que seja candidato à presidência, o que tem sido avaliado é que o único nome viável é o dele.   

Apesar de Caiado, Ratinho e Zema serem lideranças bem avaliadas, precisam vencer suas influências restritas e crescer para fora dos estados que governam. Do ponto de vista nacional, os três não conseguiram se projetar de forma efetiva. De maneira oposta, Tarcísio foi ministro do governo dos ex-presidentes Dilma Rousseff (PT) e Jair Bolsonaro (PL), cresceu politicamente dentro do bolsonarismo (nacional) e conseguiu cativar um amplo eleitorado, com uma parcela significativa de eleitores sem uma ideologia definida, em São Paulo – um dos estados mais relevantes do Brasil. Além disso, conseguiu tirá-lo do PSDB após 30 anos de mandatos da sigla. Ainda que atuante em uma ala mais radical, alcançou a fama de moderado no meio político. Atraindo, inclusive, os seus rivais para uma composição política em sua gestão.   

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Para exemplificar o atual panorama eleitoral, na edição deste final semana, o Jornal O Hoje publicou um resultado de uma ampla pesquisa do Ipespe, que retrata o quadro descrito acima. A pesquisa entrevistou a população brasileira de 16 anos e mais, de todas as regiões do país, entre os dias 20 a 25 de março. Ao analisar um possível cenário em 2026, mostra que, neste momento, 54% reprovam o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto 41% aprovam. Quando questionados sobre quem seria um “bom presidente”, os entrevistados demonstraram pessimismo: Lula tem 57% de avaliação negativa, contra 40% positiva. No entanto, na mesma linha de questionamento, a pesquisa revela que os governadores supracitados também sofreram com a resistência do eleitorado: Tarcísio de Freitas, tem 35% de avaliação positiva e 47% negativa; Ronaldo Caiado, tem 16% de positiva e 63% negativa; Ratinho Júnior, tem 21% de avaliação positiva e 59% negativa; e o Romeu Zema nem sequer foi levado em consideração.   

Dentro da direita o gestor de São Paulo possui a melhor avaliação positiva para quem seria um “bom presidente” e a menor avaliação negativa dentre os governadores de direita. Ademais, apesar de Bolsonaro se colocar como o candidato, há a possibilidade do Supremo Tribunal Federal (STF), o condenar por golpe de Estado. Além disso, o ex-presidente está inelegível por 8 anos. Foi condenado por abuso de poder político no caso em que o ex-mandatário convocou uma reunião com os embaixadores e colocou em dúvida o processo eleitoral brasileiro. Portanto, de uma forma ou de outra, para se livrar de uma exequível prisão ou de uma longa inelegibilidade, precisa de um expoente no Executivo.  

Apontando para um cenário em que se Bolsonaro não apoiar, de forma clara, um nome viável para 2026, corre o risco de cumprir longas penas: tanto por ficar inelegível, quanto por ficar preso. Com um grave risco de cair no ostracismo. Por isso, a avaliação do meio político é que Tarcísio pode significar a sobrevivência política do ex-presidente, ou mesmo para tirá-lo da cadeia, caso seja condenado. 

 

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